Perigo no Mar: Um dos maiores sustos da minha vida, também foi um dos maiores aprendizados.

Há uns bons anos passados, eu realizei um sonho, o de conhecer o Caribe, mais especificamente, a famosa ilha de Saint-Martin, ou, Sint Maarten, um local realmente impressionante. E na praia de Maho Beach, aquela praia famosa que todo mundo fica impressionado de ver os aviões descendo a poucos metros da cabeça das pessoas no Princess Juliana Airport, que tem inúmeros vídeos compartilhados pela Internet exaustivamente, foi que eu vivi esta experiência da qual me lembro cada fração de segundo.

Eu sempre gostei de praia, apesar de que não tenho lá o perfil de quem aguenta muito ficar sob o sol, porém eu compenso ficando o máximo de tempo dentro da água, em uma profundidade segura, mas que dê pra eu me esconder um pouco. Neste dia, pelo fato da praia estar vazia, fui ficando e não vi que estava anoitecendo, e ao me voltar em direção à areia, de lá da água cristalina e azul, pude ver que não havia uma alma sequer por ali...

Eis que me lembrei que o funcionário do hotel, meio que em tom de brincadeira, falou: "Depois das 18hs, nem pense em ficar no mar, porque é a hora dos tubarões caçarem"...

Eu ri, sem graça, mas em seguida ignorei a "dica".

Dica essa que me lembrei naquele momento e resolvi então sair da água, pois eu estava em uma profundidade não muito segura, pois não percebi que a maré levemente me levou pra um local onde a água estava em meus ombros. Foi aí que eu notei em alta velocidade um vulto, me circulando, e fiquei estarrecido. Olhando mais atentamente vi que era um enorme cardume de peixes, e por ínfimos instantes me tranquilizei, já que na sequência eu vi outro vulto sob as águas, em alta velocidade, atrás dos peixes.

Minha decisão foi de lentamente ir me direcionando à praia, ainda mais quando vi que o cardume se distanciou, e o que os seguia também foi atrás deles. Mas do nada, aquilo se virou, e veio em altíssima velocidade na minha direção, e eu só pensei em duas coisas : nunca mais vão me ver se o tubarão me pegar, mas eu vou lutar com todas as minhas forças pela minha vida!.

Cerrei os punhos e me preparei para o pior, quando à poucos centímetros do meu rosto emerge da água uma enorme e maravilhosa tartaruga marinha, com seus olhos gigantescos me olhando diretamente, em um silêncio tão perturbador que eu ouvi o som do ar enchendo seus pulmões de ar. Foi mágico, desconcertante, chocante.

Não sei mensurar o tempo em que ficamos nos olhando, mas eu realmente acho que ela estava curiosa pra entender o que eu fazia por lá sozinho aquela hora do início da noite...e mais ela me olhou como quem diz, sai daqui que logo chegam os tubarões. E eu entendi no brilho dos seus olhos o que ela estava me passando mentalmente.

Ao contrário da velocidade de chegada, ela foi voltando para o fundo do mar lentamente, mas sem tirar os olhos de mim. O que me restou foi tentar colocar as ideias no lugar, e sair o mais rápido possível da água. Eu não conseguia levantar os braços e fiquei caído um tempo na areia da praia, sem sequer conseguir me movimentar de tão emocionalmente esgotado que eu estava. Voltei para o hotel, e meu silêncio se manteve até o dia seguinte, porque minha mente fervilhava pensando no que eu havia passado.

Um detalhe, no dia seguinte o mesmo funcionário do hotel, veio me dizer que haviam filmado movimentação de tubarões nas redondezas e que era realmente pra eu me preocupar.

E eu pensei na base do É o Tchan! " Sabe de nada inocente...".

Mas afinal de contas o que é que isso tem a ver com um empreendedor? Tudo!

Quando alguém se lança no mar da vida como empreendedor, normalmente só tem consigo a vontade, o desejo de começar, pouca experiência em um ambiente novo pra poder se adaptar. Naquela época minha vida era assim, eu dava meus primeiros passos na área da Comunicação, e era tudo muito novo pra mim. Se não tiver foco, vai se distrair com o que a maioria (cardume) faz e acha que é com a maioria que você vai vencer, fazer o que todos fazem, ir pelo previsível, não que isso seja ruim, mas quem tem o desejo de criar seus próprios caminhos, sendo empreendedor, não consegue se encaixar em planos pré estabelecidos.

E a distração da Matrix normalmente é fatal.

Mas eis que chega a hora de você enfrentar os seus maiores medos. Você só vai saber o que a vida, e os caminhos do seu empreendimento vão te oferecer se você encarar a situação, mesmo que na marra, como foi meu caso no mar.

Mas e se fosse algo ruim? Não teria outra opção, era enfrentar e lutar pela minha vida. E empreendedor que é empreendedor, é meio que Rocky Balboa, cai, levanta, apanha, 15 rounds, mas não desiste dos seus sonhos. A cada queda, um aprendizado, e te fortalece, te dá mais experiência, te permite enxergar diferente e melhor. Não importa se você ao final do dia vai cair de cara na areia da praia. O fato é que você nunca mais vai esquecer do aprendizado, e isso te transforma positivamente.

Seus dons são únicos, e suas capacidades só suas, e é com isso que você vai vencer nos seus caminhos, seus dons são seus presentes de vida, suas ferramentas pra vencer. Não desista desses dons, pois sua chance de vencer se torna ainda maior quando você potencializa suas habilidades únicas.

Aquela inesquecível tartaruga marinha, me marcou pra sempre.

E eu sempre penso, será que aquela tartaruga linda ainda se lembra de mim? De toda forma, ela foi um anjo da guarda aquático, pois eu me senti abençoado por Deus naquele momento em que estava nas águas do mar, e somente o céu e a lua nascendo como testemunhas daquele encontro improvável.

E quer coisa mais improvável que a própria vida? E ela é incrível!

Te desejo toda felicidade e sucesso que você merece, na medida em que sempre sonhou!

Claudio Prado Jr

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