Empresa familiar: ame-a ou deixe-a
Empresa familiar: ame-a ou deixe-a! Parece radical demais. Mas é a mais pura verdade. Se você não vestir a camisa da sua empresa familiar, as coisas não vão fluir bem, e a melhor solução é a sua saída. Mas se, por outro lado, o negócio dos seus pais lhe dá aquele brilho nos olhos, o melhor a fazer é concentrar toda a sua energia na administração do empreendimento e colher os bons frutos.
As empresas familiares, de modo geral, têm vantagens e desvantagens. Isso também ocorre num emprego com carteira assinado ou num cargo público. Tudo vai depender do seu jogo de cintura perante os desafios.
Portanto, eu, Hygor Duarte, mentor empresarial para pequenos e médios empresários e empresários familiares, trago esse artigo para ajudá-lo a refletir sobre a sua posição frente à sua empresa familiar. Se você é pai e está preocupado com a sucessão empresarial ou se você é filho e não sabe o “abacaxi” que vai ter de “descascar”, o melhor a fazer é pesar os prós e os contras e tomar uma decisão definitiva.
Empresa familiar: o que é?
Eu trago aqui o conceito do Sebrae para empresas familiares. Segundo o serviço, trata-se da interação de dois sistemas (família e negócio) que estão conectados.
Os negócios domésticos, portanto, podem incluir diferentes membros da família: pais e filhos, tios e sobrinhos, irmãos e irmãs, entre outros. Esses parentes podem trabalhar diretamente na empresa ou fazerem parte do quadro de acionistas e diretores, apenas.
Também pode ocorrer de o empreendimento familiar ser administrado por uma pessoa de fora do eixo familiar, mas continuar tendo o envolvimento de familiares nas decisões.
Negócios familiares: quantos existem no Brasil
O Brasil tem aproximadamente 5 milhões de empresas ativas, de acordo com o Cadastro Central de Empresas (Cempre), ligado ao IBGE. As estimativas do Sebrae apontam que cerca de 90% do total de empresas são consideradas como uma empresa familiar.
Então, é fácil concluir que os negócios familiares são um fenômeno nacional. Desde a padaria da esquina até as grandes corporações. Aliás, exemplos não faltam.
Grandes empresas brasileiras nasceram familiares, como a Tramontina, as Casas Bahia, Klabin e grupos Votorantim e Pão de Açúcar, só para não citar outros exemplos.
Empresa familiar: principais desafios (e motivos para deixá-la)
Eu tenho acompanhado há muitos anos o trabalho de empresas familiares em Sorocaba, que é onde está a minha empresa, a Fast Assessoria Financeira, que ajuda empresas familiares a melhorarem seus resultados.
Por isso eu digo com toda clareza que há muitos filhos, ou até mesmo pais, que não querem mais assumir o negócio da família. Os motivos que estão em jogo variam muito.
A falta de empatia, as desavenças familiares, o desejo pessoal de seguir uma carreira fora da empresa familiar, o medo do fracasso... Enfim, há argumentos variados.
Portanto, se o parente não está engajado com o propósito da empresa e não tem os mesmos objetivos alinhados aos do atual administrador, o melhor caminho é repensar seu posicionamento, analisar as alternativas e seguir seu rumo.
Isso pode parecer uma decisão traumática, mas que se for conduzida com muito diálogo e auxílio mútuo terá um final feliz.
Empresa familiar: principais vantagens (e motivos para amá-la)
Hoje em dia muito se tem falado sobre as vantagens da empresa familiar. Torná-la competitiva é um desafio enfrentado por quem não almeja abandoná-la.
Nesse sentido, uma pesquisa da PwC, chamada de 9ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares, usou uma amostragem de 3 mil empresas familiares localizadas em 53 territórios, e identificou que o valor de um negócio familiar é considerado um forte ativo no mercado globalizado.
Sendo assim, 75% dos entrevistados disseram que os valores da empresa são um ativo que os diferencia dos demais empreendimentos, baseados simplesmente na busca do lucro.
E o que é o valor? É aquilo que você não abre mão sob nenhuma hipótese, como sinceridade, honestidade, o trato com os funcionários, a empatia com o cliente, entre outros.
Era digital
Outra vantagem que reflete na duração da empresa familiar é a era digital. A pesquisa PwC identificou que muitos empresários se sentem inseguros com o avanço da tecnologia e os modelos disruptivos que surgem e se fixam no mercado, em empresas como a Uber e o Amazon.
Dessa forma, a nova geração gera mais segurança às empresas familiares no sentido de mantê-las vivas frente aos desafios da inovação, pois os jovens estão mais acostumados com a tecnologia. Quantas vezes você já escutou que hoje parece que as crianças já nascem com um smartphone de última geração nas mãos?
Assim, como a pesquisa identificou que quatro em cada 10 empresários no Brasil temem o processo de sucessão na empresa familiar, a habilidade com a tecnologia aplicada aos negócios pode ser uma grande vantagem para o aumento da vida útil do empreendimento.
Decisão: as vantagens de tomar uma posição
Certamente há muitos elementos em jogo quando se trata da constituição de uma empresa familiar.
De um lado está o fundador, que é apaixonado pelo negócio, que viveu literalmente momentos de luta e de glória no empreendimento e que não gostaria que tudo se desfizesse após a sua partida.
Contudo, do outro lado está o herdeiro, que acredita ter muita vida pela frente e sonha em construir uma carreira numa multinacional, ser um profissional liberal e, acima de tudo, não tem simpatia pelo negócio da família.
Mas também pode ocorrer o contrário. Os filhos encontrarem motivos para se orgulharem do negócio, fazerem planos de crescimento e expandirem os negócios. Porém os fundadores já estão calejados com o mercado e não se sentem estimulados, travando decisões que possam beneficiar a empresa.
Acima de tudo, como eu disse no começo do artigo, tomar a iniciativa de dizer sim ou não é fundamental. Assim, é possível fechar um ciclo de indecisão e descontentamento e buscar a satisfação.
Para concluir, a empresa familiar tem seu potencial e seus desafios, que devem ser vistos com a seriedade que o tema merece.
Se você gostou desse artigo, deixe nos comentários a sua impressão sobre o que você escolheria: amar ou deixar a empresa familiar?
Hygor Duarte
Empreendedor e Mentor Empresarial, Professor de cursos preparatórios para certificações Anbima, Palestrante, Pai de autista e Idealizador do Programa 33