ESG E A IMPORTÂNCIA DA REINVENÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E GOVERNAMENTAIS*
“A mudança é a lei da vida. E aqueles que olham apenas para o passado, ou para o presente, irão com certeza perder o futuro”. John F. Kennedy
Compromisso com transparência, diversidade, inclusão, proteção do meio ambiente, estímulo à adoção de práticas de sustentabilidade, salários justos, desenvolvimento de talentos, de fornecedores, ética. As expressões acima, se inseridas em qualquer discurso, artigo ou declaração pública, podem abrilhantar argumentos e garantir salvas de palmas. Podiam.
Nossa sociedade já sinaliza há tempos que quando a retórica não se transforma em ações, palavras vazias perdem o seu significado e podem causar um verdadeiro estrago na imagem e reputação das organizações e profissionais. E no mundo dos negócios, credibilidade e confiança passaram a ser ainda mais importantes do que os produtos e serviços que as empresas desenvolvem e comercializam.
Neste sentido, são emblemáticas as cartas de um dos maiores gestores de investimentos do mundo, Larry Fink, que reiteradamente vem sinalizando que as empresas sem propósito e que não comprovarem o cumprimento de suas obrigações com a sociedade, serão deixadas para trás – leia-se, não receberão mais investimentos do seu fundo, o BlackRock.
Recado semelhante têm sido dado por Klaus Schwab, economista e um dos fundadores do Fórum Econômico Mundial, para quem o setor privado precisa reavaliar as suas missões e ações para contribuir com a construção de uma economia global que priorize o progresso, as pessoas e o planeta.
No jargão corporativo, ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) é o nome do jogo. E sairão na frente aquelas empresas que reafirmarem seus compromissos com todos os seus stakeholders e com o bem-estar social.
É verdade que discursos similares, mas com tonalidades diferentes, sempre permearam a narrativa de bom-mocismo das corporações, que nem sempre a transformava em ações de impacto. Mas a partir de eventos trágicos como a pandemia, as consequências de séculos de desigualdade racial e a crise do clima, o mercado e a sociedade intensificaram suas releituras sobre o que é de fato importante que as empresas retornem para seus acionistas.
E justiça seja feita, muitas delas já vem anunciando metas ambiciosas de neutralização de suas pegadas ambientais, para o desenvolvimento de produtos e serviços mais sustentáveis e práticas de inclusão social. Tudo isso amparado por uma estrutura de governança, com métricas, investimentos e penalidades para o caso de os objetivos não serem atingidos.
Tão ou mais importante, é a sensibilidade para que as empresas que adotem o ESG sejam capazes de não esquecer de um E que permeia todas as letras da sigla - o de Economics - e trabalhar para comprovar o impacto real que esses novos pilares de negócio terão nos resultados da empresa e nos desenvolvimento da sociedade.
E para que esta visão seja sustentável no longo prazo, serão necessárias lideranças internas capazes de construir alianças, mobilizar grupos, analisar cenários cada vez mais mutantes e desafiadores, além de influenciar positivamente a construção de políticas públicas que habilitarão o sucesso das estratégias sócio-ambientais. Terá destaque o profissional que conseguir demonstrar intuição, criatividade e boa comunicação.
Qualquer semelhança com pessoas, nomes ou acontecimentos, não é mera coincidência. Já estou no mundo de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) há tempo suficiente para saber que a nossa relevância nas organizações é diretamente proporcional à nossa capacidade de nos reinventarmos.
E nas próximas décadas, ESG será esta reinvenção. A oportunidade que os profissionais de RIG terão de expandir suas atividades nesta área, trará muito mais do que novos chapéus, mas uma ressignificação da forma como pensamos e atuamos.
É hora de acelerarmos a busca por novos conhecimentos e competências. De protagonizarmos uma verdadeira mudança de cultura de dentro para fora. De provarmos que somos bons na arte de desmistificar questões técnicas e transformá-las em um diálogo mais palatável e natural para a compreensão de todos os funcionários e demais atores externos. De adotarmos tecnologias habilitadoras de decisões com base em dados. De mostrarmos que podemos liderar para além da nossa zona de conforto e integrar áreas fundamentais para a implementação de estratégias ESG, como Finanças, Auditoria, Recursos Humanos, Comunicações e Relações com Investidores.
Nossa disponibilidade e prontidão serão testadas, e abrirão tantas oportunidades quanto a nossa capacidade de compreensão da importância da velocidade, da ética, do conhecimento, dos relacionamentos, dos negócios e de um olhar cada vez mais humano e inclusivo para tudo o que gira ao nosso redor.
Bem-vindos à era da revolução dos negócios impulsionados por acrônimos de três letras.
* Artigo publicado originalmente na Revista Diálogos, do Instituto de Relações Governamentais (#IRELGOV) - shorturl.at/qyKS4
** Fabio Rua é diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da IBM para a América Latina e Vice-Presidente do IrelGov.
Relações Institucionais | RIG | Gestão de Stakeholders| Impactos e Riscos| Transição Energética.
1 a#ESG, Segue o Jogo, Fábio Rua. Artigo interessante por trazer significado a Rede de Profissionais de RI, RIG. Parabéns pela ousadia e liderança!
CEO - TSX ADVISORS
3 aÓtima abordagem. O ESG ganhou os discursos, mas na prática tem sido tratado na superfície e sem a fundamental vinculação de essência com o Economics.
C-Level | Conselheira | Membra do IBGC, WCD, Grupo Conselheiras | Tecnologia | ESG
3 aLuiza Vaskys Lima , veja isso