E Dezembro chegou...
Estamos chegando ao final de um ano que parece que nem existiu. Desde março, fomos forçados a viver uma situação nunca antes imaginada. Ninguém nos deu aviso prévio, não participamos de nenhum treinamento, apenas nos disseram: “Fiquem em casa, usem máscaras, higienização das mãos a cada segundo, e zero convívio social”.
De um modo generalista (para aqueles que respeitaram o isolamento social), as datas comemorativas foram celebradas por intermédio de telas, via transmissão online; o abraço afetuoso, o olhar carinhoso e aquele beijo gostoso ficaram na memória; o aperto de mão parece coisa dos nossos antepassados; o happy hour de sexta-feira, depois daquela semana exaustiva, parece cena de um filme de Hollywood; e o que era para ser mais um ano em nossas vidas, nos fez sentir como se estivéssemos parados no tempo.
Foi um ano cinza, morno, reflexivo. Um ano de lágrimas - de tristeza por aqueles que se foram e de alegria por aqueles que conseguiram vencer a moléstia. Foi um ano de emoções contidas; de sorrisos encobertos por máscaras; de expressões pouco efusivas. Ah! E não podemos esquecer do álcool gel que nos tornou “neuróticos” por limpeza (talvez um TOC que levaremos para o resto de nossas vidas).
Além disso, foi um período de quebradeira geral, empresas falindo, pessoas perdendo o emprego, miséria aumentando e fome para todos os lados. É, 2020 realmente deveria ser riscado do calendário!
Mas eu acredito que toda dificuldade, todo momento de incerteza, de dor e sofrimento, nos traz aprendizados e oportunidades. Muitas pessoas tiveram que se reinventar, achar caminhos diferentes para solucionar a falta de dinheiro, afinal de contas os boletos não entraram na quarentena. A criatividade teve que ser ativada para suprir o bolso vazio. E muitos conseguiram. Outros, nem tanto….
O que eu percebo, de um modo geral, ou pelo menos dentro do meu convívio social, foi a montanha russa de sentimentos e pensamentos que todos estão enfrentando durante esses meses. Cada um dentro do seu próprio carrinho, refletindo sobre os caminhos que o trouxeram até essa etapa da vida e reorganizando os passos para, após a parada final, descer com mais certeza do que deseja para os anos que virão.
Apesar dos pesares, não foi um ano em vão para quem soube utilizar o “tempo livre” para o autoconhecimento. Não, meus amigos, não estou falando de se tornar um ser de luz, de fazer saudação ao sol ou dizer gratiluz a todos (aqui vale lembrar que não é uma crítica para quem faz, pois respeito às pessoas com seus credos e maneiras de ser). O que eu quero dizer é: nesses 259 dias de pandemia (desde dia 17/03), nós fomos obrigados a viver com a nossa própria essência, independente com quem você divide a vida ou se está nessa sozinho. E quer você goste ou não, se olhar no espelho, sem máscaras (e para as mulheres, sem rímel, sombra, batom, blush, corretivo, etc), nos forçou a encarar as nossas mais profundas mazelas, desnudou a nossa alma.
Como na montanha russa, tivemos subidas maravilhosas, fazendo mil cursos, malhando, cuidando da saúde, lives como se não houvesse o amanhã; mas também tivemos quedas vertiginosas, onde o fundo do poço parecia um antigo amigo que veio para nos fazer companhia. É, haja coração e mente sadias para suportam esse up and down que se tornou a nossa existência.
E dezembro chegou…
Depois de todo o aprendizado desse ano, de tantas transformações internas e externas, depois de tantos desafios vencidos, ao olhar para trás o que você enxerga? No dia 31/12/2020, o que você irá agradecer?
Eu não sei vocês, mas, apesar de tudo, da perda do meu tio para a Covid, de tantos amigos infectados, eu irei agradecer o ano que passou. Para mim, foi um ano que eu me redescobri como pessoa e como profissional, que eu aprendi tantas coisas, mas, principalmente, que eu entendi que o presente é o que verdadeiramente importa, pois o meu amanhã depende do que eu faço hoje.
E vocês, como terminam 2020?