As dores da alma do negócio

As dores da alma do negócio

Depois de vários anos imerso no mundo corporativo tradicional, conheci e pulei de cabeça no mundo das startups. Foi uma abdução voluntária motivada pelo otimismo com a nova safra de empreendedores que tem o potencial de criar e distribuir valor em maior escala, numa nova forma, mais próspera e duradoura.

Recentemente facilitei uma roda de conversa com duas dezenas de empreendedores que fazem parte de um programa piloto de aceleração, iniciativa pioneira do BNDES. O bate-papo focou nas ‘dores da alma’ das startups.

Na essência, a ‘alma do negócio’ tem a ver com duas coisas: aquilo que as pessoas acreditam e compartilham + a capacidade de realizar coisas significativas juntas.

Num rápido brainstorming com este grupo de empreendedores, as top 3 dores que emergiram foram: ausência de alinhamento entre founders (encabeçando a lista), seguida por gestão de pessoas/relacionamento com os times e work-life balance.

Nada surpreendente. Esse parece ser um sintoma comum no ecossistema das startups. O interessante é notar que as três dores estão no campo relacional: entre sócios, entre times, entre empreendedor e família (e consigo mesmo). Todas tem a ver com skills humanos e, num nível mais granular, estão ligadas à capacidade de se comunicar.

Dando um zoom in no universo amplo da comunicação, vemos que ela se abre na expressão da fala (clareza de intenção, compassividade) e nos listening skills (escuta aberta, suspendendo julgamento). Na minha experiência com empreendedores e times, boa parte das fricções relacionais tem a ver com baixa capacidade de escuta e bloqueios para as chamadas ‘conversas difíceis’. Os bloqueios acumulados no campo relacional distanciam as pessoas e limitam a capacidade dos times colaborarem.

Olhando na perspectiva do copo cheio, essas dores são alavancas para aumentar a potência e o impacto dos empreendedores e seus negócios.

Muitos me perguntam: qual o playbook para fazer isso? Infelizmente não tem caminhos curtos para o desenvolvimento de skills relacionais e emocionais. É trabalho contínuo, para toda a vida, feito on the job. As competências humanas são amadurecidas na prática, com muita presença, auto observação e escuta (de si mesmo e do outro).

Qual o ROI do trabalho de desenvolvimento dessas competências humanas? Quanto vale a saúde da 'alma do negócio'? Qual o valor de um time alinhado, capaz de realizar na máxima potência, com mínimo de fricção no processo? Certamente é uma grandeza imensurável, porque está beyond bottom line. E também porque é a base de existência de qualquer negócio duradouro. 

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Fausto Amadigi :: Sou facilitador de processos, especialista em desenvolvimento organizacional e apaixonado pelo ser humano. Meu propósito é ampliar a capacidade das pessoas de criarem e realizarem coisas significativas juntas.

Rafael Marciano tem como compartilhar com o grupo do Garagem?

Samuel Martins de Souza

Financial Services Risk Management

5 a

Excelentes pontos Fausto! Grande abs

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