E se você deslizar?
Todo mundo está te observando o tempo todo, você sabe disso. Se você é o que é e se aceita como você é, ponto para você. Mas se você vive com medo do que os outros vão achar e faz da sua liderança um teatro, a verdade é que as pessoas vão sentir e a máscara vai cair. Como você lidará com isso?
Por muito tempo me achei autêntica, mas ao longa da minha jornada descobri algo muito curioso sobre mim. Na época de colégio e universidade, nunca tive dificuldade para fazer amizade, mas sentia que as pessoas tinham dificuldade de chegar até mim, quando eu pegava intimidade eu sempre ouvia, “eu te achava metida, mas você não é nada disso”.
No início da minha carreira, eu era a queridinha dos chefes, mas não era muito admirada pelos colegas, bem pelo contrário. Quando comecei a ocupar cargos de liderança aos 26 anos, também tive muita dificuldade, eu sentia que os meus liderados não gostavam de mim, que eles me viam como a menina que cresceu rápido demais.
E quanto mais eu sentia isso, mais eu me fechava e menos eu era a verdadeira Karine, a verdadeira líder que eu queria ser. Fazia o que precisava ser feito, mas carregava muitos medos e vergonhas para parecer forte. Olha aí a máscara.
Quantas vezes deixei de fazer algo como eu pensava, de testar ideias novas por medo de parecerem ridículas, de ser quem eu sou, com medo de errar. Eu anulei a minha autenticidade.
“Pior do que ter medo do que as pessoas irão pensar, é ter medo de ser você mesmo.”
Ainda bem que sempre é tempo para amadurecer, evoluir, mesmo se você considera estar no fim da carreira, ou já ter vivido desse jeito por muito tempo, sempre é tempo de se libertar do que os outros pensam e ser o líder que você gostaria de ser ou de ter tido.
A propósito, você já parou para pensar nisso?
Ser vulnerável é a coragem de ser você, de assumir a sua verdade e agir com ousadia. Para isso precisamos enfrentar as incertezas, a exposição e os riscos emocionais, sabendo que, se você deslizar, ao menos você agiu de forma coerente com que você é ou deseja ser.
Neste exato momento por exemplo, é um desafio escrever esses artigos, milhares de dúvidas surgem querendo me impedir de continuar, “será que vão gostar?”, “será útil?”, “sou boa o suficiente?”.
Não sou líder de uma grande corporação e nunca estive em um cargo de alta liderança. Mas resolvi escrever sobre um tipo de liderança que eu vivo, experencio como consultora de empresas e que acredito ser o tipo de liderança que as empresas precisam. Isso me faz menos apta? Eu decidi que não. Eu decidi criar a oportunidade.
Muitas vezes eu tive vontade de desistir, o que fez a diferença para eu manter o meu propósito e ser consistente neste projeto, foi a coragem para assumir meus sentimentos e enfrentá-los. Se eu não fizer, nunca saberei se teria alcançado o meu objetivo.
“Não rodei milhares de kms nessa vida para ser expectadora nessa jornada, eu decidi ser protagonista.”
A verdade é que a gente não sabe a resposta, se elas forem boas, ótimo, mas se forem ruins, se você fracassar, ou não acontecer como esperava, você acabou de descobrir mais uma maneira de como não fazer, de toda forma você estará mais próximo do seu objetivo.
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Você pode até dizer que vulnerabilidade não é para você, mas o ponto é que não temos como evitá-la, pois quando não aceitamos quem somos, acabamos tomando atitudes incompatíveis com quem nós desejamos ser.
“Quer conhecer um líder, conheça quem ele é no seu pior momento.” (Ricardo Paro)
Uma hora a máscara cai e você estará vulnerável, a questão é, você saberá como reagir quando confrontado?
É o que eu sempre digo, “o que não é de verdade, não se sustenta.”
O que eu quero dizer com esse artigo, não é que, para você ser um bom líder, você precisa se expor indiscriminadamente. Inclusive eu tive essa percepção por muito tempo e não entendia como ser vulnerável poderia fortalecer a minha imagem como líder, como as pessoas iriam querer se inspirar em alguém que em tese, parece fraco.
Por isso vou usar um trecho do livro de Brené Brown, onde ficou tudo claro para mim:
“A vulnerabilidade se baseia na reciprocidade e requer confiança e limites. “
“Vulnerabilidade tem a ver com compartilhar nossos sentimentos e nossas experiências com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los.”
Em uma relação sempre vai ter alguém que vai dar o 1º passo. Agora, para e pensa um pouquinho. Quantos dos seus colaboradores têm medo de não entregar resultados? Quantos têm medo de não corresponder as suas expectativas? Quantos têm medo de ser quem são?
Todos nós temos medos, mas eles não precisam ser o vilão. Eu que atuo diretamente com o marketing de negócios, trabalho com contextos desconhecidos, mas se eu quero ousar, se eu quero fazer a diferença na vida das pessoas, eu preciso ter coragem.
Portanto, você só vai conseguir ter coragem e ousar, se você se expor aos erros, falhas, dividir as inseguranças para testar coisas novas.
Se você quer fazer a diferença na vida das pessoas, quer inspirar as pessoas do seu negócio, quer que elas se sintam fazendo parte, comece sendo você o exemplo, abrace os desafios, encare as falhas como aprendizado, dê o 1º passo.
E não inverte a ordem, a transformação é de dentro para fora.