Engenharia Empresarial - Startups

Engenharia Empresarial - Startups

No artigo anterior analisamos a demanda em construir uma startup do tamanho certo, ressaltando a necessidade, desde o início, no monitoramento da relação proposta de valor * estratégia * tamanho * complexidade funcional.

Ressalto que qualquer framework, metodologia ou prática não promove garantias de sucesso. Não existem varinhas mágicas. Existe o ciclo clássico estudo, análise, trabalho, erro, ajuste, erro, ajuste... até o acerto.

A base inicial para suplantar este desafio está em um (bom) Plano de Negócio elaborado.

Este documento precisa retratar, claramente, o conjunto de objetos empresariais demandados, por cada fase projetada do negócio. Clarificando rapidamente. Objetos empresariais são os itens envolvidos em qualquer negócio, tais como: clientes, fornecedores, pessoas, processos, itens tecnológicos, legislação, investidores, estrutura orgânica, documentos e outros.

O que acontece, normalmente, é que o magnânimo Plano de Negócio é meio que ‘deixado de lado’ quando entra em operação e fica mofado.

Independentemente deste instrumento, vamos desenvolver um rápido raciocínio interessante, mas pouco realizado.

Além das descrições convencionais (proposta de valor, inovações, SWOTs, CANVAS, serviço/produto, personas/mercado, projeções financeiras, valuations e outros), é imperioso modelar como o negócio funcionará, explicitando a dinâmica a ser desenvolvida nas dimensões empresariais envolvidas, ou seja, tecnologia, pessoas, processos, estrutura orgânica, mercado e outras.

É preciso retratar, claramente, os atributos funcionais dos objetos a serem envolvidos pelas dimensões citadas. Projete a startup pela visão tridimensional. Modele a relação funções -processos - atividades - tarefa e, se necessário, passos - ações. Experimente fazer esta matriz e o ‘bom susto’ virá ao seu encontro.

Não se preocupe muito com tecnologias e inovações (internas e externas) previstas ou abordagens Growth. Faça o feijão com arroz no começo. Materialize o ‘esqueleto funcional’ da startup, bem como os requisitos críticos funcionais e de informação para gerir este ‘esqueleto’. Em seguida, vá incrementando com especificidades advindas dos diferenciais idealizados.

Exemplo de descrição simplificada do fluxo funcional ocorrido na entrega de um produto para o cliente:

Função: Logística | Processo: Entregas | Atividade: Entregar produto abc ao cliente | Tarefa: obter confirmação de entrega, tanto por parte do cliente como do entregador.

Deixe para o segundo passo o detalhamento se este fluxo será baseado em papel, plataforma digital, por aplicativo específico ou qualquer outro objeto tecnológico. 

Neste segundo passo, contemple as capacidades instaladas, ou seja, comece a projetar volumes envolvidos dos objetos do negócio, pelo menos, para fase inicial do negócio.

Exemplo de alguns pontos sobre capacidade instalada do fluxo funcional de entrega, acima descrito:

Atividade: Entregar produto abc ao cliente

  • Tempo médio unitário gasto no preparo interno de cada entrega;
  •  Tempo médio unitário gasto em cada entrega;
  • Quantidade prevista de entregas mensais;
  • Quantidade de horas para processar internamente entregas mensais;
  • Quantidade de horas para processar externamente entregas.

Dá trabalho? Vai cometer omissões ou excessos na modelagem? Sim, dá um razoável trabalho, com várias versões. Mas o aprimoramento proverá um gratificante retorno gestorial.  

Esta abordagem ajuda, sobre maneira, o orçamento de implantação do negócio ou mudanças de rumo. Em complemento, um dos vários subprodutos desta abordagem serão os futuros pitchs, pois terão um embasamento funcional bem diferenciado, caso sejam exigidas tais informações.

Já na fase operacional o processo de geração de KPIs será mais facilitado, além de prover bons meios para estruturações orgânicas avançadas, tal como Holacracia ou sistemas de custeio baseado em atividades – ‘custos dos objetos’.

Acredite. Os envolvidos entenderão com muito mais amplitude, pois a linguagem será operacional.

Estas descrições precisam TRANSPIRAR a Proposta de Valor projetada. Este é um grande desafio para empreendedores, ou seja, descrever problemas e a soluções inovadoras na linguagem estrutural empresarial.

Um bom truque no início é determinar um PREDICADO central da startup, tais como: agilidade, atendimento, segurança, funcional, inovação, facilidade de aquisição e outros. Este predicado será determinante nas modelagens de tecnologia, perfis de pessoas, processos e estrutura orgânica e na experiência do usuário. Cuidado com palavras legais genéricas, como ‘qualidade’, por exemplo.  

A Proposta de Valor, o Predicado e as descrições funcionais demandam pleno alinhamento.

E o tamanho certo? Ele será certo na razão direta do devido balanceamento. Uma startup de R$ 100 mil/ano ou de R$ 1 bilhão/ano não fugirá desta regra.

Sempre lembre da mãe natureza. Incrementações funcionais para serem geradas demandam prévias incrementações de complexidade. Esta inversão é bem comum – cresce no físico e depois analisa o sutil da complexidade – e o atual dinamismo dos negócios acaba deixando as mentes responsáveis por esta percepção distantes deste pressuposto mandatório.

No próximo artigo analisaremos pontos críticos sobre Posicionamento Estratégico e Gestão do Desempenho, com foco em startups. 

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