Empresários do século XXI

Empresários do século XXI

A sedutora evolução tecnológica fez de alguns homens, um outro homem, menos humano, menos solidário, menos atento às suas origens mas mais ambicioso, muito mais predador, muito mais individualista.

Esta sedução causou alguns danos à humanidade: menos florestas, menos rios, menos índios, menos alimentos, menos tolerância, menos tempo, menos amigos mas infinitamente mais depredações, mais catástrofes naturais, mais minas pessoais enterradas em solos inocentes, mais países endividados, mais exclusão e empobrecimento populacional.

O progresso atribuído aos avanços tecnológicos não foi seguido de igual evolução da humanidade. Ao contrário. Se por evolução considerarmos melhores condições de vida ambiental, social e econômica, constataremos com pesar que a humanidade em nada progrediu.

Hoje somos mais pobres do que ricos, em todos os sentidos. Temos um mundo onde metade da população está na linha de pobreza, um país que  conta com 5,1% da população vivendo com menos de um dólar por dia, metade de nossas crianças que não termina o primeiro grau e 140 mil morrendo anualmente antes de completar 5 anos.

Diante deste quadro, temos um Estado que dá sinais de falência na gestão do social, assumindo publicamente que sua capacidade administrativa está na gestão econômica do país. Ausenta-se do público e se instala no privado. Neste ritmo nasce um novo contrato entre sociedade e Estado.

Ainda que alguns esperem o Estado em sua versão Estado-Providência e lhe atribuam, unicamente a ele, a missão de prover o social, outra parte da sociedade, sacudida pela realidade do que vê dia a dia nas ruas, nas praças, no aumento dos empregos informais, dos cinturões de pobreza das cidades em geral, da desesperança que transmitem os olhos das crianças de sinaleiros, resolve romper muros e adotar práticas de solidariedade, de ajuda humanitária.

Esta Sociedade, muitas vezes sem saber, pratica a responsabilidade social, que é o engajamento de um indivíduo dentro de sua comunidade, inserido nos problemas do “viver”, na temática do “melhorar a vida dos mais necessitados para melhorar a vida de todos”.

Esta sociedade não é somente composta de indivíduos, mas também de empresas, as chamadas “empresas-cidadãs”, aquelas que rapidamente compreenderam sua função social, que ser empresário nestes tempos não é somente auferir lucros e resultados positivos em seu balanço financeiro, mas proporcionar serviços em prol de sua comunidade, seja na melhoria de condições de seus próprios empregados seja na preservação do meio-ambiente, na criação de creches, postos de saúde, investimentos na infra-estrutura ou em áreas de lazer.

Os líderes empresariais brasileiros já afirmaram a importância da inversão de capital no social, de patrocinar projetos sociais que estejam intimamente ligados ao tema de suas empresas até como estratégias de marketing.

Liderar no século XXI é detectar as mudanças imprescindíveis e a elas se adaptar, buscando um novo modelo de vida, de administração privada comunitária. É a consciência do coletivo, de estar inserido dentro de uma comunidade que tem problemas de gerenciamento em virtude da grande quantidade de necessidades básicas e da escassez de recursos públicos.

Obs: artigo escrito em 2006.


    

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