Elastic: The Power of Flexible Thinking
Hoje em dia, é comum termos que mudar constantemente nossa rotina pessoal devido às tecnologias.
Enfrentamos circunstâncias e questões que não existiam há duas décadas.
Nossa capacidade de descartar ideias confortáveis e nos acostumar com a ambiguidade e a contradição tornou-se essencial. O autor chama esse talento de "pensamento flexível" ou "elástico", que nos permite resolver novos problemas enxergando além da ordem existente, ou seja, retirando obstáculos.
O pensamento da rotina é mais linear e organizado, feito pelo cérebro de cima para baixo. Porém, temos o pensamento de baixo para cima, que ocorre quando os neurônios disparam de maneira complexa e sem direção, com a contribuição de centros emocionais do cérebro, dando ideias que parecem disparatadas e que não teriam surgido com o pensamento analítico.
Ao contrário do que se pensa, o ser humano gosta de mudanças e pode ser influenciado tanto pelos genes quanto pela criação, característica que chamamos de "neofilia" ou "amigo do novo".
Nem sempre fomos assim. Há 200 mil anos na África, após uma mudança climática, ficamos próximos da extinção, com apenas 600 indivíduos na nossa espécie, selecionando geneticamente os aventureiros.
Esse gene foi descoberto e se chama DRD4 ou gene receptor da dopamina.
A dopamina é um neurotransmissor relacionado ao sistema de recompensa do cérebro, e existem variantes como DRD4-2R, 3R e assim por diante. A variante DRD4-7R reage de maneira mais fraca à dopamina e precisa de um estímulo mais alto para chegar a um nível satisfatório.
As populações que se afastaram menos da África tinham menos DRD4-7R do que as que se afastaram mais.
O interessante é que podemos estimular nossa genética com fatores ambientais ou epigenéticos, que também podem ser transmitidos.
Pessoas mais jovens são mais neófilas do que pessoas mais velhas.
A abordagem que usamos para resolver problemas varia desde a cognitiva ou flexível, ou apresenta elementos dos dois. Essa abordagem pode mudar se trabalharmos nossa mente.
Em relação ao pensamento, se não incluirmos uma avaliação e gerarmos uma ideia a partir dessa análise, não consideramos pensamento. Portanto, tudo o que um animal faz automaticamente por reflexo não seria pensamento, como, por exemplo, quando um amebóide responde a um gatilho ambiental. Muitas vezes, no dia a dia, agimos sem pensar, de forma roteirizada.
Trazendo isso para nosso cotidiano, se tomarmos mais consciência de nossas decisões, diminuiremos as ações automáticas. Quando meditamos ou fazemos mindfulness, estamos treinando para estar plenamente no presente.
Tarefas que exigem pensamento flexível podem se mostrar tremendamente difíceis para um computador moderno, embora sejam triviais para os humanos, como reconhecer uma cadeira ou um gato.
Ter o intelecto íntegro, ou seja, a parte analítica juntamente com a parte flexível, emocional e motivacional, é essencial para uma boa convivência em sociedade.
Nos últimos tempos, estamos sobrecarregados com tantas opções (por exemplo, quando vamos ao supermercado). Podemos dizer que existem as pessoas maximizadoras, que só decidem quando têm todas as informações e as satisfatórias, e as pessoas satisfeitas, que param na primeira escolha satisfatória ao invés de procurar outra superior.
Talvez, a reserva de energia mental, se satisfazendo com escolhas razoáveis, possa fazer com que as pessoas sejam mais felizes e menos estressadas.
Temos uma área no cérebro chamada núcleo accumbens, responsável por nos fazer buscar a satisfação em coisas como alimentação, água ou contato sexual. Quando essa necessidade é satisfeita, essa área estimula a área tegumentar ventral, que faz diminuir o estímulo de busca. Por isso, quando estamos com sede e bebemos água, o último gole do copo já não nos dá tanto prazer quanto o primeiro.
No entanto, um alto grau de necessidade de recompensa pode colocar nossa vida em risco. Portanto, podemos atingir o equilíbrio por meio da consciência dessa impulsividade.
Nosso cérebro faz associações de ideias aparentemente não relacionadas.
O exercício mental flexível, quando usamos as redes neurais, é intrinsecamente gratificante. O cérebro cria significado nos estímulos, como o som de uma campainha, que nos permite processar a informação e calcular a resposta apropriada.
Algumas pessoas veem cores ao som de uma campainha. Além disso, os estímulos imprimem significados nos mamíferos, com associações que nos permitem pensar, por exemplo, se é aquele advogado de novo que está tocando a campainha.
Os cientistas chamam de "neurônios conceituais" aqueles que se relacionam em rede e são ativados quando queremos responder a alguma pergunta ou precisamos de informações, evocando conceitos com base em associações. Graças a essa rede, podemos ser criativos.
Temos uma parte do cérebro mais externa, chamada córtex, e uma parte anterior chamada córtex pré-frontal, que supervisiona o pensamento e as tomadas de decisão, identificando objetivos, orientando a atenção e o planejamento. Essa parte do cérebro, o cérebro executivo, pode barrar o pensamento original quando ele atrapalha, ou, em momentos de relaxamento, pode descansar, permitindo que as ideias venham de baixo para cima, ao invés de cima para baixo. Por isso, podemos criar conceitos e abordagens na resolução de problemas.
