Educação não tem preço, tem valor
Hoje, 28 de abril, celebramos o Dia Mundial da Educação. A data foi instituída durante o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, no Senegal, e nos convida a refletir sobre o mais poderoso instrumento de transformação social de que dispomos.
O Brasil tem hoje 47,3 milhões de estudantes, considerando os níveis básico e superior. No ensino superior em específico, são pouco mais de 9,4 milhões de pessoas matriculadas, de acordo com o último Censo da Educação Superior (2022). Os números, corroborados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep, dão uma ideia do quanto já caminhamos – e do quanto ainda precisamos caminhar – se queremos, enquanto nação, universalizar uma educação de qualidade.
Digo “enquanto nação” porque a experiência internacional é clara em demonstrar que todo país bem-sucedido na missão de construir um sistema educacional de qualidade encarou esse desafio como um projeto de Estado, não deste ou daquele governo. Veja-se o caso da Finlândia, que possui uma das melhores educações do mundo segundo o PISA, principal ranking mundial sobre o tema.
O Brasil não é um país escandinavo; nossos desafios são maiores e mais complexos. Mesmo assim, temos muito a aprender com as nações que mais avançaram nessa área, a começar pela coragem de destrinchar os aspectos mais espinhosos do debate sobre o futuro da educação.
O Brasil investe em média US$ 4.300/ano por aluno do ensino básico até o final do superior, de acordo com dados da OCDE referentes a 2023. O nosso principal problema não é o subfinanciamento da educação, mas a maneira como a verba do setor é alocada. Estamos preparados para encarar esse problema de frente, de forma madura e responsável?
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Isso me faz refletir sobre minha própria trajetória de vida. Estudei em escolas particulares durante todo o ciclo básico. Prestei o vestibular para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, fui aprovado e, como tantos outros jovens de classe média ou média alta, passei a estudar de graça. Isso é justo em um país tão desigual? Confesso que não tinha essa consciência com 16 anos de idade!
Hoje muitos jovens com as condições que eu tinha quando fiz minha escolha, optam por ir embora do país em busca de mais qualidade. Essas são questões que a sociedade brasileira precisa responder o quanto antes, porque educar é transformar vidas. Quando fecho meus olhos e penso que podemos estar perdendo atratividade para as gerações futuras, fico muito assustado.
Com suas dimensões continentais e desafios regionalizados, nosso país precisa evoluir e já deveria estar discutindo a implantação de currículos por competências, modelos híbridos de aprendizagem, formação de qualidade de nossos professores, uso mais intensivo da tecnologia nas escolas e não ficarmos somente debatendo EAD ou Presencial.
A aprendizagem é um processo sem fim e em constante evolução – ou “lifelong learning”, para citar o termo estrangeiro que ganhou fama no universo pedagógico nos últimos anos. Em um mundo de constantes inovações tecnológicas, encarar a educação como processo permanente é fundamental para corrigirmos eventuais mazelas do atual sistema, desde a evasão escolar (particularmente alta no Ensino Médio) até a preparação de verdade para o mercado de trabalho.
Minha preocupação com esses temas vem do fato de acreditar que a educação é uma das maiores e mais nobres missões de vida – uma missão de vida que abracei com empenho e muito amor. Educação de qualidade não tem preço, mas tem valor, pois ela muda os rumos de uma nação. Que na data de hoje, o Brasil possa refletir sobre essa lição e, enfim, sem medo do bom debate, possa dar ao tema a importância que ele merece, que nossos filhos e netos merecem.
Executive Partner na Horizon Financial Consulting Corporate Founder da CR Claudio Rizzo Desenvolvimento de Negócios
7 mPrezado Marcelo, parabéns pelo texto. Realmente ele contém impressões verdadeiras e relevantes sobre a educação. Entretanto a realidade que estamos enfrentando no mercado hoje é muito preocupante. Com 44 anos de vida acadêmica e profissional na área de Recuperação Empresarial e Gestão de Risco nunca me deparei com o cenário de despreparo e falta de conhecimento dentro das Organizações. É certo que a Universidade existe para desenvolvimento do conhecimento,e sobretudo, pesquisa. Talvez os primeiros anos para capacitação para o mercado e após o ingresso no nível superior propriamente dito seria uma solução. Muitas das situações que nos deparamos são resultado dessa falta de Gestão que erra nos elementos mais básicos e elementares provocando problemas sérios nas empresas. Estratégia então, nem pensar. Literalmente ausente. Precisamos acertar os níveis de aprendizado profissional e acadêmico para uma Formação "up". Saber e aplicar onde um completa o outro. Sei que é uma pessoa aberta ao diálogo e que busca desenvolvimento pessoal, sobretudo, espiritual. Aikido é uma Filosofia e não luta. Portanto é um caminho para essa busca que sempre converge para o único. Um grande abraço.
Presidente Executivo no ISEFAA / Diretor Executivo na RedePolo Brasil / Diretor Executivo na RedePolo Brasil MOZ / Correspondente Internacional - Expansão e Cooperação EAD ( Brasil/África PALOP).
7 mMarcelo Battistella Bueno Muito bom! Gostei muito.
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7 mParabéns Marcelo!
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7 mBrilhante!!! Inspirador!!! Educar é transformar vidas!!!
Professora de Língua Portuguesa e Literatura no Governo do Estado do Rio Grande do Sul
7 mA atual situação das faculdades ministradas pela ânima dizem que elas têm preço, não valor. Só olhar o que você e seus parceiros fizeram com a UniRitter em Porto Alegre, acabaram com o centro universitário e com os campi. Ridículo e hipocrita esse seu post.