... e se um dia alguém se sentar à minha frente numa sessão de coaching e disser "o que eu quero é ser feliz!"
Responderei: "Muito bem. O que é para si a felicidade?"
A procura da felicidade é um ideal que nos acompanha ao longo da vida.
Não sei se alguma vez seremos felizes ou se só nos apercebemos que fomos felizes quando fazemos uma análise retrospectiva. Também tenho dúvidas que sejamos capazes de definir a felicidade enquanto conceito, muito menos que exista um conceito universal que se aplique como fórmula mágica a todos os seres humanos.
O coaching é um processo de reflexão criativa que estimula o coachee a desenvolver os meios para uma existência mais pacífica, consigo próprio e com os outros. Eventualmente, ao longo do processo de auto-conhecimento e de auto-análise vai encontrar a sua fórmula, única e exclusiva, para a felicidade.
Será isto suficiente? Não sei. O que eu tenho como certo é que a grande maioria dos adultos associa a felicidade ao trabalho ou ao status ou à imagem que os outros têm de si, isto é, externalizam a felicidade fazendo-a depender de uma conjuntura que raramente controlam.
O sucesso profissional é uma coisa relativa
A nossa preocupação não deve ser a carreira, esse conceito etéreo que nos coloca numa escada que forçosamente temos de subir até que, pelo "princípio de Peter", cheguemos ao patamar que corresponde ao limite da nossa capacidade. Devemos procurar uma paixão, um propósito, algo que dê sentido à nossa vida. Se não encontramos esse desígnio num emprego então procuremos alternativas noutra ocupação ou hobby, remetendo o trabalho para um papel de sustento económico, apenas um meio que nos permite financiar o fim que nos realiza como seres humanos.
O stress não é um símbolo de status
O tempo é um bem escasso que devemos preservar. A nossa cultura valoriza muito as pessoas que trabalham horas sem fim, incluíndo serões e fins-de-semana, como se isso fosse um sinal de dedicação ou responsabilidade. Os nórdicos encaram esta ausência de disciplina como falta de produtividade. Se refletirmos sobre isso percebemos que o stress a que nos submetemos para parecermos mais profissionais (ou porque entendemos que a nossa função a isso obriga) nos remete para um silo claustrofóbico sem portas nem janelas, onde não temos tempo nem espaço para sermos felizes nem para fazermos felizes aqueles que nos rodeiam.
A inteligência emocional é a nossa maior competência
Numa era em que se fala da robotização de tarefas, desde processos fabris a serviços de atendimento ao cliente, passando por coisas tão mirabolantes quanto cirurgias e outros atos médicos, os seres humanos têm de ser proficientes nas soft skills que os diferenciam e que não podem ser replicadas por máquinas. A inteligência emocional pressupõe eficácia na gestão de tempo, capacidade para (re)definir prioridades, coragem para fazer auto-análise e identificar o que está mal com a nossa atitude e com a nossa situação, ousadia para nos impormos limites e construirmos um trilho que é o nosso, não o caminho que nos indica a família, o chefe ou a sociedade em geral.
A felicidade é um work-in-progress
Temos de trabalhar todos os dias para a nossa felicidade, tanto quanto temos de beber água, de comer, de fazer exercício físico, de meditar... Não deve ser necessário esperar pela reforma, pelas férias, pelo fim-de-semana para encontrar um sentido para a vida, para sermos a pessoa que queremos ser e não a personagem que vestimos para desempenhar os papéis que nos são assignados.
O único sonho que devemos cumprir é o nosso
Não podemos ficar reféns dos sonhos dos outros, daqueles projetos pelo quais fomos engolidos ou para onde nos raptaram. Sem querer assumimos na vida uma posição de empregados, nas relações e no trabalho, tomando como certos os deveres e responsabilidades inerente a cada papel, remetendo o nosso "eu" para um canto escondido onde eventualmente ficará esquecido se nada fizermos para o resgatar.
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6 aMuito bom, Paula Costa