Diversidade e Inclusão nas empresas: como promovê-las?
por Fabiana Rocha, diretora e sócia da FESA Group
Nesta quinta, dia 05/12, promoveremos de um evento que considero de suma relevância pelo debate que trará: faremos o FESA Experience: Diversidade nos Mercados Financeiro e Tecnologia.
Falar de inclusão é importante em qualquer setor do mercado de trabalho, pois, infelizmente, gaps de inclusão são os mais comuns. Para o evento, teremos um time com muita experiência: além do Jaime Almeida, sócio da FESA e especialista em diversidade, participam também Fernanda Hatanaka (FEBRABAN Educação), Flavia Elizalde (McAfee) e Karina Almeida (BNP Paribas).
No artigo a seguir, vou falar sobre a diversidade especificamente nos cargos de alta liderança e trarei algumas reflexões que fiz sobre o tema.
Diversidade gera mais benefícios
Diversas pesquisas comprovam que ambientes mais diversos geram benefícios para as empresas, inclusive em termos financeiros. Em um levantamento anual realizado pela Deloitte com mais de 350 empresas sobre o investimento em diversidade, equidade e inclusão nas organizações, os dados mostram a opinião positiva dos entrevistados na escala de 90% a 94%. Para eles, ter esse pilar traz benefícios para o negócio, contribui para inovação, gera valor aos negócios, aumenta a atração e retenção de profissionais e melhora a qualidade da força de trabalho.
Por que, então, ainda vemos que existe um gap de inclusão na liderança do mercado financeiro, por exemplo? Eu vejo que temos uma questão histórica, pois ele, ao longo dos anos, foi dominado por homens e isso resultou em uma cultura corporativa que, muitas vezes, não ofereceu o incentivo ou o suporte necessário para que as mulheres alcançassem posições de liderança.
Além disso, a falta de iniciativas de diversidade ou de metas claras para aumentar a participação feminina contribuiu para a manutenção dessa desigualdade ao longo do tempo. É preciso ter um novo olhar para projetos que sejam mais inclusivos, desde o começo daquela pessoa na empresa, e que esse processo continue conforme ela vai se desenvolvendo e conquistando novos espaços e cargos dentro da organização.
Iniciativas sustentáveis
Embora os setores ainda sejam conhecidos por serem mais masculinos, é possível ver que existe um esforço dos envolvidos para mudar essa realidade. Temos visto esforços mais visíveis no mercado financeiro, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Muitas instituições começaram a adotar programas de diversidade e inclusão, estabelecer metas para aumentar a presença de mulheres em cargos de liderança e criar iniciativas como mentorias e capacitações voltadas para o público feminino. Além disso, algumas empresas estão revisando seus processos de recrutamento e promoção para minimizar vieses inconscientes.
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Essas ações são muito bem-vindas e certamente ajudarão a reduzir o gap, mas é preciso salientar que esses esforços nem sempre são consistentes e amplamente aplicados. Em muitos casos, acabam sendo mais simbólicos do que realmente efetivos, sem promover mudanças estruturais significativas.
Para que uma transformação real aconteça, é necessário um compromisso contínuo e genuíno, que vá além de iniciativas pontuais e promova uma mudança cultural dentro das empresas. Embora já se percebam avanços, o ritmo ainda é lento, e o desafio está em garantir que essas iniciativas sejam sustentáveis e tragam resultados concretos no longo prazo.
Agronegócio: exemplo de um setor que vem mudando essa realidade
Por mais árduo que seja reverter essa realidade, alguns setores são a prova de que é possível. Taís Carvalho, sócia da FESA Group responsável pelo setor agro, recentemente publicou uma pesquisa intitulada “Mulheres no agronegócio: principais barreiras para ascensão” e ouviu 100 mulheres que ocupam cargos de liderança, como gerentes, diretoras e CEOs em algumas empresas do setor.
80% das entrevistadas acreditavam que ainda há uma diferença salarial considerável entre homens e mulheres no segmento. Apesar disso, com algumas medidas focadas na melhoria destes resultados, o setor tem conseguido avançar: 64,6% das entrevistadas disseram que o discurso de igualdade de gênero é efetivo na empresa e 80% afirmaram que não são as únicas mulheres em cargo e liderança dentro do negócio.
O que leva alguns mercados a serem mais masculinizados?
Alguns setores, como é o caso do financeiro, foram historicamente moldados por uma cultura predominantemente masculina, o que resultou em estruturas e dinâmicas que favorecem os homens. Por muito tempo, o setor foi associado a características como competitividade e agressividade, que eram vistas como mais compatíveis com os valores masculinos.
Além disso, a falta de políticas inclusivas no passado contribuiu para perpetuar esse desequilíbrio, dificultando a ascensão das mulheres a posições de destaque.
Formas de quebrar barreiras nestes setores
A principal dica é acreditar no seu potencial e buscar sempre o seu desenvolvimento profissional. Também é essencial ser assertiva e demonstrar o seu valor no trabalho. Isso é fundamental para conquistar respeito e credibilidade. Embora o caminho seja cheio de desafios e estereótipos, a persistência é crucial. Enfrentar as dificuldades e provar sua competência é a melhor maneira de mostrar que talento não tem gênero.