A escola e os smartphones
Foi sobre isto que falei ontem com um grupo de professores.
Os smartphones transformaram a maneira como nos comunicamos, mas não há dúvida de que podem ser uma grande dor de cabeça para professores e direcções das escolas. E são já muitas as notícias sobre escolas, muitas nos Estados Unidos, na França, na Bélgica e noutros locais que não vemos porque estão longe, que vão tornando as restrições ou proibições do uso de telemóveis por parte dos alunos na escola muito populares. E a pergunta para 1 milhão de euros é: será este um passo na direcção certa?
Pessoalmente, e de acordo com o que tenho escrito sobre o assunto, não concordo com proibições. Sou apologista de regras na escola, de ajudar (treinar/educar) os alunos a cumpri-las, neste caso a usar os smartphones com responsabilidade. Aliás, hoje não falamos já apenas de smartphones, mas também de relógios, pulseiras, etc. Proibir não será apenas esconder a realidade?
Alguém falou de ansiedade dizendo que para alguns estudantes a ansiedade poderá causar mais mal do que bem. Não comento nesta curta reflexão mas recomendo "Peanuts, o Filme", em particular a relação de Charlie Brown com o seu cobertor.
Como tecnólogo e adepto das tecnologias educativas, defendo que estes dispositivos podem ser uma óptima ferramenta de apoio ao ensino. Não tenho, contudo, ilusões de que são usados para outros fins durante as aulas.
Ensinar os alunos a usar seus dispositivos de forma responsável poderá passar, por exemplo, pela criação de períodos de utilização livre, durante o dia escolar, durante o almoço e em aulas cujos conteúdos o permita. Aprender a auto-regulação pode passar por um plano em vez de uma proibição.
São, aliás, as recomendações da Common Sense Media, uma organização sem fins lucrativos com sede em San Francisco que se concentra nas relações da criança com a tecnologia e com a 'mídia'.
Uma última observação prende-se com algo que tenho constatado através do meu filho adolescente e no contacto com adolescentes universitários: hoje o smartphone é já o PC de trabalho para muitos deles. Há alunos que não têm 'laptop' em casa, por exemplo. Ou ligação à Internet fixa estando limitados a gerir as limitações dos dados móveis. E com esses smartphones eles criam quase tudo.
Em tempos falei no cesto na ponta da mesa à hora das refeições ou em jantares de família ou amigos. Hoje lembrei-me desta imagem com um exemplo de um depositário de telemóveis para pendurar na porta ou na parede. Quem sabe a ideia não pega e não possa ser bem gerida?