As emissões de CO₂ no setor de resíduos
De acordo com o estudo “Análise das Emissões de Gases de Efeito Estufa e Suas Implicações para as Metas Climáticas do Brasil”, realizado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o setor de resíduos foi responsável por 4% das emissões totais do Brasil em 2022. Isso equivale a 91,3 milhões de toneladas de CO₂ (MtCO₂), dentro de um total de 2,3 bilhões de toneladas.
Em 2022, houve uma redução de 1% nas emissões do setor em comparação ao ano anterior. Esta diminuição recente pode ser atribuída a:
A maior parte das emissões do setor está relacionada à disposição de resíduos sólidos em aterros controlados, lixões e aterros sanitários, correspondendo a 65,5% do total. O tratamento de efluentes domésticos contribui com 26,6%, seguido pelo tratamento de efluentes líquidos industriais com 6,1%. Incineração, queima a céu aberto e compostagem têm contribuições menores, sendo práticas menos comuns no Brasil.
Disposição final de resíduos sólidos
As emissões de metano (CH₄) em aterros sanitários são um das mais significativas fontes emissoras de gases de efeito estufa em regiões metropolitanas. Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2011, o Brasil tem avançado na erradicação de lixões: atualmente, 72% dos resíduos são dispostos em aterros sanitários, representando 48% das emissões totais do setor de resíduos. Em 2022, a disposição final foi responsável por 59,8 MtCO₂, ou 65,5% do total do setor.
A recuperação de biogás em aterros sanitários, seja por queima em flare ou recuperação energética, também é notável. Em 2022, foram recuperadas 526 mil toneladas de CH₄ em 51 aterros, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Isso evitou cerca de 20% das emissões totais de metano na disposição final.
Efluentes líquidos domésticos
A estimativa de emissão deste subsetor é baseada no número de habitantes e na geração per capita de matéria orgânica. De acordo com o Censo de 2022 do IBGE, a população do Brasil foi de 203 milhões, contrastando com os 213 milhões estimados em 2021 antes do Censo. Essa diminuição da população fez com que a geração de efluentes domésticos tivesse uma redução de 4,9%.
Falta, porém, informações mais detalhadas e atualizadas sobre os tipos de tratamento adotados nas Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) no país. Estima-se que cerca de 45% das emissões do subsetor vêm de efluentes coletados e tratados; 23% de efluentes não coletados; 17% de soluções individuais; e 15% de efluentes coletados, mas não tratados.
Em 2022, o tratamento e o afastamento de efluentes líquidos foram responsáveis pela emissão de 24,3MtCO₂, sendo o segundo subsetor que mais contribui para as emissões relacionadas com a ges tão de resíduos.
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Efluentes líquidos industriais
Este subsetor foi responsável por 5,6 MtCO₂ em 2022, cerca de 6% das emissões do setor. As atividades industriais com maior contribuição são a produção de leite cru e carne bovina. Houve uma redução de 2% nas emissões desse subsetor, com destaque para a queda na produção de leite cru (2%) e carne bovina (20%).
As emissões de efluentes industriais estão diretamente ligadas à produção industrial, diferindo dos efluentes domésticos que são influenciados pelas taxas de crescimento populacional.
Conclusão
O estudo realizado pelo SEEG evidencia um progresso significativo e desafiador na gestão de resíduos e tratamento de efluentes no Brasil. Embora a redução de 1% nas emissões do setor de resíduos em 2022 seja modesta, ela simboliza um marco importante, sendo a primeira vez na série histórica que uma diminuição é observada. Este fato ressalta a importância de continuar investindo em tecnologias de recuperação de biogás e em práticas sustentáveis de disposição de resíduos.
A correlação entre as práticas de gestão de resíduos e a redução das emissões de gases de efeito estufa é clara, indicando que iniciativas como a erradicação de lixões e a recuperação de biogás em aterros sanitários são essenciais para atingir metas climáticas mais ambiciosas. Além disso, a conexão entre a demografia e as emissões destaca a necessidade de políticas adaptáveis que considerem as mudanças na população.
O tratamento de efluentes, tanto domésticos quanto industriais, continua sendo um desafio significativo. A falta de informações detalhadas sobre os processos de tratamento em diversas regiões do país sugere a necessidade de mais estudos e investimentos em infraestrutura. O tratamento adequado de efluentes é crucial não apenas para a saúde pública, mas também para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Em resumo, essa análise enfatiza a importância de ações integradas e sustentáveis no manejo de resíduos e efluentes, visando não apenas a proteção do meio ambiente, mas também contribuindo para o cumprimento dos compromissos climáticos do Brasil. É um chamado à ação para governos, empresas e a sociedade civil para trabalharem juntos na busca de soluções que promovam um futuro mais limpo e sustentável.
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Texto por William Hiroshi Sato, Founder da Jundu.
Researcher in Decarbonization | CBAM | ESG | SDG | Undergraduate in Metallurgical Engineering - Ouro Preto School of Mines | Open to new opportunities and challenges
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