Entrega de Valor, Agilidade e o Business Case
Seguindo a série de artigos sobre "Entrega de Valor de Negócio nos Serviços de TI", comentei no meu artigo anterior sobre um Workshop que realizei em 2018 com foco na entrega de valor. Na época, mantive o foco em um artefato polêmico: o Business Case. Um resumo sobre a análise de padrões sobre Business Case está em outro artigo meu: Business Case em Demandas de TI.
Me refiro a polêmica considerando que estamos vivendo a era da Agilidade e nas jornadas de Transformação Ágil que tenho participado, diversos temas são pouco explorados sob uma abordagem acelerada e justificada que "não sabemos o que o cliente deseja, então vamos descobrir ao longo de uma rápida experimentação". As possíveis armadilhas de não ter uma Visão e Objetivos adequados e visíveis para o que quer que estejamos tentando alcançar, seja um novo produto, uma grande mudança em um produto existente ou a própria transição Ágil, pode ser um risco desnecessário para o empreendimento. É o erro comum da confusão do termo "ágil" para muitos ainda significa "rápido".
E a importância do Business Case é ressaltada pelos diversos padrões e frameworks de mercado que exploram este artefato com parte fundamental das entregas de projetos e serviços, e principalmente, na efetiva realização de benefícios e geração de valor do negócio. Por exemplo, na ITIL4, no livro 2 "Drive Stakeholder Value", há um tópico específico sobre a necessidade de entendermos de forma clara sobre os resultados esperados pelo cliente, através de um conjunto essencial de informações que contribuam para a compreensão de valor, a reflexão sobre viabilidade do empreendimento e principalmente dos elementos que devem ser "frequentemente monitorados" durante a execução e entrega do produto ou serviço.
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Na abordagem de Projetos, o Business Case é considerado como parte do Gerenciamento da Realização de Benefícios. No artigo Business Cases in an Agile World, o autor Andy Jordan explora com clareza a polêmica que me refiro e oferece uma excelente reflexão de como podemos (ou devemos) manter em mente a relevância deste documento e como podemos adequá-lo em nossas práticas ágeis.
A polêmica se acentua sobre a forma clássica como ainda elaboramos e avaliamos um Business Case. Na minha experiência, a maioria das pessoas que escreve, lê ou aprova m Business Case tende a se concentrar mais nos custos. E infelizmente acabam deixando a discussão sobre a realização de benefícios capturada sob as métricas financeiras. Pior ainda, quase ninguém se refere ao Business Case após a aprovação. Dificilmente se observa o esforço para medir os benefícios realizados após a conclusão do projeto. No entanto, as mesmas pessoas ficam obcecadas com custos excessivos no projeto. Poucas pessoas entendem o conceito de Valor.
O conceito de Valor é fundamental para a abordagem Ágil. O valor se manifesta através da priorização dos incrementos. Na abordagem ágil, o objetivo é entregar valor de forma regular e periódica, e um Business Case estruturado oferece a visão necessária para medirmos a realização de benefícios de maneira ágil. Os custos do projeto são realizados frequentemente ao longo de sua execução. Faz sentido que os benefícios possam também ser medidos frequentemente, e o Business Case sendo um documento "vivo" pode ser construído e acompanhado também em ciclos curtos e regulares, e não no final como era antigamente. Essa é a abordagem Ágil para a adoção de um Business Case e a geração de valor de negócios.