E se os caminhoneiros voltarem a parar? Estagnação econômica, fragilidade do governo e incapacidade de negociação eleva o risco de novo caos.

O prejuízo causado pela paralização dos caminhoneiros foi gigantesco. De lá pra cá, evidencia-se que a situação em nada melhorou. O governo, desde aquela ocasião, não teve sensibilidade e nem planejamento adequado para a solução de problemas econômicos e sociais; ao contrário, mostra-se useiro e vezeiro em criar a cada dia novos problemas e dificuldades.

A questão abrangente relacionada aos caminhoneiros é exemplo do pior dos piores. O crescimento dos anos Lula foi acompanhado por aumento da frota, impulsionado por estímulos aos financiamentos. No segundo governo Dilma, embora não houvesse mais crescimento, criou-se um programa de subsídios e privilégios, após multiplicado pelo congresso nacional, que elevou mais ainda a venda de veículos pesados de transporte rodoviário. Como sempre, não houve qualquer investimento consistente em outras modalidades de transporte.

A partir daí, seguiu-se uma séria paralização e recessão econômica, que tende a se aprofundar ainda mais, na medida em que o governo atual erra a todo momento e não mostra que irá acertar seu rumo, gerando uma crise de confiança e expectativas, mesmo após o sucesso da câmara na aprovação da reforma da previdência. Essa crise já é comprovadamente a mais persistente que já enfrentamos. 

O problema, portanto, não se resolve facilmente. Existe muito caminhão e pouca carga. O preço dos fretes cai cada vez mais, e não há nenhuma forma aparente de solução que não seja a volta do crescimento econômico. 

Como evidenciado pela imprensa na data de ontem (3/9), parte dos caminhoneiros vem planejando manifestações, enquanto outros, principalmente empresas de transporte que ajudaram a eleger o atual governo, ainda insistem nas negociações.

O que se pode dizer, enquanto o governo se afunda em diversas outras crises, é que caso haja nova paralização, será o pior dos mundos, pois o poder de negociação do governo é baixo e a popularidade está reduzida.

Mas ainda pior; os caminhoneiros não tem uma liderança única ou legitimada. Sabe-se que quando não há representação e liderança eficiente e válida, o movimento tende ao anarquismo, como se viu. O desmonte das instituições sindicais tem seu preço.

A saída estaria no crescimento e na retomada do pacto social, e sendo assim, as esperanças seguem cada vez mais corroídas. Tomara até que nada disso possa ser verdade.

Mauro Tavares Cerdeira 


Rúbia Santana

Com mais de 5 anos empreendendo home office com prestação de serviços administrativos, financeiros e de aquisição e licenciamento de sites telecom. #AgilizeVirtual

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Qual seria o papel das ditas pequenas lideranças neste momento? É histórico a rotina de "dividir para conquistar", mas neste caso a coesão já é muito frágil exatamente por falta de lideranças. A divisão da classe ajuda o governo e em contrapartida também o prejudica! Vejo, na minha humilde opinião, o diálogo sempre como um acordo em sí mesmo. O diálogo pelo menos é uma exposição de problemas a serem solucionados. Pequenos líderes conseguiriam ao seu tempo provocar a ideia de diálogo?

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