Do que a gente precisa?
Por Giovanni Perlati
Todo ser humano tem necessidades, que vão desde as mais básicas como as fisiológicas até as mais complexas como a necessidade de pertencimento ou moralidade. O psicólogo americano, Abraham Maslow, um dos mais conhecidos estudiosos das necessidades humanas, criou a teoria da Pirâmide de Maslow que elenca e subdivide as necessidades em blocos e hierarquicamente e, talvez ainda hoje, essa seja uma das principais bases teóricas para compreender o comportamento humano.
A compreensão de que “por traz de todo comportamento existe uma necessidade não atendida” (Marshall Rosemberg) nos leva a refletir muito sobre o comportamento das pessoas que convivemos em nosso cotidiano. Em casa, na rua, na escola ou no trabalho. A todo tempo somos alvo de manifestações claras do não atendimento de necessidades. A mais visível nos dias atuais é a violência em sua forma mais generalista possível. Desde a fala mais ríspida da mãe com o filho bagunceiro, até as ameaças públicas de um presidente dirigidas a um líder de outra nação. A violência, sempre colocada como pano de fundo das crises, na verdade é o maior sinal de uma outra crise: a das necessidades humanas não atendidas.
Nós precisamos ser ouvidos, ainda que ainda não sejamos plenamente capazes de nos expressar. Ouvir é grande urgência humana, pois requer atenção, requer empatia, requer que nos desarmemos, requer que de alguma forma a gente se movimente. Ouvir incomoda e por isso, a gente logo quer dar sugestões, palpites ou até mesmo resolver as coisas pelo outro quando na verdade a maior necessidade é pura e simplesmente ser ouvido.
O que fica é o convite para que por alguns momentos tentemos nos observar mais. Que necessidade não atendida está por trás daquela pessoa de cara fechada? Que necessidade não atendida está por trás da grosseria de um colega? Que necessidade está por trás da insatisfação com um superior? Temos a principal matéria prima para exercitar a observação, as pessoas estão por toda parte e todas, sem exceção, todas elas circulam por aí com necessidades não atendidas.
Ouvir requer também que saibamos extrair da pessoa, qual é essa necessidade. Mas para isso precisamos entender o que ela sente, porque ela está agindo de certa forma. Por traz da violência há sim uma necessidade humana não atendida, o caminho para identifica-la está na escuta, na abertura, na não invasão. Sozinhos não podemos terminar as guerras, mas em nosso convívio podemos dar vazão e acolhimento aos sentimentos e necessidades do outro. Sem conselhos gratuitos, apenas ouça e ofereça atenção.
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