DO CÉU AO INFERNO NA ÁFRICA
Carlos Delano Rebouças
Sexta-feira, assisti ao Globo Repórter entusiasmado e cheio de expectativas em conhecer o que um continente como o africano tinha a nos oferecer de encanto e belezas, muito além do que os programas do mundo animal sempre nos mostraram – vegetação árida e rasteira, leões soberanos, hienas oportunistas, elefantes e rinocerontes cobiçados, zebras de cores vivas e contrastantes, e tantos outros que lutam diariamente para sobreviver diante de tantos predadores, inclusive o homem.
Na oportunidade, conheci um outro mundo africano. Cores e formas variadas de uma flora encantadora. Nem parecia aquela já conhecida paisagem árida das savanas, palco de batalha pela sobrevivência de tantas espécies. Vi até lindos lagos cortando rochedos, com cascatas de águas límpidas, que mais parecem uma obra divina, da natureza. Vi também um imenso campo de cores diversas, contrastantes, de magníficas espécies de flores, cujo homem reluta em preservar, quem sabe, ainda o conseguirá por um bom tempo, ante o desinteresse do mundo em relação ao continente esquecido e que tanto foi explorado à exaustão.
Mas não é que essa mãe natureza pareceu logo em seguida, no dia seguinte, para o colonizado irmão Moçambique e algumas outras nações africanas, muito mais uma madrasta, do tipo que quando açoita deixa marcas eternas de dor e sofrimento em um povo que não se cansa de sofrer! De repente passa um ciclone que desabrigou milhões de pessoas e ceifou centenas de vidas numa terra que acumula reveses indigestos, mas que não se cansa de lutar por dias melhores.
Mais de um milhão de crianças desabrigadas à espera de ajuda vinda de todas a parte do mundo. Fome, miséria e doenças que já faziam parte do cenário de um continente, agora, potencializados diante do que muitos nativos, num coro desafinado de dor e sofrimento, chamam de castigo dos deuses, quem sabe, desses mesmos aceitos na visão politeísta comum entre tantos diferentes povos, ou mesmo na de um só Deus, puramente cristão, que já nem sabem mais afirmar se castiga ou não.
Diz o dito popular que depois da tempestade vem a bonança. Esta parece que veio primeiro para mim, contudo, espero que fique apenas no programa de TV, passando a tempestade que tantos prejuízos causou aos irmãos africanos superada rapidamente com muitas bênçãos divinas.