E continuamos na Idade Média
Há pouco tempo atrás já postei aqui que ainda vivemos mentalmente na época medieval, haja visto as medidas ‘inteligentes’ tomadas pelas autoridades quando aconteceu a famosa peste negra.
Eu afirmei que a única diferença daquela época para cá é apenas tecnológica, mas não mental, pois atualmente em lugar de carroças temos veículos motorizados, nas comunicações não temos o arauto e o mensageiro à cavalo, mas temos celulares, e que na arte de matar pessoas evoluímos mais ainda, pois agora não precisamos de lanças, espadas e escudos.
Mas uma maioria não concorda. Acha que nós evoluímos de lá para cá.
Assim, é merecido que voltemos ao assunto, pois o que se está fazendo atualmente, em nome de uma pandemia, com o comerciante, com o prestador de um serviço e com aquele que produz para vender é exatamente a mesma coisa o que se fazia na época medieval.
A mentalidade medieval foi muito influenciada por Santo Agostinho (354 d.C – 430 d.C), que apesar de suas importantes colaborações, afirmou: “O comércio em si mesmo, é um mal.” Já São Jerônimo (347 d.C – 420 d.C) falou: “O comerciante dificilmente pode, se é que pode, agradar a Deus.”
Tem-se ainda que se alguém, além de comerciante, fosse capaz de trabalhar bem com o dinheiro este então estava sujeito a toda sorte de perseguição. Claro que primeiramente a perseguição vinha do mundo material, muito mais objetivo ao interesse da autoridade e do populacho, mas vinha também do mundo espiritual, já que além da condenação terrena, o comerciante e esta pessoa estavam condenados a danação eterna. Bem, se alguém duvida vá ver as esculturas e capitéis das igrejas medievais. Lá está a bolsa cheia de dinheiro no pescoço do rico, que, naturalmente, está a caminho do inferno.
A influência mental da condenação ao comerciante estava na igreja, que com o passar do tempo foi perdendo espaço. Hoje, poucos condenam os comerciantes baseados na religião, mas condenam baseados em outras crenças, agora ideológicas. Mas, seja qual for a motivação de condenação, religiosa ou ideológica, a principal razão de se condenar o comerciante e aquele que produz é sempre uma só e, infelizmente, muito humana: a incrível inveja que se tem de alguém que prospera pelo fruto de seu trabalho.
Nesta altura de nossas vidas, com as informações que a sociedade atual tem acesso, já era tempo de se ter dado um passo a mais neste sentido. Mas não, estamos lá, firmes, agarrados mentalmente em nossos antepassados medievais.
Mas, óbvio, que são necessárias ferramentas para esta caçada impiedosa a esta categoria e um ente possui todas para fazê-lo: o estado.
O comerciante está na rua com as portas abertas. O prestador de serviço tem lá, fácil de achar, seu endereço cadastrado. O produtor, seja rural ou industrial, está lá, mais fácil ainda de se achar, pois com drones e satélites é uma moleza.
Então o estado usa toda sua ferramentaria para perseguir esta gente. Com isso satisfaz sua sede insaciável de poder, ao mesmo tempo que aplaca o desejo do populacho em ver esta gente perder tudo que possui. Dá para perceber que é um processo que se auto alimenta?
O estado, incapaz de atender aos reais interesses de uma população, escolhe alguém que não tem praticamente poder nenhum e diz que este é o culpado de todos os males, pois sabe que este alguém não corre risco nenhum de oposição. Este alguém pode ser o comerciante, uma etnia ou ambos ao mesmo tempo. Mas deve-se observar que não há novidade nisto. A história está repleta deste tipo de ação do estado.
O comerciante, o prestador de serviço e o produtor não tem mais voz. No mundo de hoje quem manda é o político, o funcionário público graduado, representante fiel do estado (não tem como ser diferente), o jornalista e mais um monte de gente de outras categorias que nada produzem, mas que vivem pendurados na produção destes que não tem voz e nenhum poder e, pior, inflamam o populacho, cuja mentalidade é medieval, dizendo que estes são os culpados de qualquer problema humano que se tenha.
Então é assim. Tem-se uma pandemia? Acaba com esta categoria que produz e faz comércio que tudo se resolve. Tem-se um problema ambiental? Acaba com esta categoria que produz e faz comércio que tudo se resolve. Tem-se um problema em que todo mundo está de saco cheio de trabalhar? Acaba com esta categoria que produz e faz comércio que tudo se resolve.
Me desculpem, mas não tem como uma sociedade sobreviver a isso...