#EForaDaRede: O que eu fiz com meu plano B?
Começando pela Maria Sanini, comunicóloga que, além de uma amiga muito querida, foi quem abriu, literalmente, as portas da sua casa para me receber assim que cheguei em São Paulo.
Maria Sanini, comunicóloga.
1.Quando você percebeu que o estilo de vida que você gostaria de ter já não combinava mais com o trabalho que tinha?
Em 2014 fui para Alter do Chão e a imersão naquele lugar virou uma chavinha sobre questionar alguns hábitos de consumo. Desde então passei a fazer escolhas que deixassem uma pegada ambiental menor. Apesar das minhas escolhas pessoais, meu trabalho ainda estava muito ligado ao estimulo do consumismo desenfreado. Em 2019, eu assistia o céu de SP ficar preto - devido as queimadas na Amazônia - enquanto pensava numa forma de incentivar os clientes de cartão de crédito a gastarem mais! Na mesma época, assisti a primeira temporada de Aruanas e terminei o último episódio aos prantos. Então decidi que não dava pra seguir trabalhando daquela forma.
2. Você se preparou para essa mudança?
Eu já não era CLT. Tinha um emprego com salário fixo e benefícios, mas isso nunca soou como estabilidade pra mim - coisa que meus pais julgavam ser importante pra crescer na vida. Sempre guardei um pouco do meu salário e sabia que pra fazer essa mudança precisaria juntar mais, então me dei um prazo para pedir demissão em 2020. Além de me preparar financeiramente, precisei me preparar emocionalmente, porque eu amava trabalhar e conviver com meus amigos do trabalho. Essa troca, com pessoas com bagagens diferentes das minhas, era uma aula.
3. Qual é o lado “brilho nos olhos” e o lado dolorido desse processo?
Acho que toda mudança de hábito e de rotina é dolorida. E quando envolve dinheiro, o processo ainda ganha um extra de insegurança. Acho que tem muito a ver com os padrões que foram impostos como sucesso profissional, em que cargos e salários maiores devem estar sempre na lista de prioridades, custe o que custar.
Eu optei por rasgar esse plano de carreira, mas segui exercendo a comunicação, ajudando a construir narrativas que o planeta tá precisando. E pela primeira vez consigo ter orgulho do que eu faço. Isso é que faz meus olhos brilharem!
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Agora quem fala com a gente Pati Oliveira, designer. Eu e Pati trabalhamos juntas na mesma equipe na Natura e, no dia que nos conhecemos, ela contou que tinha mudado de carreira. Esse dado ficou aqui na caixola e eu fui saber com ela como foi esse processo.
Patrícia Oliveira, designer.
1. O que te faz mudar de profissão? Você se sentia realizada na função que exercia antes? Esse processo levou quanto tempo?
Eu não sentia prazer em fazer o que eu fazia, apesar de ser muito bem remunerada e ter boas perspectivas de carreira. O processo de transição levou 3 anos, desde quando decidi começar a estudar sobre Design até quando consegui meu primeiro emprego na nova área. E tudo isso aconteceu simultaneamente à um processo de divórcio e ao retorno de Saturno, rs.
2.Você se sentiu medo ou ansiedade por ter que recomeçar? Se sim, como lidou com isso?
Zero medo ou ansiedade. Eu tinha muita certeza que ia dar certo (não que tenha acontecido tudo como eu previa, muito pelo contrário, rs). Acho que foi o período em que eu mais me senti motivada na vida. Finalmente iria trabalhar com criação, que era o que eu sempre quis. Mas eu acho que só tive essa segurança porque tinha uma reserva financeira que ajudaria a complementar minha renda por 1 ano, mais ou menos, caso fosse necessário.
3. Qual conselho daria para quem considera fazer essa mudança ainda em 2022?
Primeiro fazer uma lista de prós e contras, e colocar na balança, pra ver se a mudança é realmente necessária. Acho importante também pensar no futuro. O que a pessoa deseja para o seu futuro, quais são as possibilidades nessa nova área, principalmente se ela não for tão jovem. E depois se programar para essa transição, principalmente se a mudança acarretar uma redução de renda. Você não perguntou, mas eu gostaria de complementar: eu não me arrependo da mudança, mas sinto que deveria ter me programado melhor e optado por outros caminhos.
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Também conversei com a Mariana Coelho, fundadora da que acaba de abrir sua empresa. Eu conheço a Mari faz tempo (da vida de blogayra) e achei mega interessante seu movimento de vida, principalmente agora como “dona e proprietária” de uma empresa para chamar de sua.
Mariana Coelho, fundadora.
1.O que te levou a deixar o crachá e abrir sua própria empresa? Esse processo de decisão foi rápido ou demorou?
