A entrada do Brasil na OCDE é a solução?
Algumas pessoas podem gostar do modo como as Organizações Internacionais alteraram completamente a lógica de funcionamento do sistema internacional, eu particularmente não gosto, e vou explicar bem brevemente o porquê.
As OIs, obviamente, são produtos, senão uma das causas, do intenso processo de globalização que vivemos hoje, é claro que esse não é um assunto que dê pra discorrer com toda a profundidade que se pede em um artigo do Linkedin, mas espero concatenar bem minha linha de pensamento neste espaço disponível. Enfim, as organizações internacionais seguem uma perspectiva de mundo homogênea, ou seja, concluíram que os problemas de todos os países do mundo são essencialmente os mesmos e desenharam a sua lógica de funcionamento baseada em uma solução única que supostamente resolveria todas essas problemáticas.
Tanto OMC, como FMI, Banco Mundial e etc, seguem essa linha de racionalização ocidental, notem que essa é uma afirmação muito pesada de se fazer, mas que sim, está arraigada a uma concepção de mundo de que todos os países do sistema internacional deveriam seguir as mesmas diretrizes: abertura de economia, reforma fiscal, privatizações e, consequentemente, redução do volume estatal. Ora, o que são essas recomendações senão uma visão política de como as relações sociais interestatais e intraestatais deveriam ser? Entretanto, mesmo tendo um modus operandi chafurdado de atos e decisões políticas, ainda assim essas organizações atuam como se fossem representações meramente técnicas e baseassem todas as suas atuações em atitudes apolíticas e imparciais que visam apenas o bem-estar de seus países signatários.
Já comentei sobre isso em algum artigo anterior, mas precisamos nos desprender da ideia que um desenvolvimento pleno se dará a partir da participação ou não em determinados organismos internacionais, porque, na realidade, a própria existência deste grupos exclusivos já é uma demonstração de que existe sim assimetria na relações internacionais e que, se dependermos dos Estados que estão inseridos nos grupos de poder, essas assimetrias nunca deixarão de existir. O século XX foi dividido em décadas de experimentações econômicas, tivemos o boom da linha de produção com o fordismo, a ascensão dos programas nacionais de desenvolvimento e a afirmação das medidas econômicas neoliberais. Dentro de todas essas definições que citei temos países que se deram muito bem e outras nações que se deram muito mal, isso reafirma para nós que não existe um jeito certo de aprimorar seus pontos fracos e potencializar seus pontos fortes, principalmente quando tratamos de um tema tão subjetivo como é a macroeconomia.
Sendo assim, é fácil cair em resoluções simplistas, é fácil dizer que todos os problemas dos países serão resolvidos se descentralizarmos nossas operações comerciais e abrirmos nossos mercados para investidores estrangeiros, e é mais fácil ainda ouvir todos esses conceitos e acreditar que de fato isso é o que necessitamos. Mas a verdade é que Estados e Organizações Internacionais são feitos por pessoas, pessoas são movidas por ideais e ideais são frutos de um processo histórico mais velho que você, mais velho que eu e mais velho inclusive que as próprias OIs, portanto, não se rompe essa cadeia de acontecimentos simplesmente entrando em uma organização e se adequando às suas doutrinas; mas sim com um processo POLÍTICO que envolva muita pesquisa, diálogo e convergência de perspectivas diferentes dentro do seu próprio território.
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Obviamente que atingir esse nível de organização e pragmatismo não é uma tarefa fácil, mas ninguém disse que seria.