Entre urgências e contradições, COP28 pode representar avanços no combate à crise climática
Por | Assessoria de Comunicação - IPGC
Os olhos do mundo estão voltados para Dubai, nos Emirados Árabes, mais precisamente para a COP28, a 28ª Conferência do Clima da ONU. O evento, que teve início em 30 de novembro e segue até 12 de dezembro, reúne 197 países mais União Europeia, que assinaram a Convenção-quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.
Mais de quarenta anos após a Conferência de Estocolmo – quando, em 1972, países se reuniram para constatar pela primeira vez que o bem-estar humano é ligado ao do planeta – os desafios para evitar uma catástrofe global não só permaneceram como aumentaram.
Na COP27, no ano passado no Egito, representantes dos países chegaram a um acordo sobre a criação de um fundo de financiamento para compensar as nações vulneráveis por 'perdas e danos' causados pelo clima e desastres induzidos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres disse que “essa COP deu um passo importante em direção à justiça”, e saudou a decisão de estabelecer um fundo para perdas e danos e operacionalizá-lo no próximo período, ressaltando que as vozes daqueles que estão na linha de frente do conflito da crise climática devem ser ouvidas.
Desafios aumentados
Agora, a COP28 tem como objetivo traduzir os compromissos climáticos em ações e progresso tangíveis. Eventos recentes – e que têm se tornado cada vez mais intensos e frequentes – como inundações, secas e ondas de calor, evidenciam a necessidade de tomar medidas significativas para reduzir os danos das mudanças extremas e evitar o colapso do clima.
A conferência reúne cerca de 50 mil participantes: delegados em representação dos países, observadores, membros da sociedade civil e jornalistas. A participação de milhares de delegados de todo o mundo também serve para celebrar, simultaneamente, a conferência das partes do Protocolo de Kyoto e do Acordo de Paris de 2015.
Estão em debate os impasses a respeito das metas de redução de emissão de gases do efeito estufa e das políticas de compensação aos países mais pobres e atingidos pelas mudanças climáticas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 2,4 mil brasileiros se inscreveram para participar da cúpula em Dubai, dos quais cerca de 400 pertencem a governos.
Lugar de fala brasileiro
O Brasil é considerado indispensável nas discussões sobre o clima, em virtude da importância da Floresta Amazônica e pelo fato de o país liderar várias iniciativas que contribuem para a redução das emissões de gases agravadores do efeito estufa.
O lugar de fala brasileiro se dá em razão da posição de destaque do país no cenário global quando o assunto é, por exemplo, a matriz energética. Dono de uma riqueza natural diversa, o Brasil é atualmente o segundo maior produtor de energia limpa do mundo (89,2% do total de produção nacional), ficando atrás apenas da Noruega, cuja produção limpa ultrapassa os 98%, segundo levantamento anual da Enerdata.
Recomendados pelo LinkedIn
Além de investimentos em tecnologia e ciência, encarar o desafio dos combustíveis fósseis e encontrar uma trégua entre grandes produtores é o que se espera da conferência do clima. Políticas de mitigação, adaptação e justiça social e climática serão necessárias para manter condições de vida e habitabilidade.
Contradições
Uma das vozes mais preponderantes em defesa da união dos países no cumprimento do Acordo de Paris, o Brasil se vê envolto em contradição flagrante. O que deveria ser uma participação destacada se transformou em saia justa com o anúncio da adesão brasileira à Opep+, o grupo estendido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
No momento em que a preocupação das Nações Unidas se direciona para a transição energética, com o abandono do uso de combustíveis fósseis, a entrada no clube do petróleo explicitou a contradição brasileira. O Governo Brasileiro tentou minimizar a questão ao dizer que o Brasil teria papel de observador, não como membro efetivo.
Convite da Amazônia
Embora não tenha chegado ao fim, a COP28 já vê suas expectativas aumentarem para a próxima edição do evento, que acontecerá em 2025 na Amazônia. Essa será mais uma oportunidade para o Brasil apresentar ao mundo seu comprometimento em reduzir a dependência de combustíveis fósseis, conservar as florestas tropicais e combater o desmatamento ilegal.
Se você quer saber mais dessa temática, deixamos a seguir três sugestões de materiais que abordam as discussões presentes na COP28.
Na COP28, Lula mostra lição de casa sobre Amazônia, mas reforça contradição com petróleo - Agência Pública.
COP28, Opep e as contradições do Brasil - Café da Manhã, Folha S. Paulo.
A Conferência do Clima no berço produtor de petróleo - O Assunto, g1.