O processo de decisão foi longo. Fiquei uns 2 anos ainda empregada numa empresa e pensando se estava na hora, se ia funcionar pra mim… e me planejando. O que me levou a entrar nesse processo foi a busca por um dia a dia em que eu fizesse minha própria a renda e em que pudesse ganhar mais que um salário predeterminado.
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2.Você se preparou para essa mudança? Se sim, como aconteceu?
Sim, organizei meu CNPJ, conversei com pessoas que poderiam ser minhas clientes pra entender melhor as necessidades delas, de que forma eu poderia me apresentar melhor e também saber se tinha espaço pra conseguir clientes de fato uma vez que partisse pra isso.
3. A pandemia teve algum impacto nessa sua decisão? Quais outros fatores foram decisivos para você?
Teve sim. Sempre achei que eu não funcionaria bem trabalhando de home office, sem ter um lugar pra ir todo dia. E isso me travava de investir no meu negócio. Na pandemia, me adaptei a esse formato e isso foi o empurrãozinho que faltava. Outros fatores que foram decisivos: surgiu em mim uma necessidade enorme de ter mais liberdade no meu dia a dia. Fazer meus próprios horários e poder dar a palavra final em certas decisões.
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Trabalhei na mesma agência que a Bia Vieira (só que na sua filial carioca) e foi exatamente esse ofício que ela trocou para ser professora de yoga.
Beatriz Vieira, Professora de Yoga.
1. Quando você percebeu que o estilo de vida que você gostaria de ter já não combinava mais com o trabalho que tinha?
Quando tudo que eu fazia parou de fazer sentido com as escolhas e caminhos que eu queria pra minha vida. Eu tentava ter um consumo consciente, uma vida mais saudável, um cuidado maior com o meio ambiente e tudo que minha profissão fazia era induzir pessoas a comprar mais e mais e manter a roda do capitalismo sempre girando!
2. Você se preparou para essa mudança? Se sim, qual foi a maior liberdade que deixar seu antigo emprego te trouxe?
De certa forma, sim! Eu comecei a fazer o curso de formação de yoga enquanto trabalhava com publicidade, era um caminho que visava a longo tempo, ou como uma forma de mais conhecimento. Com o início da pandemia, comecei a dar aulas para alguns amigos e, em paralelo, surtos e mais surtos no trabalho com a publicidade. Segui nessa jornada dupla por uns 6 meses, até que vi que era possível seguir apenas dando aulas de yoga, e me demiti no final de 2020, começando 2021oficialmente na minha nova profissão! A liberdade que tive foi de realmente me dedicar a algo que fazia sentido pra mim, e não continuar me dividindo em duas e não conseguindo me dedicar a nada 100%.
3. A pandemia impactou seus planos? Como isso aconteceu? Surgiram outras oportunidades?
Impactou de forma muito positiva, foi quando tudo começou a acontecer, talvez em outros momentos, eu não teria tempo de parar e olhar para isso e ainda não teria mudado de profissão, continuaria na rotina louca, apenas vivendo!
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E a gente termina com a Aline Carvalho. Que está começando a viver esses novos passos e é muito interessante observar como os começos também são empolgantes e necessários.
Aline Carvalho, Assistente Educacional.
1. Você gostava da profissão que tinha?
Eu era Auxiliar de ensino, dava aula de inglês e ajudava a coordenação pedagógica de uma escola de idiomas. Agora vou ser assistente técnico educacional no Senac.
Eu gostava da minha profissão, mas queria largar de vez a sala de aula. Adorava dar aula, mas é uma profissão muito desvalorizada, principalmente na instituição que eu trabalhava, não me via fazendo isso até morrer. Mas sempre gostei da área da educação e não pretendo sair dela, só quero ser valorizada e também sempre gostei de tecnologia, inclusive sou graduada em Mecatrônica.
2. E o que te levou a essa mudança de profissão?
Sempre tive o desejo de conciliar tecnologia com a educação. A pandemia fez com que eu ficasse responsável pela migração do curso presencial para o online, na escola que eu estava. Isso fez com que eu me encontrasse e começasse a focar nessa área. Quero trabalhar com tecnologias para o EAD, que acredito que vai dominar uns 90% o ensino daqui uns anos.
Gostou dos depoimentos? Se quiser saber um pouco mais sobre o meu plano B, clica aqui.
Comunicóloga| Redação Criativa e socioambiental | Agrofloresteira | Aberta para freelas
2 aAmei ver essas outras histórias! Muito sucesso pra essa mulherada toda
Tecnologias Educacionais | Design Instrucional | IA | Inovação | LMS | Projetos | TIC
2 aParabéns pelo artigo, Isabel! Fico feliz em ter contribuído um pouquinho.