Empresas felizes são mais produtivas: bem-estar corporativo é fator estratégico no cenário pós-pandemia
Para iniciar nossa série de artigos sobre Recursos Humanos, vamos falar sobre gestão da felicidade, um segmento estratégico e novo para muitas empresas. Porém, basta colocar as coisas em perspectiva para entender a importância deste recente braço no departamento de pessoal: um funcionário passa, em média, um terço de seu dia no trabalho. É muito tempo para se passar infeliz, não é mesmo? Um levantamento de Harvard mostrou que funcionários infelizes são 18% menos produtivos, geram 16% menos lucro, aumentam a taxa de absenteísmo em 37% e promovem 49% mais acidentes no ambiente de trabalho. Segundo a consultoria ISMA-BR, prejuízo com baixo engajamento é de R$ 42 bilhões todos os anos.
O inverso também é verdadeiro: profissionais felizes são mais produtivos. Estudo divulgado pela Universidade da Califórnia identificou que trabalhadores felizes são, em média, 31% mais produtivos e vendem 37% mais. São motivados a atender melhor, evitar acidentes no trabalho e reduzir desperdícios. Agora, sabendo das vantagens de investir na felicidade corporativa, a pergunta que fica é: como fazer isso na prática? A verdade é que não há uma receita de bolo ou fórmula secreta para tornar o ambiente de trabalho feliz e produtivo, mas é possível adotar algumas estratégias que podem fazer a diferença na percepção dos funcionários.
Para começar, é preciso ouvir seus colaboradores. Os resultados de pesquisa de clima organizacional mostram as expectativas e percepções das equipes sobre a empresa e apontam caminhos para melhorar a sensação de felicidade no trabalho. No entanto, não basta aplicar o questionário, é preciso estar comprometido a buscar soluções para os pontos críticos. A comunicação aberta entre gestores e equipe também é fundamental. Dar espaço para ouvir opiniões e sugestões de forma transparente, clara e respeitosa é uma estratégia de empresas inteligentes. Vale lembrar que a sensação de bem-estar também é ligada ao ambiente físico das empresas: ambientes iluminados, organizados e arejados contribuem para a sensação de felicidade.
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Além disso, estimular a criação de laços entre as pessoas e momentos de confraternização, bem como ter práticas claras de reconhecimento são algumas ações que podem contribuir para tornar o ambiente mais feliz nas corporações. As pessoas se sentem mais alegres quando se sentem valorizadas e o sentimento de pertencimento é estimulado.
Vale lembrar que as crises de saúde e economia em função da pandemia da COVID também influenciaram na felicidade no trabalho: as incertezas com o novo cenário, o medo de perder o emprego e de ficar doente deixou os brasileiros mais ansiosos, segundo dados do Ministério da Saúde. O órgão federal apurou na pesquisa sobre “Os impactos da pandemia e isolamento social na saúde mental do brasileiro” que, em 2020, 86,5% apresentaram ansiedade, 45% sofreram com transtorno do estresse pós-traumático e 16% tiveram depressão grave.
Neste contexto de incertezas, a gestão da felicidade apresenta-se ainda mais necessária. A estratégia de manter colaboradores felizes está, inclusive, nas cadeiras da universidade: em 2018, a Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira universidade pública do país a oferecer a disciplina de Felicidade - o curso foi inspirado nas universidades de Harvard e Yale. Tanto as empresas criativas, quanto as mais tradicionais, devem começar a pensar sobre o que é felicidade. De preferência, que seja motivada por uma visão de autoconhecimento. De qualquer forma, se para reter talentos, para melhorar resultados, reduzir desperdícios ou acidentes de trabalho, ser feliz importa.