E se eu pudesse mudar meus hábitos?

E se eu pudesse mudar meus hábitos?

Acordei cedo da manhã e lembrei que preciso terminar de ler o livro do grupo de estudos até o final de semana, pois segunda teremos que apresentar. Como ainda tenho algumas tarefas pendentes do trabalho, vou deixar para terminar domingo, pois falta bem pouco. Tem mais de uma semana que não vou na academia, poderia ser uma boa ideia aproveitar e ir hoje já que não preciso ir na aula, pois já sei aquela matéria, além do mais, a professora tem a mania de fazer perguntas para os alunos o tempo todo. Se ela ao menos explicasse direito, nós saberíamos o que ela quer que responda. Quando ela pergunta, eu prefiro não responder, até porque acho que ninguém entende o que ela fala, acho que ela não sabe explicar.

Nossa o tempo passou voando, quando me dei conta, o final de semana já havia terminado e fiquei mais uma semana sem ir na academia. Puxa, não acredito que esqueci de ler o livro. Hoje vou ficar de ouvinte mesmo, e acho que não deu tempo para ninguém ler, vou perguntar se o pessoal não quer adiar o encontro para semana que vem, até porque essa semana estou cheio de tarefas pendentes no trabalho. 

Esses pequenos de vários outros exemplos, normalmente começam inocentes, como colocar o despertador no soneca para dormir mais uns minutos. Essas atitudes são algumas vezes explicadas como efeito procrastinador ou comportamento sabotador. Na verdade são hábitos programados para proteger nosso cérebro de ficar constantemente ocupado, consumido por atividades repetidas. 

Essa capacidade nos livra da necessidade de planejar tarefas triviais como tirar a roupa antes de tomar banho, passar a pasta dental para escovar os dentes ou levantar a perna para subir uma escada. Estamos constantemente buscando a próxima atividade a ser automatizada para assim, liberar nosso cérebro para novas rotinas. 

Talvez agora faça mais sentido entender porque sentimos dificuldades de começar ou até mesmo continuar algo que não estamos acostumados. 

 “Somos o que fazemos repetidamente. Por isso o mérito não está na ação e sim no hábito.” ARISTÓTELES

No livro O poder do hábito de Charles Duhigg relata uma pesquisa realizada por pesquisadores do MIT em 1990 através de estudos com ratos sobre o efeito dos gânglios basais em resposta a aprendizagem de novos hábitos. O experimento consistia em manter o rato atrás de uma divisória, que ao aberta, percorria um caminho em formato de “T”, sendo que somente um lado havia sua recompensa. 

Durante os estudos percebeu-se que as atividades cerebrais disparavam em busca da recompensa nas primeiras iterações, e após algumas repetições, elas silenciavam, pois a atividade começava a se tornar automatizada, estabelecendo um padrão, fazendo inclusive que ele chegasse cada vez mais rápido até seu destino final. 

Essa descoberta permitiu que pudéssemos entender que tudo o que fazemos, é simplesmente parte de um hábito. E se pensarmos que nós mesmos programamos essas rotinas, vem a primeira boa notícia, podemos alterar  qualquer comportamento indesejado.

Esse processo é composto por três estágios. O primeiro, que prefiro chamar de “gatilho” é o que dispara seu modo automático. Esse modo automático pode ser físico como levar o garfo para a posição certa da boca ou responder uma operação de multiplicação para quem decorou a tabuada, ou até mesmo o surgimento daquele sentimento negativo quando alguém lhe dirige a palavra pessoalmente ou através de outro meio de comunicação. O último estágio, o qual espero que agora você não se sinta um rato, é a recompensa.

Os três estágios do hábito

Com o passar do tempo, você começa a antecipar esse desejo da recompensa, seja com um doce, uma bebida, uma atividade ou uma emoção. O ciclo contínuo permanece sem perceber os efeitos e o real motivo da repetição, que se tornou mais um processo automático do seu cérebro. 

A outra boa notícia é que agora que você sabe como funciona, pode tomar o controle de volta para si, sendo uma opção, ignorando o hábito indesejado, porém, isso lhe exigirá muito esforço para lutar contra o que foi automatizado. A segunda opção e talvez a mais apropriada é substituindo a sua recompensa. 

Vamos supor um exemplo em que você deseja parar de comer doces. E neste cenário você perceba que seu gatilho de provar mais um delicioso doce, ocorre aproximadamente às 10 horas da manhã. A sua rotina é caminhar até o local onde normalmente você o encontra, para assim realizar o seu desejo, e ter sua recompensa. Se continuarmos neste cenário, imagine que após uma investigação, você descubra que a recompensa não estava no doce e sim em caminhar até o local, pois já estava muito tempo sentado na mesma posição e foi a forma que seu cérebro encontrou para colocar seu corpo em movimento. Agora com o poder desta informação, tudo que precisa é substituir o doce, por alguma outra refeição, um alongamento, uma caminhada ou outra alternativa que lhe traga um maior benefício que o doce.

Como você já sabe por onde começar, como disse Seiiti Arata, “Mude seus hábitos e os seus novos hábitos mudarão você.

 E qual o hábito você vai mudar?

 

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Temos que mudar muitos hábitos e muitas vezes já sabemos até o que deve ser mudado. Talvez mudando a forma de pensar com recompensa seja, uma ótima alternativa!

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