Empreender é uma iniciativa arriscada

A ignorância é extremamente ousada por natureza, porquanto o desconhecimento dos riscos torna a conduta sem freios. Nas coisas triviais não há porque levar tudo a ferro e fogo. Porém, a virtude da prudência é a que possibilita antecipar-se aos perigos e dificuldades decorrentes da atividade empreendedora. Alguns definem a prudência como saber ver à distância onde a maior parte das pessoas não vê, porque não estudam, ou não adquirem a disciplina do trabalho empreendedor.

O grau de qualidade de uma decisão se mede pela sua objetividade; isto é, pela capacidade de ater-se à realidade, e por isso mesmo, costuma-se dizer que uma boa decisão é a que está de acordo com a razão, é o mesmo que estar em conformidade com a realidade das situações que cercam a atividade empreendedora-inovadora. Daí decorre a necessidade da prudência fundamentar-se e crescer dentro da objetividade.

Pieper[1] ensinava que somente pode proceder bem quem sabe como as coisas são e como se relacionam. Não bastam, pois, a chamada 'boa intenção' e a chamada 'boa opinião'. A realização do bem (boas decisões) pressupõe uma conformidade do nosso agir com a situação real -quer dizer, com as realidades concretas que rodeiam uma atitude humana- e, por consequência, uma lúcida objetividade sobre estas realidades concretas.

Aqui quero destacar a ideia-chave do ensinamento de Peter Drucker[2], quando alertava que o empreender é uma iniciativa "arriscada", principalmente porque são tão poucos dos assim chamados empreendedores sabem o que estão fazendo.

A capacitação para a inovação empreendedora é o que produz resultados surpreendentes, na medida em que transforma uma realidade de nenhum, ou pouco valor econômico em um verdadeiro recurso que atende necessidades humanas e se desloca para áreas de rendimentos mais elevados.

[1] PIEPER, Josef, Las Virtudes Fundamentales, 3. ed. Madrid: Rialp, 1980.

[2] DRUCKER, P. Inovação e espírito empreendedor, Ed.: Cencage, 2008.

@cy