Provar e degustar o Metaverso
O que começou como uma ideia para produção de conteúdos educativos para ambientes virtuais, pode tornar-se num projeto fantástico na área do turismo. O Metaverso, o mundo virtual tridimensional imersivo que alguns já conhecem, ou pelo menos ouviram falar, é cada vez mais uma realidade “palpável”. Através das sua capacidade e infinitas possibilidades e criar ambientes e experiências únicas, o Metaverso constitui-se hoje como uma poderosa ferramenta para promover sítios, lugares, tradições, instituições, etc., proporcionando novas formas de interação e envolvimento com os utilizadores.
Hoje temos já, em Portugal, alguns exemplos de eventos virtuais, visitas guiadas, jogos interativos, conferências e exposições virtuais. O desafio que temos pela frente, caso consigamos reunir competências e apoios, é proporcionar uma experiência enoturística envolvente e educativa aos apaixonados pela cultura do vinho. Ao mesmo tempo que pessoas poderão explorar e interagir com a representação digital dos lugares, a ideia é explorar algumas ideias sobre como aproveitar esse potencial para oferecer uma experiência imersiva e cativante que envolva mais sentidos.
Ainda no campo das possibilidades, a ideia é, pelo menos nesta fase ainda muito carregada de utopia, não colocar limites. Porque não criar vinícolas virtuais, com base nas características reais das vinícolas mais famosas de Portugal, permitindo aos utilizadores explorar as instalações, aprender sobre o processo de produção do vinho e até interagir com os especialistas virtuais que responderão a perguntas? Porque não dar a possibilidade ao utilizador de participar numa degustação virtual? Porque não procurar tecnologia que possibilite simular aromas, sabores e texturas, de forma a proporcionar experiências sensorialmente imersivas? E, como não poderá deixar de ser, serão todos bem vindos ao palco dos eventos e dos tradicionais festivais de vinho, desta vez virtuais, nos quais o público, desta vez global, conhece os produtores, participa em workshops e palestras sobre enologia e, claro, nos concertos temáticos, enquanto desfrutam virtualmente de um bom vinho português.
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E, já que a ideia partiu de uma ideia ligada à educação, porque não fazer-lhe justiça, com uma abordagem educativa, através da disponibilização de Cursos e Workshops de Enologia, onde os utilizadores podem aprender a arte de degustar, identificar aromas e sabores, e até mesmo participar em simulações práticas de produção de vinho.
Há, sem dúvida, uma nova dimensão de exploração oferecida pelo Metaverso, permitindo que as pessoas se liguem à cultura, à história e à beleza dos sítios e lugares. Nas cidades, uma abordagem virtual é uma forma emocionante de promover o turismo, proporcionando, em simultâneo com as experiências imersivas, o despertar da curiosidade e o encantamento dos utilizadores. Infelizmente, muitas instituições e empresários não aproveitarão a oportunidade, não por não terem especialistas e recursos disponíveis, mas simplesmente por falta de estratégia e receio de inovar. Numa altura em que o turismo é, provavelmente, a nossa maior fonte de receita e garantia da sustentabilidade nacional, certamente que as cidades portuguesas irão expandir as suas presenças virtuais, convidando o mundo a explora-las e a encantar-se com a nossa riqueza histórica, cultural e natural.
Citando Munari, naquela frase em que tanto acredito e que tanto me move: "das coisas nascem coisas". Mas, segundo Mark Twain, não passarão, os que têm uma ideia, de uns tipos esquisitos, até que a ideia vença.