E, de repente, a SINERGIA.

Fui rapidinho na web e estava lá no dicionário Michaelis on-line

sinergia

1 [Fisiologia] Ação coordenada de dois ou mais órgãos, sistemas ou estruturas anatômicas ou biológicas, na realização de uma função orgânica ou na execução de um movimento.

2 Ação conjunta de forças simultâneas; coesão, cooperação.

3 [Farmácia, Química] Associação dos diferentes princípios ativos de duas ou mais substâncias farmacológicas ou químicas, produzindo um aumento ou potencialização de seu efeito.

4 [Sociologia] Cooperação entre grupos ou pessoas em benefício de um objetivo comum.

Ué??!! Não tinha aquela "famosa definição" que eu queria tanto....

"a soma das partes é maior que o todo".

Vamos escapar dessas definições. O importante é o sentimento, a percepção de quando a sinergia ocorre quando se está realizando uma atividade em grupo.

E, de repente, em uma atividade que eu faço diariamente com mais três pessoas, R.O.L.O.U.

Ela mesmo.

A famosa SINERGIA.

Só para contextualizar, a atividade em questão é a preparação/realização/finalização do almoço, em um restaurante coletivo de uma marca de luxo francesa, para 80/100 pessoas. Em Paris, bien sûr!!

E, ainda para ser mais preciso, com pessoas oriundas de 4 países diferentes com culturas bem distintas.

Não.

Antes de mais nada, é importante esclarecer. A sinergia não aconteceu no primeiro dia de trabalho... Ela foi sendo construída, se posso dizer dessa forma, ao longo dos primeiros 2 meses de trabalho com a mesma equipe.

Após vivenciar essa sensação de forma mais ou menos contínua, comecei a perceber algumas "condições de contorno" para que essa potencial sinergia possa acontecer. Enquanto eu escrevo, essas condições vão "aparecendo" na minha cabeça. Não existe, portanto, um ordenamento destas. Pelo contrário, elas ocorrem "juntas e misturadas".

Mas, sem dúvida, a primeira é E.S.S.E.N.C.I.A.L.!!

Liberdade. Acabe com a lógica de comando-e-controle típica de ambientes hierarquizados. As pessoas devem ter autonomia e responsabilidade para realizar aquilo que é necessário para se alcançar os objetivos da atividade

Curiosidade. Como (todas!!) as coisas funcionam para que aquela atividade? Quais são os processos, quais são as melhores práticas, etc? Sabe aquela curiosidade de criança? Pois é. Precisamos dela para "dominar" o trabalho.

Iniciativa. Não espere que alguém diga (mande!) aquilo que se deve fazer. Afinal, se conhecemos os processos, temos autonomia/responsabilidade e liberdade , podemos realizar tudo aquilo que é necessário sem "ordens" (xô comando-e-controle!!).

Interação. Para trabalharmos de forma cooperativa a conversa deve ser uma constante. E é conversa mesmo!! Afinal, somos seres falantes por natureza. Exige saber falar e escutar (no meu exemplo, onde temos 2 das 4 pessoas da equipe que não dominam 100% o francês (me incluo entre essas duas...) a conversa é constante).

Alterdidatismo. Palavra complicada essa...Mas é aquela capacidade (ou vontade) de aprender com o outro. No meu caso especificamente, como era a primeira vez que eu trabalhava em um restaurante coletivo, aprender com os outros foi, talvez, a única forma de realizar o trabalho.

Confiança. Normalmente não acontece de forma imediata. Vai sendo construída ao longo do tempo. De certa forma, ela não deixa de ser uma consequência da interação contínua e do alterdidatismo.

Hoje, o restaurante coletivo fechou (a empresa mudou de prédio e o serviço de alimentação não será continuado no novo site). A equipe se desfez...

Nos reunimos pela última vez em volta de um excelente bolo xadrez com cobertura de chocolate (esse da foto do artigo!!) feito por uma das integrantes da equipe e um ótimo café espresso. Foi lá que nos "despedimos" sem falar em despedida. (Essa coisa de finitude é um bom assunto para qq dia desses...)

Na segunda começo em um outro restaurante coletivo com uma nova equipe.

Vai rolar a SINERGIA? Não sei.... Quem sabe???