No mundo corporativo, é mais valorizado o pensamento de cima para baixo, não se valorizando o pensamento criativo e flexível. A maneira como um tema é abordado tem consequências na sua análise. O autor propõe charadas para ver como podemos sair do pensamento tradicional e sermos criativos na resolução de problemas.
Veja estas charadas
As charadas apresentam imagens mentais que podem induzir ao erro, mas a resolução depende de interpretar as informações de forma correta.
Muita da nossa capacidade de representação vem de estímulos externos, como a cultura, normas profissionais e sociais.
Nossa inteligência está relacionada à conectividade do cérebro, em que várias coalizões de estruturas produzem suas funções. O papel de cada estrutura pode variar dependendo de qual coalizão estiver ativada.
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Quando bloqueamos o estímulo externo, o cérebro pode olhar para o interior e as redes neurais podem explorar os enormes bancos de dados de conhecimento, memórias e sentimentos armazenados, combinando conceitos e estabelecendo conexões que normalmente não faríamos.
Por isso, é importante descansar, devanear e fazer caminhadas para gerar ideias.
Alguns números
Cinquenta e oito por cento dos adultos verificam o celular uma vez por hora, enquanto jovens entre 18 e 24 anos trocam 110 mensagens de texto por dia.
Apesar de ficarmos mais próximos da família, 73% das pessoas entram em pânico se não conseguem encontrar o celular. Essa dependência é muito parecida com a dependência química. Depois de algum tempo, você fica viciado com essa descarga no circuito de recompensa e fica entediado quando isso não acontece.
Essa dependência causa diminuição do tempo ocioso, que é o momento da criatividade. A mente relaxada explora novas ideias.
A capacidade da linguagem
Na linguagem, em vez de buscar o significado de cada palavra, nosso cérebro busca o sentido integral. Pense na frase "O professor de culinária disse que as crianças demoram mais tempo para cozinhar" e compare com "O canibal disse que as crianças demoram mais tempo para cozinhar".
Em relação ao insight, o autor começa diferenciando da ideia.
A ideia é algo simples, cuja complexidade pode estar em um único pensamento, enquanto o insight é uma ideia que representa uma maneira original e frutífera de entender um assunto e abordar um problema.
O hemisfério direito é utilizado para as metáforas, quando precisamos entender algo de uma forma não habitual, e tem um papel importante no insight.
Quando tentamos resolver um problema, o cérebro procura soluções buscando seu significado. Através da ressonância funcional, eles descobriram que o cérebro esquerdo busca por associações óbvias e o cérebro direito busca por associações mais obscuras.
Quando você resolve um problema pela primeira vez, seu cérebro apresenta o foco estreito. Ignora ideias estranhas e direciona para uma percepção consistente mais lógica. Portanto, os palpites do cérebro esquerdo chegam antes ao consciente. Isso faz sentido porque, em geral, as ideias tradicionais são suficientes. Se for necessário pensar em mais ideias, então o hemisfério direito (mais precisamente o córtex cingulado anterior) atua dando sugestões.
Aumentar nosso grau de atenção plena é uma boa maneira de ativar o insight ou ajustar as condições externas, como ficar em um quarto escuro, ambientes mais amplos e tetos mais altos. Em um ambiente muito claro, é difícil não prestar atenção nos objetos ao redor.
A capacidade do pensamento
O pensamento cristalizado ocorre quando temos um pensamento fixo ao abordar um problema, o que pode acontecer com especialistas que enfrentam obstáculos para aceitar ou criar novas ideias.
A maioria dos erros médicos decorre de decisões apressadas baseadas em experiências anteriores.
Por outro lado, médicos novatos podem ter uma mente mais aberta para casos incomuns. Ter dissensos pode ajudar a ter um pensamento mais flexível, desde que não ocorra em um ambiente de autoridade. Quando precisamos ter ideias, podemos ter uma cabeça mais imatura, como as crianças, relaxando as inibições.
Pessoas mais flexíveis tendem a ser excêntricas, pois diminuem o filtro cognitivo do cérebro e têm a atividade do córtex pré-frontal reduzida.
Em 2015, um grupo de pesquisadores franceses descobriu que, quando a capacidade do indivíduo para funções executivas estava esgotada, tanto o número total de usos imagináveis para uma série de utensílios domésticos quanto sua originalidade eram significativamente maiores.
Se você é uma pessoa mais produtiva na parte da manhã ou na parte da tarde, na outra ponta do dia pode estar seu período de maior criatividade ou de flexibilidade cerebral.
Cientistas que estudavam a longevidade tiveram a oportunidade de ter acesso a ensaios de um grupo de freiras e a conclusão foi espantosa: as freiras que tiveram vidas mais positivas viveram cerca de 10 anos a mais do que as outras.
As emoções negativas, como medo, raiva, tristeza e nojo, estão associadas a um impulso para agirmos de uma maneira específica porque há algo de errado.
A raiva nos dá coragem para atacar, o medo para fugir e o nojo faz cuspir. Mas não temos uma reação específica quando pensamos em felicidade ou gratidão.
Portanto, o mau humor estimula o pensamento analítico e não flexível.
O pensamento positivo nos permite ampliar a gama de possibilidades, estimula novos relacionamentos e a exploração do meio. Por isso, é bom treinarmos a gratidão, a generosidade e eliminar ciclos negativos de pensamento, aceitando-os sem suprimi-los imediatamente e imaginando que é um amigo que está tendo esse pensamento e tentando dar conselhos a ele.
Com essas estratégias, podemos ajudar nosso cérebro a se adaptar às mudanças com o pensamento flexível tão necessário nos dias atuais.