Do meu diário: Reflexões de uma semana cheia de surpresas
Segunda-feira azeda
Minha semana começou azeda. Às 11 horas, recebi uma ligação de um jovem amigo. Estava perplexo, foi demitido com uma semana de empresa.
Fiz coro com ele na perplexidade! “Como assimmmmmm???”
O motivo alegado pelo RH foi que a admissão dele não havia sido alinhada com o CEO, que estava questionando a contratação. Diante disso, uma entrevista foi marcada com o CEO. Logo depois ele foi desligado. Pediu feedback, mas, nada foi dito além do que já haviam alegado.
Sei que sempre é preciso ouvir os dois lados. Cada um tem uma razão para suas ações e decisões. Como aqui não tenho acesso ao lado B, só me resta conjecturar o que na postura do meu amigo poderia ter levado a esta decisão. Será que ele pisou na bola sem se dar conta? Posso até ser suspeita, mas, em uma semana, o que pode ter feito ou dito que causasse impacto tão negativo que não merecesse feedback e realinhamento? Ou algo muito grave aconteceu ou fica para mim a pergunta: Se o RH não tinha autonomia para a decisão, deveria ser ele, o profissional contratado, penalizado por uma decisão errada da empresa? Não seria o caso de fazer acordos, estabelecer compromissos e dar a ele uma chance de mostrar a que veio?
Me perguntou se isso era comum, já que eu sou bem mais velha que ele e experiente no mundo do RH. E não, comum não é, não. Ou será?
Trabalho há muitos anos com recrutamento & seleção e desenvolvimento de pessoas e organizações, vi coisas questionáveis acontecerem, mas não é o ordinário. Ou estarei com a visão enviesada pelas empresas que são minhas clientes e que de fato estão voltadas para uma gestão mais colaborativa e respeitosa? Estarei vivendo na bolha?
Mas, o tal CEO em questão fala nas redes em coragem, transparência, engajamento e diversidade. Declara que sua missão é ajudar indivíduos a se tornarem mais corajosos, mais verdadeiros e mais engajados na busca do que é significativo para alcançar seu pleno potencial.
Será que ele, no caso com o meu amigo, perdeu uma oportunidade?
Terça de feriado
Caminhada na praia, ótima sessão de cinema (Armageddon Time) e papo com amigos à tardinha, deram um respiro na minha inquietação. Chego em casa reenergizada e uma amiga, empresária das boas, me liga indignada. Um do profissionais estratégicos de sua empresa, pediu demissão e disse que precisava sair imediatamente, senão perdia a oportunidade. Como assimmmmmm???
Se você vai perder a oportunidade, deixa ela ir embora. Isso não é oportunidade, é aviso de que você está entrando em uma furada, está ingressando em uma empresa onde se estimula não respeitar os acordos feitos. Quando vejo isso (e isso infelizmente já vi algumas vezes), vou confessar: convoco os deuses da vingança e torço para que o mesmo aconteça com quem colocou esta exigência esdrúxula.
Conecto estas duas experiências frustrantes, tanto para empregadores como para colaboradores.
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E fico cá pensando em que momento nos embrutecemos tanto e empobrecemos nossa humanidade (só para usar o termo em voga: gestão humanizada, liderança humanizada, empresas humanizadas).
Porque parece que está nos faltando o básico, ou será que ando mesmo meio amarga?
Quarta-feira, pós-feriado
Quando o dia começa com pilates, em geral começa bem. Espaço de cuidado, com pessoas do bem e clima de muito afeto. Profissionalismo, então, nem se fala! Agradeço dia sim, dia também, por ter encontrado este Movimento Pilates há uns 15 anos.
Dou os primeiros passos e sinto uns pinguinhos. Estou de sandália e sem guarda-chuva, cedo à preguiça de voltar para casa e exercito minha prepotência: Ah! Não tem problema, a chuva não vai apertar. Uma esquina e meia depois, arrependida, olho o relógio. Se voltar, perco a hora da aula. Procuro um taxi, poucas chances de encontrar. Comprar um guarda -chuva? Lojas ainda fechadas.
Penso: como vou sair dessa? Aí eu olho e vejo a atendente do Bibi parada na porta da lanchonete.
Digo: “Bom dia!”. Após me retribuir o bom dia, eu pergunto: “Você veio trabalhar de guarda-chuva?” Ela me olha, meio desconfiada, mas explico meu problema. Pergunto o que acha de me emprestar seu guarda–chuva por uma hora e meia. Sinto que ela não está segura. Me avisa que deixa o seu serviço as 16 horas. Explico-lhe que minha aula só dura uma hora. Continua pensativa. Toma uma decisão e vai buscar o meu objeto de desejo (e necessidade). Proponho que eu compre o guarda-chuva dela e depois ela o recompre. Me diz que não é necessário. Aposta em mim. Vou feliz e contente para minha aulinha.
No caminho de volta, quebro minha cabeça. Como tornar meu agradecimento visível, palpável? Regina, a generosa atendente, gosta do que? Doce, salgado, flores ...?
Não sei, não nos conhecemos. Ela apenas confiou. Será que eu teria feito o mesmo? E você?
O gesto da Regina me lembrou que, sim, ainda há muita humanidade por aí e não custa caro, não!
Regina, você ganhou o doce, mas, quem “desazedou” a semana fui eu.
Te devo bem mais do que um guarda-chuva!
Bom fim de semana adocicado para você!
Sou sócio-fundador da Advocacia Eny Moreira - Atualmente exerço o cargo de Presidente da Agência do Bem
2 aQue leitura deliciosa. Aqui no escritório, numa tarde chuvosa, foi uma alegria deparar com seu texto... Como sempre digo, você é uma inspiração!
Executiva Jurídico - Governance Officer - Contratos - Societário - Negociação
2 aSuper legal! Ainda resta-nos esperança.
Gerente de Recursos Humanos
2 aQue legal escrever sobre uma dia seu que parecia não dar muito certo e por fim ficar tão gratificada. Sim ainda existe muita "humanidade". Bjs.
📈Executiva, Consultora e Professora de Planejamento, Finanças, Controladoria, Estratégia e Sustentabilidade. 🌎 Conselheira de Empresas (Board Member)
2 aJacque querida, muito legal estas “cenas do cotidiano”. Hora de transformar em livro, ou ter seu próprio blog. Bjs