Em qual futuro queremos investir?
Semana passada estive no evento Converge Capital Conference na Casa Firjan. Um espaço novo de eventos muito agradável de arquitetura contemporânea construído ao lado da casa restaurada da família Guinle.
O Converge Capital Conference, organizado com uma ótima curadoria da Marina Cançado, se propôs a reunir integrantes de famílias investidoras, executivos de Family Offices, Institutos e Fundações, para despertar a consciência de investimentos responsáveis e debater investimentos que impactam os desafios ambientais e sociais brasileiros e globais.
O primeiro dia do evento estava muito orientado para a conscientização do papel que os investimentos financeiros tem na construção de um futuro sustentável. Ao escolher onde investir estamos nutrindo um ou outro mundo. Em que mundo seu capital esta investindo?
A nova lógica não apenas considera risco e retorno financeiro mas amplia a análise para integrar também os riscos e retornos sociais e ambientais. Evidenciamos ao longo do evento que já temos relevantes investidores globais se movendo na direção de investir de forma mais responsável através de portfolios de investimento que integrem rentabilidade, sustentabilidade e impacto.
Depois de um balanço em relação aos esforços de alinhamento aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentáveis ( ODSs ou SDGs sigla em Inglês) e dos avanços da iniciativa Pacto Global no Brasil, que engaja empresas no desafio de reduzir sua emissões de carbono, apresentaram-se três interessantes especialistas em futuro: Gerd Leonhard, Jaqueline Weigel e Sohail Inayatullah. Estes falaram do desafio de conciliar tecnologia e humanidade, dos desafios éticos em tempos digitais, de estabelecer novas narrativas capazes de transformar a cultura e principalmente sobre criar os futuros desejáveis.
A seguir o evento se desdobrou em duas trilhas, uma em investimentos de impacto ambiental, que tratou de diversas questões relacionadas a Amazônia, mudanças climáticas e otimização do agronegócio através da agricultura regenerativa. Tratou também da preservação de biomas,da dinâmica econômica do século 21 e o futuro do mercado de carbono. A outra trilha foi mais focada no ecossistema de investimentos de impacto sociais abordando inovação e tecnologia para a resolução de problemas sociais complexos. Soluções e formas de investir com propósito foram abordadas por painelistas empreendedores sociais, investidores de impacto, gestores de fundos de Venture Capital e aceleradoras. Estes painelistas trouxeram exemplos distintos, de formas de investimentos financeiros em diferentes classes de ativos , clubes de investimento de impacto, fundos e até investimentos filantrópicos. O novo mindset considera People, Planet, Purpose and Prosperity e demonstra como a indústria de gestão de ativos financeiros relevantes esta mudando globalmente para atender as demandas por investimentos responsáveis, sustentáveis e de impacto socioambiental.
Amit Bouri do Global Impact Network falou em como integrar investimento a proposito social e escalar com integridade: Money can do more than just Money
Para ousar e apostar em Investimentos de Impacto recomenda-se destinar um percentual de 1 a 3% do seu portfolio (proposta do ICE no Brasil) o que já seria um injeção significativa de recursos para melhorias sociais. Sabemos que recursos apenas de governos ou filantrópicos não são suficientes para dar conta dos gigantescos desafios sociais na busca de maior redução das desigualdades, melhoria da educação e todos outros ODSs. Portanto a migração de ativos financeiros privados para fomentar as mudanças que queremos no futuro desejável é imprescindível.
O case do Capricorn Investiment Group é um benchmark de investimento sustentável pois fez a integração da gestão de recurso de um fundo Endowment que gerava os recursos para a destinação filantrópica da fundação Skoll com todos os ativos deste fundo que passaram a ser Investimentos de Impacto com retorno. Iniciaram por um negative screening descartando investimentos em petróleo, óleo e gás ou outros ativos de impacto negativo e migraram para ativos com intencionalidade e aplicaram em hedge funds de ESG ( Enviromental, Social and Governance) e em Green Bonds, por exemplo.
Uma importante reflexão, resumindo toda esta complexidade de temas é que para termos mudanças socioambientais relevantes , precisamos da atuação dos governos, de novos hábitos dos consumidores e de escolhas mais conscientes dos investidores. O evento evidenciou a necessidade de reunir os diversos setores mas o desafio ficou para os investidores privados: Em qual futuro você está investindo, seja empresa, Instituto, Family Office ou individuo ?
facilitadora de processos e fundadora da Noetá e da Philó
4 aQue bom te ler e sentir seu sempre inspirador engajamento!
Senior Advisor and Associate Partner CFEG Brasil na Cambridge Family Enterprise Group (CFEG)
4 aExcelente Beatriz obrigada por compartilhar.
Fundadora, Briyah Institute | Conselheira
4 aFantástico, Bea Johannpeter! Obrigada por descrever tão bem o evento e o momento que vivemos. Juntos somos maior que a soma das partes. Parabéns, Julia Wilkinson por compartilhar sua linda visão e boas práticas no evento, e Amit Bouri pelo excelente trabalho à frente do GIIN! Vamos acelerar nessa direção. @BriyahInstitute