Educação zero, democracia nem se fala!
Dias atrás participei de uma reunião a distância onde fui convocado por ter domínio pleno do assunto de que tratariam. Senhores muito bem apresentados participaram dessa reunião, senhores de alto cargo hierárquico, diretores, executivos de venda, supervisores e até um presidente. No decorrer da reunião, explicações técnicas acerca do assunto me foram suscitadas, de forma que, respeitando o papel que me fui incumbido, tratei de apresenta-las nos mínimos detalhes, afim de não restar dúvidas acerca do tema.
Após alguns bons minutos falando, sempre calmo, tentando fechar todos os pontos, fui surpreendido por um dos participantes, de cargo de responsabilidade, diga se de passagem, com uma abordagem inesperada, dizendo que eu estava "enrolando" para escapar do assunto. Disse lhe que não estava enrolando, mas que queria deixar claro sobre tudo acerca do tema, então outro argumento me surpreendeu - "não é o que eu quero ouvir".
Meu objeto de estudo, inclusive, trata, em partes, do significado das palavras, entre significados atribuídos e extraídos das próprias palavras e outras coisas mais (Hermenêutica), e tenho certeza de que a expressão colocada, "enrolando", teve o claro objetivo de ofender, de desestabilizar, pois se o objetivo fosse o de requerer algo mais prático, o senhor poderia ter me dito para ser mais direto e não que estava "enrolando". Infelizmente para alguns, técnicos são também acadêmicos, e tem a responsabilidade de sempre tratar com a verdade, expondo, as vezes até exacerbadamente, todos os pontos que lhe são questionados, afim de não restar dúvida sobre o tema.
Enfim, o tratamento dispensado pelo chefe do executivo a imprensa, me lembrou do que me ocorreu nesta reunião de que participei - se não lhe digo o que quer ouvir, então, para você, meus dizeres não prestam, não tem utilidade e portanto você só pedirá para ouvir o que quer ouvir e que com certeza se alinha com as suas certezas, lhe poupa o trabalho de reflexão e lhe dá a falsa sensação êxito. A conversa continuou e sempre que tentava me defender da acusação de estar "enrolando", era novamente interrompido de forma estúpida afirmando que estava sim "enrolando".
Muitos acreditam que pagam muito para ouvir que estão errados, outros agradecem o serviço, pois sabem que com ele aprenderão a não continuar a fazer errado. Muitos ainda, dirão que agi com certa imbecilidade, ou que poderia ter conquistado o cliente dando lhe o sono esperado, aquele que se dorme quando se tem certeza de que não fez nada errado, e apesar de muitos agirem assim, não posso me furtar a agir sempre com a boa fé, com o esperado daqueles profissionais que levam a sério o que fazem, que explicam sempre com o intuito de não restar dúvidas que possam profanar a relação, mas sempre com o objetivo melhorar a relação, é através da verdade que isso se faz, não do sarcasmo ou da mentira.
Primeiro artigo de autoria - Carlos Eduardo Nunes Rezende.