E depois de 30 anos - parte 2

E depois de 30 anos - parte 2

Era algum período no segundo semestre de 1990, eu já tinha passado na primeira sabatina no Banco Itaú e fui direcionado ao RH para pegar a relação de documentos necessários para começar.

1º susto

Entre os documentos tinha que apresentar o de reservista militar, mas eu tinha apenas 17 anos e me apresentaria ao Exército no dia 5 de janeiro de 1991, que seria uma sexta-feira. E agora?

Entrei em contato novamente com a secretária do Diretor e eis que vem o 1º alívio na carreira profissional iniciando: “Marcio, pode ficar tranquilo que quando você conseguir sua dispensa das forças armadas a vaga continua sendo sua”.

 Era uma sexta-feira, dia 5 de janeiro de 1991, peguei uma carona com meu pai (nesse dia ele foi obrigado a sair de casa mais cedo, as 4:30 h, pois seu horário diariamente era as 5h da manhã), que me deixou no quartel do exército, na antiga Avenida Suburbana, entre os bairros de Bonsucesso e Maria da Graça, ali no meu Rio de Janeiro. Quando chegamos já tinha um monte de garotos ali esperando. Entramos e ficamos em uma quadra, até que por volta das 7h da manhã, chega um oficial e começa a falar sobre aqueles que seriam liberados rapidamente, todos os jovens que eram arrimo de família e que estivessem na faculdade, o que não era meu caso. Bate aquele aperto no coração, aquela sensação de que uma boa oportunidade profissional e um sonho podem ser perdidos, então sou chamado junto com outros para o exame médico, já era por volta das 10 h da manhã.

Entra aquele monte de jovens na sala, o médico manda todos ficarem de cuecas e eu naquela agonia da sensação de perder a minha bendita oportunidade, de repente o médico para na minha frente e começa a ficar olhando para os meus olhos e fala: “rapaz eu percebi que seu globo ocular fica tremendo”, eu tenho um pequeno problema de estrabismo (nunca me atrapalhou) e aproveito a deixa: “doutor, eu não enxergo nada”. Ele olha para mim e fala: “você não quer servir?" Então tive a chance em alguns minutos de falar para alguém sobre a minha oportunidade. Ele disse: “ok, então vou te liberar, pois tem muitos meninos que querem servir esse ano”.

Saio do quartel, vou ao orelhão (vocês sabem o que é isso?) ligo para o Banco e aviso ao RH, que sobrei no alistamento, eles me perguntam se me entregaram algum documento, eu aviso que sim e então o RH, pede para que eu me apresente na segunda-feira, 8 de janeiro de 1991 com toda a documentação para começar a trabalhar.

Que alegria, que felicidade, 1ª grande conquista, o menino da favela que foi trabalhar servindo cafezinho para pagar seus estudos, conquista uma vaga em um dos maiores grupos financeiros do Brasil.

Eu estava apenas começando.

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