“Quem sou eu diante dessa globalização e qual o sofrimento que ela me causa?”

“Quem sou eu diante dessa globalização e qual o sofrimento que ela me causa?”

Fabiano Luchi Dala Bernardina

 AULA “2” – Trabalho Discente – Texto ROLNIK, S. (1997). Toxicômanos de Identidade Subjetiva em Tempos de Globalização.

O texto da Rolnik, trás um desconforto na alma e uma pergunta que em nossa atualidade não está sendo fácil de responder: quem sou eu diante dessa globalização e qual o sofrimento que ela me causa? O processo histórico do desenvolvimento do sofrimento parece ao mesmo tempo claro e obscuro pelo simples fato que seu experimento é feito pelo ser humano que não é igual e que exposto as mesmas realidades tem suas reações diferenciadas umas das outras demonstrando assim que não podemos aprisionar este sujeito dentro de uma caixa com outros e alcançar de forma assertiva um mesmo comportamento sem notar nuances que precisam ser notadas e levadas em conta para uma clara ideia do que o sofrimento pode causar de sujeito para sujeito.

Como a autora do artigo nos relata existem muitos tipos de drogas sendo oferecidas pela nossa sociedade para tentar conter o sofrimento provocado pela globalização e o esvaziamento e pulverização das identidades próprias criando assim as novas identidades globalizadas flexíveis que se dispõem a mudar de acordo com o movimento social e o mercado ao qual estão inseridas. Essas mudanças causam extremo sofrimento no qual encontramos em nossa clinica pacientes/clientes que dentro das suas demandas não conseguem transpor o sofrimento causado por essa globalização que os desnuda e não se preocupa em vesti-los de novo deixando em situações de vulnerabilidade onde a impulsividade e compulsões vão se tornar a sua forma de gerir o seu ser.

Observo pelo artigo descrito que a globalização além de causar tamanho sofrimento no sujeito também ao seu modo tenta proporcionar tipos de curas ou tratamentos para essa situação sem entender que cada sujeito é um sujeito e mesmo estando inserido em uma mesma sociedade este tem o seu modo operante próprio e um tratamento oferecido observando o todo e não se preocupando com a parte pode na maioria das vezes não trazer resultado e até piorar o quadro de sofrimento do sujeito. Nesse sentido observamos o quanto este sujeito tem buscado ajuda para tentar aliviar seu sofrimento sem compreender que não se busca cura se não se entende quem você é nesse processo.

Nesse sentido observamos as diversas propagandas enganosas oferecidas para tentar aliviar um sofrimento que a meu ver na maioria deles trás ainda mais sofrimento e temos como exemplo: a busca pela indústria farmacológica ou seja o alivio pela medicação, a droga da imagem oferecida pela TV onde tento reproduzir o que a ficção cientifica propõe para aquele momento visto, porém não se faz a leitura que é uma hipótese criada para um programa e não para vida e sua reprodução pode trazer ainda mais sofrimento, a busca pela literatura de auto-ajuda que necessariamente não surtirá efeito com todos se permitirem ser e tentar colocar em pratica sua receita, as tecnologias diet/light a busca por uma suposta perfeição corporal que não é bem fácil e nem possível da mesma forma para todos os sujeitos.

Dentro desta ótica posso observar nesse artigo como no sofrimento acolhido do sujeito na clinica que a globalização não cuida da subjetividade desse ”individuo”, e sim importa-se só com ela mesmo e sua projeção de mercado e não tem tempo de individualizar a história das pessoas que compõem a sociedade que esta globalização se instalou quebrando sem dó e nem piedade as identidades construídas, seus valores, seus conceitos, sua geografia, enfim o cuidar desse sofrimento onde o sujeito se encontra com tantas novas tecnologias se depara no tipo de atendimento clinico que ofereceremos na nossa clinica e como vamos compreender esse sofrimento..

Concluo com a mesma fala da autora desse artigo: “Urge inventar respostas teóricas e pragmáticas para a nova situação que estamos vivendo, respostas que nos curem de seus efeitos traumáticos”. (ROLNIK, p. 7).

Bibliografia

ROLNIK, S. (1997). Toxicômanos de identidade subjetividade em tempo de globalização. In: Cultura e subjetividade. Saberes Nômades, org. Daniel Lins. Papirus, Campinas 1997; pp. 19-24.


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