Educação pela Mobilidade
Qual o combustível que moverá nossos veículos é uma discussão que está se vulgarizando. Todos fazem suas apostas na redução das emissões de CO2. O bombardeio de informações é enorme e todos apresentam seus fatos com a segurança de que todos também estão certos. Difícil não se perder.
Do poço à roda, ou Well to Wheel em inglês, a jornada pela compreensão tem inúmeros obstáculos como as diversas arquiteturas de powertrain e.g. ICE, HEV, PHEV, BEV e diversas fontes de energias e.g. elétrica, E100, E22, E2. Um mundo em transição, um mundo caótico.
Ahhhh, sim, estava quase esquecendo: existe também interesses econômicos que nem sempre são os mais puros.
Educação
E a educação? Como fica a educação? O mundo das escolas técnicas tem dois lados: dentro dos muros e fora destes.
Muros tem dois lados
Do lado de dentro dos muros, um ambiente onde tenta escrever o melhor currículo que é uma busca frenética que não consegue acompanhar a velocidade do mundo corporativo. Adicionalmente, vive a quantidade de ingressos em forte declínio, altos índices de evasão, em escolas públicas gratuitas e privadas.
Fora dos muros, o mundo é ainda mais árido e estéril. O mercado aguarda, em geral, passivamente e de braços abertos o aluno completo e ele jamais chegará assim, mesmo reconhecendo os problemas do ensino e que podemos e vamos melhorar.
Nem mesmo a mais completa universidade entregará ao mercado o que ele sonha e deseja. E está na hora do mercado também contribuir para reduzir as defasagens, naturais em países de pontas e gritantes em países da periferia - Brasil é periferia se alguém não desconfiou ainda.
Se o engenheiro recém contratado sequer tem tempo para conversar com os colegas mais experientes, como ele irá amadurecer? Eu aprendi muito assim, em uma natural mentoria, quase tanto quanto mergulhado em livros. Afogar engenheiros em trabalho não garante desenvolvimento pessoal. Nem sair correndo fazendo cursos da moda. É preciso respirar.
Em uma analogia com o tratamento térmico, precisa fazer o revenimento do engenheiro. Ele sai da escola cheio de tensões e somente a vivência consolidará o conhecimento.
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Tudo acima vale para as escolas técnicas. O mundo de exatas está desabando nas nossas cabeças.
Engenheiros de todas as idades
Mas não nos limitemos a falar do engenheiro recém-formado, o egresso. Precisamos também abordar o egresso que saiu pelos portões há alguns anos. Como a educação pode alcançá-los?
Dizer a eles, ingressos e egressos de todas os tons (aquele que saiu ontem e aquele que saiu a 10, 20 ou 30 anos) que eles devem ter o protagonismo de suas educação e carreira, embora verdade, também é cruel. Ser simplista ou ser simplório com a tentação de resolver de forma fácil algo que é complexo.
Simplista ou simplório? Quer escolher?
Simplista é aquele que tende a raciocinar ou a agir com simplismo. Já simplório é aquele que é muito crédulo; tolo, ingênuo.
Em que nos esforçamos por acreditar? Acreditamos no que queremos ou em fatos?
Então, se somos eternos alunos, assumindo uma visão ESG robusta, sem abraçar árvores, é que devemos eternamente criar ambientes de aprendizado para todos, de todas as idades, gêneros etc. para o bem do E e do S. A natural defasagem pode ser reduzida.
Não seremos protagonistas em tecnologia. Mas podemos buscar, pelo menos, algum grau de protagonismo. Mais humilde e factível.
Se vai ganhar Carnot e seus ciclos termodinâmicos ou Maxwell e sua eletrodinâmica clássica, não sabemos. Vencerá o melhor modelo de negócio. A voz do vil metal é sempre mais estridente.
Mas cabe aos eternos alunos se preparar para tudo. Mecânico deve saber eletrônica. Eletrônico deve conhecer mecânica. Todos devem dominar software. Física quântica deve ser fundamental. Não falta estudo pela frente.
Engenheiro de Desenvolvimento de Produto e Qualidade | Engenheiro Mecânico
1 aExcelente artigo! Conjecturar com os pés no chão como voce faz com relação ao Tema da Educação e Tecnologia, discutindo os varios aspectos enfrentados por todos os profissionais que lidam com as diversas tecnologias, inovações, nececidade de sempre estar aprendendo numa conjuntura especialmente brasileira sob a luz da "disruptura tecnológica" que estamos vivenciando, nos esclarece e nos prepara para exercitarmos cenarios de situações que definitivamente não fomos preparados a lidar, e que atravez da discução do tema nos instiga a encontrar novos caminhos. Parabéns!
Prof.Titular UTFPR (Tribology)/Pq1D CNPq/Diretor
1 aBelíssimo texto, Mauro Andreassa. As carteiras estão ficando cada dia mais vazias…discutir ensino em engenharia deveria ser o “novo combustível”. Abraço.
Engenheiro Industrial Mecânico Freelance
1 aCorreto, Mauro! Deveria haver mto mais parcerias entre a indústria e as instituições educacionais para preparação de profissionais adaptados às realidades das empresas. A EMBRAER (por favor, corrijam-me se estiver equivocado) é um exemplo de preparação de profissionais técnicos que irá aproveitar depois de formados.
Professor
1 ade acordo Dileto Amigo Mauro !
💡Independência |🛡️Resiliência |🏆Excelência | Chairman
1 aMauro a discussão é longa e merece toda a nossa atenção. Mais uma vez vc traz o debate à tona e com toda propriedade. O colega @madureira já comentou: educação continuada Cada indivíduo deve tomar pra si que não pode esperar aprender tudo rapidamente e de graça. Não existe almoço grátis. A escola deve ter a mesma percepção de continuidade e por toda a vida. Talvez estejamos chegando próximo da ideia de um modelo melhor e mais adequado para a materialidade de nosso país e do momento que vivemos