ENGAJAMENTO NO TRABALHO. JÁ PAROU PARA PENSAR SOBRE A RELEVÂNCIA?
Quero começar trazendo um dado assustador:
SEIS EM CADA DEZ BRASILEIROS ESTÃO DESENGAJADOS NO TRABALHO.
Mais da metade dos trabalhadores (60%) do país não estão suficientemente envolvidos com as empresas para as quais trabalham, sendo que 7% deles estão ativamente desengajados.
Isso é tremendamente impactante se pensarmos que a pesquisa abaixo abrange majoritariamente profissionais com perfil de trabalhadores de conhecimento, termo cunhado por Peter Drucker: knowledge worker
Este e outros dados que vou reproduzir e comentar estão na pesquisa da Engaja S/A (2024), realizada pela Flash com FGV-EASP e Grupo Talenses que produziram descobertas importantes e, a principal delas é que, hoje, os aspectos de maior impacto para a satisfação das pessoas, como remuneração adequada, oportunidade de crescimento e confiança na liderança, estão deixando a desejar no Brasil.
Detalhando estas três dimensões críticas de acordo com a pesquisa temos:
Veja só o impacto deste tema para negócios de todos os portes e segmentos:
“Dados do relatório “State of the Global Workplace: 2022 Report”, da Gallup, estimam que a falta de engajamento nas empresas leve a perdas de US$ 8,8 trilhões em produtividade, o equivalente a 9% do PIB global. De fato, a satisfação dos funcionários está associada a produtividade, rentabilidade, menores níveis de absentismo e rotatividade.”
Aí vai a primeira reflexão:
Dei destaque a questão no tema confiança na liderança devido a fotografia apresentada pela pesquisa sobre engajamento dos executivos versus engajamento dos colaboradores, conforme FIGURA 1, abaixo:
Por que será que os líderes (na pesquisa são os C-Level, ou seja, com cargo de alto escalão) são tão mais engajados que os colaboradores? Sei que o leitor já está em sua mente achando diversos motivos para isso como maiores salários, sentimento de dono, maior controle dos recursos, mais responsabilidade, melhor formação acadêmica (desconsidere isso, pois 90% dos pesquisados tinham graduação ou pós-graduação), etc.
A pergunta mais importante aqui é:
Por que os líderes não conseguem engajar a maioria dos seus colaboradores?
Será que os gestores ainda não compreendem a cultura do engajamento e qual seu papel nessa relevante missão? Como todos nós que exercemos liderança podemos melhorar nesse quesito tão relevante para os negócios e, é claro, para o sucesso pessoal de cada um na liderança?
Reconheço que faço muitas perguntas, mas acredito que o progresso do ser humano é movido a PERGUNTAS, pois são elas que nos ajudam a refletir e evoluir. Você concorda ou quer sempre respostas prontas? Me perdoe a provocação...
Mais uma pergunta: O que gera tanta diferença?
A pesquisa ainda aponta três dos fatores para a geração de tanta diferença entre os níveis de engajamento:
Penso que a gestão compartimentalizada em algumas organizações também contribui para o processo da falta de engajamento. Observe abaixo a FIGURA 2 que construí para exemplificar:
Tenho convicção, solidificada por toda minha experiência, que é muito desestimulante trabalhar em setor (es) que fica (m) “encaixotado (s)” sem saber o que acontece nos outros departamentos. Ou seja, esse é mais um fator não engajador dos colaboradores:
Trabalhar sem ter visão do que acontece na empresa e como suas atividades contribuem para o sucesso do todo!
Você concorda? Se sim, como é essa integração entre os departamentos em sua organização?
Essas e outras questões acabam provocando que 06 entre 10 brasileiros estejam desengajados no trabalho!
A pesquisa ainda traz um recorte do engajamento por região:
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A pesquisa demonstra (FIGURA 3) que homens e mulheres estão igualmente engajados:
Outro dado relevante da pesquisa, diz respeito ao engajamento por modelo de trabalho (FIGURA 4).
A pandemia do COVID contribuiu muito com essa mudança de cultura refletida nos indicadores acima.
Agora vejam na FIGURA 5, que interessante e como isso se subdivide por critérios geracionais:
Outra correlação importante apontada pela pesquisa é que: Quanto mais tempo na empresa, maior o engajamento das pessoas!
Isso é extremamente relevante!
O Professor Paul Ferreira da FGV-EAESP relata: “Nosso estudo sugere que as pessoas tendem a se engajar conforme os anos passam. Isso faz sentido, porque é preciso tempo para que alguns atributos do engajamento entrem em ação”.
Aí vai mais umas perguntinhas...
Aqui, temos uma imperdível oportunidade de refletir sobre a Política de Gestão das Pessoas na organização. Como acontece por aí?
Leitor, em vários de meus artigos venho escrevendo sobre liderança e seus impactos no sentimento de pertencimento e consequente engajamento com a organização. Se essa pesquisa demonstra um grande número de executivos em cargos de liderança sem engajamento e que não geram confiança, imaginem os demais colaboradores?
Outro aspecto que quero ressaltar é que a pesquisa fala de colaboradores que não estão engajados com os Valores da organização. Aí vão, de novo (rsrsrsrs), várias questões para sua reflexão:
Falando sobre VALORES:
Já soube de casos que o colaborador é cobrado (até mesmo demitido sem antes receber feedback) por não estar alinhado a um dos Valores, enquanto membro (s) da diretoria que não estava (m) com o comportamento alinhado a um ou mais Valores não eram cobrados por isso. Que mensagem isso passa para equipe? Como exigir engajamento assim?
Leitor, a pesquisa é profunda e extensa. Assim, em meu próximo artigo vou continuar a trazer mais elementos significativos com minhas eventuais apreciações.
Te espero na próxima publicação!
Ótima semana!
Saúde e sucesso.
Jorge Biancamano.