A ditadura do OU
Vivemos atualmente um antagonismo de direções: enquanto, por um lado, o mundo migra para conceitos e práticas colaborativas, tais como a economia compartilhada (mercados de redistribuição, lifestyle colaborativo e sistemas de produtos e serviços), por outro lado observa-se o crescimento de uma intolerância individual, presente nas redes sociais, que privilegia a exclusão - a ditadura do "ou" - "ou" isso "ou" aquilo, "ou" esse sistema "ou" o outro, "ou" esse partido político"ou" outro.
Quando antagonizamos desta forma, perdemos muitas oportunidades. Direções opostas nos levam à impotência, à falta de criatividade, à divisão de forças, ao prejuízo, à competitividade implacável e feroz, que deixa feridos e mutilados pelo meio do caminho. Deixamos de evoluir e de aprender, pois a intransigência nos leva à paralisia cognitiva, emocional e espiritual (espiritual, neste contexto, refere-se ao conjunto de valores, crenças e cultura).
Na física aprendemos sobre resistência; e, muito provavelmente, a ditadura do "ou" seja a tal força contrária aos movimentos de colaboração.
É necessário refletir sobre como estamos nos portando em relação às adversidades. Sabemos acolhê-las? Como ensinamos nossos filhos a lidar com elas? Nossas ações são de conciliação ou de conflito? Nossas práticas corporativas são convergentes ou estimulam a competição interna? O quanto de energia vital estamos realmente dispostos a abrir mão?
A potência encontra-se na amplitude do "e", em todas as possibilidades exponenciais que dela derivam. O verdadeiro conceito democrático inclui e, portanto, incompatibiliza-se com a arbitrariedade da ditadura.
O "e" é trabalhoso, porém caminha na direção do entendimento, da harmonia, da construção e da paz!