As emoções, a Escola e a pandemia

As emoções, a Escola e a pandemia

Ways - Transformando gerações 

Como andam as emoções do seu filho neste contexto de isolamento social que estamos vivendo?

O confinamento trouxe à tona a importância de se falar sobre as competências emocionais das nossas crianças e adolescentes.

A escola do seu filho tem trabalhado esse "tema"? Os relatos são de que a preocupação tem sido mais pelo conteúdo que "não pode ficar para trás" do que com as emoções. Mas, veja, sem um coração tranquilo, sem estar conectado com algo que traga prazer, não há aprendizado efetivo. A cabeça não funciona em todo seu potencial. Ou seja, deixar as competências socioemocionais "de lado" neste momento, pode ser devastador para os alunos.

Atuo na Educação há 15 anos e sempre soube que o aluno engajado, "apaixonado", aprende mais. De acordo com estudos realizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE 2015, p.18), as crianças precisam de um conjunto equilibrado de capacidades cognitivas e socioemocionais para se adaptarem ao mundo atual, cada vez mais exigente, imprevisível e mutante. Aquelas capazes de responder com flexibilidade aos desafios econômicos, sociais e tecnológicos do século 21 terão mais chances de ter vidas prósperas, saudáveis e felizes. As competências socioemocionais são úteis para enfrentar o inesperado, atender às múltiplas demandas, controlar os impulsos e trabalhar em grupo (Associação Brasileira Educação à Distância – ABED, 2014).

Sempre acreditei na importância de se enxergar as pessoas em toda sua integralidade. Porém, ser visto dessa maneira é um privilégio. Nos dias de hoje, os espaços de aprendizagem ainda valorizam mais o lado esquerdo do cérebro do que deveriam. Esquecem que é no direito onde “tudo faz sentido”. Equilibrar o uso desse órgão por completo deveria ser meta de cada instituição. Respeitar o jovem "dos pés à cabeça" deveria ser regra e não exceção. Como a escola do seu filho trabalha essas competências? Não é possível desenvolver habilidades socioemocionais e habilidades humanas sem praticar o “ser humano”. O conviver, o colaborar e o compartilhar. Experimentar diferentes espaços, pessoas, regras e vivências é o caminho para ver essas competências tão faladas entrarem em ação. Mas nem toda escola consegue oferecer esses espaços, essas pessoas, essas vivências. Nem todas possuem a diversidade de experiências que poderiam motivar todo esse aprendizado. Especialmente, neste momento, com a ausência do “social” como trabalhar essas competências?

“Antes, faltava tecnologia na escola. Agora, falta escola na tecnologia”.

Essa frase me veio à cabeça hoje enquanto ´participava de um webinar interessantíssimo. Ficou muito claro para mim o quanto o espaço escolar é fundamental e o quanto a tecnologia é essencial para que o uso do espaço escolar seja dedicado e focado ao desenvolvimento das habilidades humanas. Afinal, é disso que precisaremos daqui para frente. As máquinas farão boa parte dos trabalhos que, hoje, alguns fazem. Elas só não serão capazes de serem humanas (será?).

E para sermos “humanos”, demasiadamente humano (fazendo aqui alusão ao livro de Nietzsche) precisamos das nossas emoções. E o primeiro passo para acessá-las é o autoconhecimento que é um dos pilares da inteligência emocional.

Bem, e como fazemos para desenvolver a inteligência emocional, para desenvolver as competências socioemocionais em nossos filhos dentro de casa, isolados?

Um boa alternativa é encontrar uma atividade (on-line, claro) que conecte com o desejo da criança ou do adolescente.

Quem sabe não é hora de tirar do papel aquela vontade ou aquele projeto de aprender a cantar, tocar, desenhar, jogar xadrez, lutar ? Quem sabe não será daí que seu filho ou filha irá se conectar com seu íntimo e equilibrar as emoções tão fragilizadas neste período? 

A rotina escolar relatada por pais, mães e responsáveis anda massacrante. Não há ferramenta tecnológica que dê conta da ansiedade, da tristeza e da solidão. Por isso, esse aprendizado “extraescolar” pode ser um bom caminho para que crianças e adolescentes desenvolvam melhor suas competências socioemocionais. Essas atividades têm o potencial de influenciar positivamente essas habilidades nos alunos, ao mesmo tempo que auxiliam diretamente no desenvolvimento acadêmico, cultural e físico.

Não é possível trabalhar a máquina humana por completo se não for por meio de vivências. Precisamos dar voz ao que realmente sentem nossas crianças e adolescentes. É urgente valorizar e respeitar os desejos, as diferenças e a individualidade de cada um.

A hora é agora. Ajude seu filho/a a inciar a importante jornada de autoconhecimento que o acompanhará por toda a vida.

Meire Honorato

proprietaria da Bem Viver Serviços Para Idosos Ltda na Bem Viver Servjços para Idosos Ltda

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Realmente existe o antes ,durante e o depois...Esse durante é o tempo que temos hoje para resignificar nossas vida .E porque não inserir esse resignificar  na vida de nossos filhos; algo que seja dinâmico  e ao mesmo tempo transformador...a busca em conhecer a si mesmo,nos leva a entender limites e buscar  equilíbrio . Muito boa a reflexão Marina GontijoGosteiResponder

Bárbara Rezende

Analista Crédito Imobiliário/Secretaria de Vendas

4 a

Excelente reflexão.  Tenho meu pequeno ainda muito pequeno, mas o que fazer nesse momento. Muitos pais estão atordoados, imaginem as crianças que não sabem controlar ou entender o que estão sentindo.

Claudia Wilson

CEO at BeezStudio, entrepreneur, speaker, mentor and connector and WomenTech Ambassador

4 a

Pontos interessantes para uma boa reflexão! Marina Gontijo

Jacqueline Delbem

Engineering Tech Manager @ Nubank

4 a

Excelente pontos levantados! Ogrande desafio é utilizar as tecnologias que possuímos para amenizar e facilitar neste momento tão diverso :)

Fernanda Barros

Product Owner | CSPO® | Software Development | Identity | Digital Payments | Fintech

4 a

Mesmo não sendo mãe, mas por tudo que leio e escuto, esse parece ser o grande desafio na formação das crianças. Parabéns pelo texto!

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