Entre pais e mães
Quando pensamos em nosso mãe fica fácil lembrar do quanto valor ela tem. Foi ela que nos embalou nos braços, que deu seu seio para nos alimentar, passou noites em claro para o nosso bem estar – coisas que só a mãe poderia fazer. É também aquela que sempre é lembrada pelo afeto, doçura e carinho muito mais freqüente nas mães. Mas e o pai? Qual o valor tem um pai?
Quando no auge dos meus enjôos do início da gravidez vi meu marido, por mais de uma vez, colocar a mão sobre a minha barriga e dizer, cheio de convicção: “papai te ama”; ou quando minha filha nasceu disse eu ao pai dela: você não faz ideia de como é maravilhoso ser mãe e ele me respondeu: você e que não faz ideia de como é bom ser pai! Então fiquei pensando: quanta nobreza na alma de um homem, que mesmo não tendo vivido toda aquela relação com um filho, intensa como é a da mãe, mesmo assim ama aquela criaturinha!
E a sua nobreza não para por aí: ele sempre fica com a parte mais difícil, com o problema mais complicado, com a mala mais pesada, com o trabalho mais arriscado, é ele que dá a pior bronca, mas que é a mais necessária, ele aparece quando a mãe já perdeu as estribeiras, e quando ninguém conseguiu resolver a situação, ele tenta resolver e resolve!
Deve ser difícil ser o mais forte sempre, porque apesar disso, nem sempre ele é recompensado e lembrado em primeiro lugar. Por isso eu penso que não deve ser fácil ser pai, já que para ser um "ser humano pai" é preciso ter coragem, fortaleza (física e moral), capacidade de aprender a sufocar a necessidade de afago, compreensão por não ser lembrado, sabedoria para ir se apagando à medida em que mais nítido se faz a personalidade do filho, ser sempre uma influência, jamais uma imposição. E não para por aí: bom senso para ser herói na infância, exemplo na juventude e amigo na idade adulta, manha para brincar e zangar-se, habilidade para formar sem modelar, ajudar sem cobrar, sofrer sem contagiar.
E no final ainda fica feliz porque aprendeu a amar sem receber.
Diretor de Telecomunicações | Consultor | Palestrante | GetCom Consultant Owner
6 aSimplesmente divino este seu artigo. Sou pai há exatamente 33 anos, exatamente a metade da minha vida terrena. Que bom que vivi até agora para ler este texto de extrema sensibilidade. Obrigado Roberta!