Entre liderar e servir, não há fronteira
“Liderar não é para qualquer um.” Quantas vezes já não ouvimos isso, geralmente, da boca de quem lidera? Dita assim, por um chefe, é difícil não pensar que se trata de autoelogio, sobretudo, aos ouvidos de funcionários. Por isso, é quase inevitável que a frase soe, nesse contexto, com o significado do famoso dito popular, segundo o qual: “Elogio em boca própria é vitupério”. Traduzindo: o autoelogio é um insulto a quem o escuta.
Porém, sejamos menos melindrosos. Com um pouco de bom senso e menos inveja, a gente vai notar que a frase procede; ainda mais se considerarmos o princípio essencial da liderança. Para considerarmos essa essência, contudo, é preciso olhar a história dos grandes líderes da humanidade.
O maior deles, em termos de civilização ocidental, foi Jesus Cristo, cujo grande mérito não foi outro, senão servir. Afinal, segundo a crença cristã, ele “serviu” a sua própria vida para salvar a humanidade toda. Poderíamos usar a palavra “sacrificar”, mais comum nesse contexto, porém, é perfeitamente possível entender “sacrifício” como ato de servir a própria vida por uma causa maior.
A ideia de servir acompanha a de liderar desde sempre e em todo lugar. O período feudal japonês, por exemplo, teve nos samurais sua casta mais respeitada e poderosa. O xógum, líder militar e do estado nipônico, era um samurai. O mais curioso, no entanto, é saber que o significado da palavra samurai é, justamente, “aquele que serve”.
Certa vez, ouvi de um entrevistando, japonês, frase que, de tão óbvia, jamais havia pensado: “Quem não serve não serve para nada”. Talvez, por tudo isso, o líder que só quer ser servido, sem servir, não seja reconhecido, como tal, pelos seus liderados.
Nesta edição de SuperHiper, em que se estampa, na capa, o 17º Estudo Líderes de Vendas, é natural que se trate deste tema, também, na seção Cotidiano, até porque liderar faz parte do cotidiano de toda loja de supermercado e, no varejo, a relação com a ideia de servir fica ainda mais clara e indissociável. O que é o supermercadismo, senão servir, ao consumidor, o que ele deseja e da melhor forma possível?
A resposta a essa questão justifica, também, todas as posições dessa procissão de marcas, que desfila nesta edição especial da revista. Elas estão aqui e são líderes não é por acaso, mas pela capacidade de, em parceria com os supermercados, servir, com o melhor custo-benefício, os consumidores, atendendo, a contento — cada marca em sua especialidade —, suas demandas e, mais do que isso, necessidades.
Esse texto foi publicado na edição de março de 2016 da revista SuperHiper, ocasião da publicação do estudo Líderes de Vendas, que traz o ranking, por categoria, das marcas mais vendidas nos supermercados de todo o País.