Entre bermas?
Nessas análises de estabilidade de projetos e estruturas, você pode se deparar com necessidade de conceitos que ainda não foram completamente definidos.
Para pilhas de estéril temos um texto elaborado pela ABNT (13029:2019) que contempla diversos pontos cruciais, contudo um ainda deixa dúvidas. E essas dúvidas são sempre discutidas tecnicamente mas podem ser carregadas por experiências anteriores, que normalmente são as melhores e também podem sofre com pré-conceitos de experiências em outros tipos de estruturas.
Além dos pré-conceitos, algo que me intriga é a utilização de um "desplacamento" de face no conceito de entre bermas. Não digo que não podemos ter esse tipo de evento em um empilhamento, mas será que ele é a melhor forma de definir o entre bermas.
Nesse sentido, fiz uma busca, mas não encontrei um texto que deixe esse conceito claro para empilhamentos e/ou aterros (que seriam algo mais parecido - não entram na pesquisa o que se tem discutido em barragens e as condicionantes são bem diferentes).
No meu caso, a ruptura entre bermas é o apresentado na Figura.
Considero uma ruptura que começa pelo menos no "meio" da berma superior e sai no "meio" ou um pouco a frente do pé do talude. Notaram que é um definição aberta? Pra que fez cálculo diferencial é aquela questão de "algo que está infinitamente" superior, ou no caso a ruptura ocorre entre bermas quanto não ocorre entre alguma parte da crista e a frente do pé.
A melhor ferramenta para definição do "entre bermas" é o uso do dicionário e revisitar as tarefas de língua portuguesa. A palavra entre é uma preposição e define-se: a meio de (dois espaços, dois tempos, duas situações etc.) e nesse caso entre as duas bermas.
Em uma situação hipotética temos, considerando um ângulo global o FS de 2,10
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No entre bermas, usando o conceito apresentado:
Aqui fiz um exercício hipotético, em que a ruptura ocorre na face do talude. E analisei dois cenários, principalmente visando entender o que aconteceria se o evento de mobilização de massa existisse.
Note que o FS obtido é 1,32. Aqui implicamos em dois pontos: i) não aplicável a análise normativa; ii) considerar como entre bermas? Não sei, aqui vale uma análise criteriosa, contudo no meu caso eu não ficaria preso a simulação e utilizaria embasamento técnico para consolidar a análise.
Se o evento de mobilização ocorresse e por algum motivo o material se desprendesse e a face não pudesse ser regularizada, o que aconteceria na simulação (talvez não na realidade rs)? A Figura abaixo apresenta isso.
A linha vermelha é a face mobilizada. Note que o circulo de ruptura mudou, contudo continua na face. O principal motivo é no que compete a situação e redução da solicitação que "corta" o talude. Mas valida a ruptura da face ou não.
Ficamos no aguardo rs.
Engenheiro Operação de Mina SR | Carga e Transporte | Anglo American Minas-Rio
1 aBuscando aqui sobre o assunto e me deparei com o seu post, professor. Continua relevante e pertinente essa discussão, visto que o geotécnico que simula a falha que ditará a posição dos intervalos de análise (ou pontos limites de onde a curva deve acontecer). Na primeira simulação e na segunda, os parâmetros do material disposto mudaram? Ou a mudança foi apenas na posição dos limites da curva?
Técnico dos Materiais III na USIMINAS
3 aMuito boa a explicação, parabéns e que aula
Auxiliar de engenharia na Contemporanea Engenharia
3 aMeu querido professor.