Empreendedorismo, planejamento e estratégia.

Empreendedorismo, planejamento e estratégia.

Renata Soares

Se tem algo que aprendi na minha trajetória como empreendedora foi que não adianta ter ótimas ideias e não colocá-las no papel. Sim, é algo tão óbvio não é mesmo? Mas esse é o erro primário que a maioria das pessoas comete quando vai abrir um negócio próprio ou vai implementar um novo projeto, mas que faz toda a diferença no resultado final.

Então por onde começar? Na primeira vez que me atrevi a entrar no mundo do empreendedorismo iniciando o meu próprio negócio, eu era muito jovem e totalmente crua. Não tinha as habilidades e competências (skills) desenvolvidas e nem tão pouco a percepção de que antes de investir o meu tempo e dinheiro em algo eu precisaria de um "Business Plan", que apenas entusiasmo e acreditar que a ideia iria dar certo não eram o suficiente.

Tudo começa por uma motivação que vai viabilizar uma ideia em nossa mente. Dessa ideia, o primeiro passo é escrever no papel para ter a visualização concreta daquilo tudo que a mente criou. Amadores agem pela impulsividade e sem qualquer plano de ação e avaliação. Profissionais não pulam essa etapa mais importante do processo tendo a visão ampla de todos os prós e contras, de todos os riscos envolvidos e de todas as possibilidades e cenários de mercado a curto, médio e longo prazo.

O mundo mudou, já não é mais como antigamente que bastava ter uma ideia e já sair fazendo. Hoje com tantas novas tecnologias e concorrência cada vez mais acirrada, mesmo com um plano de ação que pode diminuir consideravelmente os riscos, para empreender tem que ter em mente que tudo pode ir por água abaixo mas sempre com o pensamento otimista da experiência e aprendizado que serão adquiridos, que eu considero os bens mais preciosos que obtive quando fracassei no meu primeiro negócio.

Em um "Business Plan" eficaz muitas coisas não podem faltar e por isso vou citar algumas delas com intuito de ajudar, de dar um norte, um direcionamento baseado na minha própria experiência.

Ser objetivo, prático e estratégico. Comece pela visão do negócio apontando um direcionamento. Faça um levantamento de metas e objetivos. Perspectivas de crescimento e ideais.

Pontuar os detalhes. O passo a passo de cada etapa, de cada meta e objetivo deve ser detalhado com embasamento em dados concretos. Estudos de mercado como estatísticas comportamentais por exemplo, viabilizam essa etapa do processo.

Fazer uma análise realista. Estimar o tempo necessário para cada meta e objetivo apontados. Não se chega a lugar nenhum sem determinar prazos. Se períodos muito longos gerarem muitas incertezas, talvez seja melhor mudar a estratégia do negócio.

Ter clareza de propósito. Para isso é preciso saber a Missão (porque a empresa existe) qual o público-alvo, se o consumidor final é B2B ou B2C e se é A, B, C ou D. Qual atividade desenvolve, em qual mercado está inserido e os diferenciais considerando também a precificação e a concorrência.

Levar em consideração fatores externos. É necessário ter uma visão mais ampla considerando as ameaças externas que estão totalmente fora do nosso poder de resolução. Um exemplo disso é a pandemia que ainda estamos vivenciando. Um cenário que até era previsto mas que primeiro teve que acontecer para que depois pudéssemos nos adaptar e agir perante a essa nova realidade. Nem sempre dá para se antecipar aos fatos mas reagir a eles de forma rápida é o que pode garantir a sobrevivência.

Ter olhar clínico. Saber com precisão se você navegará por um oceano vermelho ou azul. Avaliar se o seu produto é algo que perpetuará a longo prazo no mercado, se as pessoas precisam e tem a necessidade dele.

Saber investir. Iniciar um novo negócio exige capital de giro. Erro fatal que consolida os dados do IBGE de que 21% das empresas fecham suas portas após o primeiro ano de atividade. E 60% encerram suas atividades antes do 5º ano. É claro que não é somente esse fator, mas é um dos pontos principais no qual eu também cometi esse erro ao empreender pela primeira vez. Saber administrar o dinheiro de maneira organizada e controlada, criando um fundo emergencial até o ponto de virada do negócio que na média leva de 2 a 4 anos. Segundo pesquisa do Sebrae, 42% das empresas não calculam o nível de vendas necessário para cobrir os custos e gerar lucro. Começar um negócio sem previsões financeiras além de poder falir o negócio, pode gerar consequências danosas a longo prazo para o individuo como pessoa física. Por isso, saber claramente as regras, a legislação tanto para abrir quanto para encerrar uma empresa pode evitar muitas dores de cabeça no futuro.

Procurar Parcerias. A maioria dos empreendedores acreditam que podem dar conta sozinhos do recado. Aqui também foi outra coisa que aprendi na prática e a duras penas. Recorrer aos que já tem experiência e que já passaram por processos semelhantes não é sinal de fraqueza. Tenha humildade para aprender sempre e esteja aberto a ouvir. Os "stakeholders" são peças importantes para a alavancagem de um negócio. Podem ajudar com investimentos e abertura do nicho de mercado.

Esses são alguns pilares que eu considero chaves para o sucesso de um novo projeto. Com compreensão e clareza temos uma diminuição significativa da margem de erro. Portanto, abrir um negócio próprio exige paciência, tempo, investimento financeiro e dedicação. Mas quando tudo é estrategicamente pensado e organizado, pode gerar bons resultados. O empreendedorismo deve ser encorajado, pois através dele abre-se mais oportunidades como novas frentes de trabalho, e melhora contínua da economia e sociedade como um todo.

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