Empresas Familiares: se conselho fosse bom.....
Ao iniciarmos uma nova atividade, mas principalmente em uma nova organização, há uma curva natural de aprendizado. Neste processo de adaptação, de aprofundamento nos limites tácitos, da melhor leitura da cultura e dos valores, devemos também estudar seu modelo organizacional, a hierarquia, as instancia de comando e decisão.
Uma importante fonte de informação é a história da organização, sua origem e fundação. Isto se aplica para qualquer tamanho e formação, mas se torna ainda mais relevante em empresas familiares de pequeno e médio porte.
No Programa de Formação e Certificação de Conselheiros, na Board Academy Br , Udo Kurt Gierlich apresentou algumas importantes definições sobre empresas familiares:
“Num sentido mais amplo, a empresa familiar se define como aquela cuja propriedade e administração – no sentido do controle sobre as decisões operativas – estão nas mãos de uma ou mais pessoas da família.” Ulrich, 1997
Empresas familiares, revisão de literatura
Essas definições destacam diferentes aspectos do controle e da influência familiar nas empresas, refletindo a diversidade de abordagens no estudo destas empresas. Como executivos ou conselheiros, é fundamental conhecermos estas definições e como devemos navegar em suas complexidades e ambiguidades:
O conselheiro nos sapatos do dono
Empatia: capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo e compartilhando seus sentimentos, emoções e perspectivas. É a habilidade de reconhecer e respeitar as emoções e necessidades dos outros, demonstrando compaixão e solidariedade.
Em uma empresa familiar, mesmo que de grande porte, temos que compreender que fazemos parte de um sistema organizacional complexo, composto por uma ou mais famílias; por uma propriedade e por uma empresa. Estes são subsistemas independentes porém, interrelacionados entre sí, conforme o modelo The Three-Circle Model of the Family Business System desenvolvido por Renato Tagiuri e John Davis na Harvard Business School, 1982.
Como membro de um conselho, além da longa vivência executiva, conhecimento técnico e formação, é notória a importância dos soft skills, das competências humanas altamente desenvolvidas, para que este ator externo, tenha a capacidade de leitura do ambiente, dos limites, das oportunidades. Assim, construirá pontes e aliados, colocando a serviço desta empresa seu conhecimento e habilidades.
Estas competências humanas serão ainda mais importantes em momentos de crises, conflitos ou em decisões, mesmo que coloquiais, sejam fonte para discordâncias. Neste sentido, há uma leitura importante do quadro de líderes e componentes da organização, conforme apresentado por Udo Kurt Gierlich
Participantes
1 - Funcionários não familiares, não sócios
2 - Familiares que não detêm propriedade, sem atuação na empresa
3 - Sócios não familiares sem atuação na empresa
4 - Familiares que não detêm propriedade mas atuam na empresa
5 - Sócios com atuação na empresa mas não pertencem à família
6 - Familiares sócios que não atuam na empresa
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7 - Sócios que atuam na empresa e que são membros da família
Evolução geracional
Outra leitura importante nas empresas familiares é entender em qual nível de maturidade e geração a empresa se encontra. Os fundadores ainda estão presentes? São os filhos ou os netos os responsáveis pela operação? esta organização está 100% profissionalizada e a família permanece como proprietária não atuante.
Esta evolução poderá determinar se a empresa está pronta e se necessita de um conselho.
Este conselho, bem como consultores e comissões, exercerá um papel fundamental na governança corporativa, na formulação de planos de sucessão, em um novo plano de remuneração, entre outros temas críticos para a perpetuidade dos negócios. Portanto, mapear e entender o “DNA” da Empresa Familiar, tendo sensibilidade e habilidade na condução das decisões, é fator crítico de sucesso para um conselheiro.
Pontos de inflexão
Com a natural evolução das gerações e sucessões, são comuns as divergências quanto a Gestão & Estratégia, desta forma, a depender das circunstâncias, os Conselhos de Família e Consultivo são os fóruns adequados para o início do trato equilibrado, justo e tempestivo das demandas relacionadas a:- Governanças- Sucessão- Transição- Propriedade, conforme apresentado no PFCC da Board Academy Br
Conclui-se que um conselheiro consultivo, atuando em uma empresa familiar, deve fazer muito bem o dever de casa, estudando a história, fundadores, participantes, bem como tratar de forma respeitosa e profissional, saber as especificidades daquela organização e de seus atores, sejam atuantes ou não.
Trazer sua vivência e conhecimento, se colocando verdadeiramente a serviço daquela organização, demonstrando de forma fidedigna seu interesse pelo sucesso, são atitudes esperadas de um conselheiro. Escolher as batalhas, porém não se omitir, ter segurança nas colocações e foco no negócio, auxiliará na conquista da credibilidade e espaço nas decisões colegiadas para que o legado desta organização seja o mais do que o sonho do dono.
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