Engenharia Empresarial - Startups
Os artigos a serem publicados nesta série visam explicitar alguns pontos sutis e críticos no processo de modelagem, implantação e manutenção funcional de startups. Não esgota e nem tampouco pretende cobrir adequadamente os diferentes temas abordados, tendo em vista que todos eles são extensos, com especificidades para cada segmento econômico.
Portanto, solicito que os leitores interessados observem o que for cabível para suas situações específicas.
Conforme já abordado no artigo anterior, o empreendedor deseja construir a sua empresa foguete, que transborde a inovação objetivada. Deve, realmente, buscar isso.
No mesmo artigo explicitei que devemos contemplar o Mindset tradicional com o Mindset Growth. Vamos começar, preferencialmente, do início.
Ser do Tamanho Certo
Vamos visitar, rapidamente, o Capítulo 53 da Obra Administração – Peter Drucker, editada no Brasil em 1975, que foca o tema “como ser do tamanho certo”.
Ele inicia a linha de raciocínio com uma lei da geometria: “A superfície de qualquer objeto aumenta com o quadrado de seu diâmetro, a massa com o cubo do diâmetro. À medida que o diâmetro vai de 2 a 3 a 4, a superfície aumenta para 4, 9 e 16". A massa, 8, 27 e 64”.
A maioria dos empreendedores não possui a clara noção de como seria o tamanho certo do seu negócio para ter o efetivo sucesso na proposta de valor projetada. Como fazer isso? Com certeza, não será apenas por aplicação de fórmulas geométricas.
A mensagem do Mestre Drucker foca despertar a percepção da imperiosa necessidade do perene monitoramento nas relações proposta de valor * estratégia * tamanho * complexidade funcional. A pegada sutil é apreciar como a natureza trabalha com seus seres. Não existirão insetos gigantes sem esqueleto, por exemplo. Só em filmes de ficção. Para que existam, a natureza precisará pivotar e prover os devidos meios. Nada diferente nos seres jurídicos.
Assumindo que já exista o devido funding funcional (sem recursos financeiros fica difícil empreender), o desafio do empreendedor começa com esta busca sobre como deverá ser este ser jurídico.
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Sempre ressalto que quando somos ‘deuses da criação de pessoas jurídicas’, mesmo as mais inovadoras e tecnológicas, passamos genialidades para o DNA desta nova criatura, bem como defeitos e omissões.
Para complicar mais um pouco, a pegada clássica sobre tamanho certo para startups é mais desafiadora do que para empresas ditas mais comuns. Focaremos nas principais diferenças ao longo dos artigos.
Como ser do tamanho certo envolve aspectos físicos e complexidade funcional. No início, o tamanho físico não é muito relevante, mas a complexidade funcional advinda da tecnologia, das pessoas e stakeholders...pode já ser um tremendo desafio.
"Ahh, mas esta preocupação de identificar o tamanho certo é pegada obsoleta. Eu crio o negócio, atuo com o viés ágil, MVPando, agindo ágil e depois continuo ágil nas inovações internas, externas e paralelas, testando, errando, acertando e pivotando até chegar lá. O mundo VUCA é assim e vamos no burn de caixa até virar unicórnio e continuar, cada vez mais, captando ‘combustível para o foguete não cair’, até que a inovação projetada seja um cotidiano". Antes fosse fácil assim.
Sou fã da inovação. Já sofri muito com ela, em tempos idos que não tínhamos o mindset atual. Adoro prototipar até acertar, bem como admiro os profissionais que adotam abordagem ágil no cotidiano, com a devida sabedoria.
A pegada crítica, para o empreendedor, desde o início, é estar 100% comprometido com a clara percepção do balanceamento da relação proposta de valor * estratégia * tamanho * complexidade funcional (as diferentes modalidades de inovação estão embutidas nesta relação).
Esta percepção precisa ser um fato cultural do negócio, no qual todos os envolvidos participam, pois o dinamismo e incertezas exigem uma dedicação perene para decolar e manter a empresa foguete no rumo desejado.
Mas (again) como fazer isso?
Continuaremos este detalhamento no próximo artigo, focando os pontos críticos da relação mencionada.