Existe lugar ideal para trabalhar?

Existe lugar ideal para trabalhar?

Eu não lembro o dia, mas sei que foi ali, logo depois do Carnaval, que eu vi os primeiros álcool em gel chegarem na agência. Na sequência, fomos informados para não usar transporte público (e que a mesma ia auxiliar com o transporte) e, logo em seguida, foi decidido que íamos trabalhar de casa. E lá se vai, 2 anos

Desde então, eu mudei de emprego 3 vezes, voltei para o escritório em plena pandemia, consegui uma ocupação 100% remota, ganhei cadeira e mesa pra trabalhar, comprei cadeira e mesa, surtei, chorei, participei de chá de bebê e aniversários via Zoom e ainda estou me adaptando a essa “nada nova vida” e queria falar um pouco sobre ela com vocês. 


VAMOS LÁ, ANTES DE TUDO ISSO

Eu já tinha trabalhado em casa antes da pandemia. Por quase 2 anos, eu estagiei para uma jornalista/RP/blogueira e eu trampava de segunda a sexta de casa mesmo. Era o meio viável já que ela também trabalhava de casa. A gente se via, pelo menos, uma vez ao mês e tínhamos poucas dificuldades com esse sistema. Aprendi a ter muito mais disciplina e entender que, quando seu lar também é seu espaço de trabalho, você precisa saber impor limites, inclusive em si mesmo.


UMA MUDANÇA SEM PLANEJAMENTO

Por mais que eu já estivesse atenta ao vírus, desde a virada do ano, eu não imaginava, nem nos meus melhores sonhos, o que aconteceria com as nossas vidas. Eu morava em um quarto com banheiro e não tinha nem mesa e cadeira para trabalhar. Por isso, nas 2 semanas que a agência ainda dava a chance de trabalharmos no escritório, eu fui. E ficava praticamente sozinha a maior parte do tempo.

Foi bem nessa hora que eu tive um surto pensando que “as coisas não seriam tão fáceis e tranquilas assim”. Moramos em um país que não é justo, não é fácil e eu só conseguia pensar em tudo isso. Eu nem tinha medo de perder o meu emprego em si, mas como isso afetaria muito, todo mundo.

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UMA ADAPTAÇÃO NECESSÁRIA

Trabalhei os 3 meses seguintes de casa. Ganhei uma mesa e cadeira de uma das meninas da agência (Josi, muito obrigada!) e sofri bastante. Principalmente, porque nesse momento, eu também perdi 3 dos meus chefes mais diretos. A equipe enxuta, pessoas sendo demitidas, pressão para criar coisas “incríveis” sendo que o cliente tirou toda a verba…eu chorei muito durante reuniões e brainstormings (com a câmera desligada, claro) mas, pelo menos, me senti mais segura de não precisar sair de casa em tempos tão incertos.


PRIMEIRA MUDANÇA DE EMPREGO E O RETORNO PARA A “VIDA REAL”

No meio de tudo isso, em maio de 2020, eu recebi um convite quase irrecusável: voltar a trabalhar com beleza em uma marca que estava prestes a nascer. Claro que eu aceitei. Só não sabia que, semanas depois, os meus chefes decidiriam que, em alguns dias, iríamos para o escritório. Esses alguns dias viraram quase todos e, com muita pressa, absolutamente todos. Entre muitas coisas (é história para outro artigo), eu não aguentei e fiquei lá por 4 meses.

Até hoje, me arrependo de ter colocado tanto a minha saúde em risco. Não, as pessoas não se cuidavam 100% e eram bem negligentes com a letalidade do vírus (lembrando que, nessa época, ainda não tinha vacina).


VOLTA PARA CASA

Saí desse emprego e voltei a trabalhar em uma agência. Enfim, ao mesmo tempo, começou a rolar algumas flexibilizações da rotina. Mas a intensidade da incerteza do momento era mais forte e eu entrei em um time que estava se recuperando do seu pior momento de trabalho. 

Cheguei a participar de algumas reuniões presenciais e achei tudo muito comum e diferente. É comum o cafezinho, ter alguém para rir de uma piada, trocar sobre uma ideia sem esperar o retorno em um chat… mas não é comum não poder abraçar as pessoas, falar o tempo todo de máscara, ter medo do mais próximo.

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Presentinhos que recebi ao entrar no meu trabalho mais recente


100% REMOTO

Hoje estou no meu terceiro emprego desde que tudo isso começou e, pela primeira vez, em uma vaga que já nasceu 100% remota. As reuniões em Zoom não me cansam tanto, já sei como o processo criativo pode funcionar mesmo de longe e não me vejo mais encarando transporte público todos os dias para chegar ao trabalho.

Sinto falta de gente? Sinto. De interação e daquelas percepções que só o olhar presencial capta. Mas acho que, tudo tem sua hora e, tá tudo bem se readaptar, encontrar algo novo dentro do que já é conhecido. 

Espero um dia trabalhar de forma mais híbrida, sim, porque acredito que o ofício que exerço precisa sempre exercitar o olhar do outro, observar o que está sendo feito para produzir de forma mais humana e empática.


E vocês, me contem como foram as experiências que tiveram até agora. Vou amar trocar sobre o assunto com vocês.


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