ESG e o capital humano: um olhar para o principal e mais importante ativo que as empresas possuem hoje
Nos últimos 3 anos, o mundo se transformou. As pessoas se viram obrigadas a se readaptarem diante da pandemia de COVID-19. E agora em 2022, estamos diante de uma guerra entre russos e ucranianos que provoca fortes impactos nos cenários econômicos. E ela não parece estar perto de acabar.
Diante de ambas as situações, não há como não se falar em ESG (environmental, social and governance). Em português é ASG. É a sigla que faz referência às práticas ambientais de sustentabilidade, aspectos sociais com os stakeholders (funcionários, clientes e demais pessoas e grupos interessados e impactados pelas ações da empresa) e de governança corporativa que inclui os valores, princípios e outros aspectos da organização.
Embora tenha ganhado mais força durante a pandemia, o termo surgiu em 2005, em uma conferência da Organização das Nações Unidas que foi presidida por Kofi Annan, que a época era o secretário-geral da ONU.
O capital humano
Ao conjunto de conhecimentos, habilidades e competências de cada pessoa que integra a empresa e contribui para produzir valor econômico através de uma atividade laboral, chamamos de capital humano.
Por vezes, tem se a ideia de que para inovar, transformar e causar grandes mudanças numa organização há sempre necessidade de altos e caros investimentos constantemente. Em vários casos certamente que sim, por exemplo, no que tange às questões ambientais.
Entretanto, no aspecto social, para manter os colaboradores e gestores produtivos e com mais qualidade de vida, o investimento pode não sair tão caro quanto se pensa ou se espera.
Não é preciso fazer contas para entender o que vou falar aqui.
Quanto menos se investe no desenvolvimento pessoal dos colaboradores e gestores, maiores serão os investimentos para remediar os problemas de saúde emocionais, psicológicos e físicos deles. E consequentemente, não reduzirá o turnover.
Qual é o meu propósito? Qual é minha missão de vida? Para que eu existo nesse mundo? Qual o sentido da vida? São exemplos de perguntas que esses colaboradores e gestores, por vezes, só conseguirão responder a partir do momento que ampliarem sua consciência, através do aumento da sua capacidade perceptiva, isto é, do aumento da sua visão e compreensão sobre si e o mundo em que vivem.
A essa conexão e diálogo consigo mesmo me refiro a relação intrapessoal. À interação com o outro e o ambiente a sua volta é a relação interpessoal.
Assim, se faz necessário desenvolver um olhar mais observador, mais perscrutador dessas pessoas que compõem a empresa, através da percepção e conexão.
Deve-se investir na educação¹ delas, no que diz respeito ao conhecimento sobre desenvolvimento do ser humano, no autoconhecimento, na mentalidade de crescimento e na amplitude do saber e da consciência, o que contribuirá para a melhoria das relações humanas no ambiente profissional.
Isso reverberará no ambiente familiar, social, e em outros aspectos pessoais desses profissionais, provocando uma transformação na pessoa, a partir da sua conscientização como indivíduo e em sociedade.
²Porque investir no capital humano?
Talvez algumas perguntas possam te ajudar a responder.
Porque sua equipe comercial não atinge os resultados esperados? Porque é difícil gerir conflitos? Porque é difícil selecionar os candidatos adequados ao cargo e à cultura da empresa? Simplesmente, porque os profissionais não conseguem ver além das aparências, captar a linguagem intrínseca do outro e nem perceber bem o que se passa ao redor e no mesmo momento.
Agilidade de percepção e conexão não é simples, mas é treinável.
É preciso ensiná-los a se autodesenvolverem, se autoliderarem e eles mesmos identificarão seus limites e potenciais. Cada um passará a ser um criador, um inovador, um moldador de uma realidade, diminuindo o número de doenças psíquicas e emocionais com o fortalecimento do si mesmo.
E os líderes terão que se preparar para essa nova geração de liderados que não serão mais meros colaboradores, senão líderes. Os atuais gestores devem se preparar para liderar líderes!
Mas para torná-los líderes é necessário ensiná-los a pensar! Me refiro a pensar além da média, porque pensar todos pensam, então, o diferencial dos colaboradores e gestores da empresa é que eles terão a capacidade de ir além.
E assim se formarão novos pensadores, verdadeiros diamantes, ou como prefiro chamar, líderes cisnes negros, pessoas e líderes com autoconfiança, com uma mentalidade transformadora, perspicazes nas análises porque aprendem a desenvolver a agilidade de conexão.
E isso só é possível a partir de uma percepção mais aguçada, o que lhes proporcione um entendimento sobre o ser humano e as mazelas do mundo, sobre as necessidades humanas, a compreensão do que acontece no mundo e a sua volta, além do si mesmo, contribuindo para a união e melhoria das relações no ambiente de trabalho.
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E o quanto isso é importante? Você pode compreender se se fizer a seguinte pergunta: se não consigo perceber e desenvolver a mim mesmo e o meu potencial, minha capacidade, minhas habilidades, como poderei extraí-las de outrem?
Daí que faz sentido a frase de Platão: “tente mover o mundo. O primeiro passo será mover a si mesmo".
Sobre os resultados e benefícios que o aumento da percepção, conexão e atitudes de liderança podem trazer para a empresa no geral, é que essas iniciativas promoverão:
Isso só para citar alguns.
O poder da mente
O cérebro racional, mesmo sendo mais lento por necessitar de comprovações, geralmente, é o mais utilizado.
O cérebro intuitivo, nem sempre é valorizado, mas ele é rápido nas conexões, na identificação de problemas, brechas, falhas, e se bem treinado consegue conectar rapidamente diferentes informações através das experiências adquiridas ao longo da vida, encontrando possíveis soluções e ideias que possam ser colocadas em prática e experimentadas em busca de melhorias e resultados.
Saber utilizar os dois lados do cérebro só traz vantagens.
O ser humano, em geral, necessita estímulos e desafios. Alguns preferem desafios mais complexos, outros nem tanto. Mas no geral, o poder de realização e a expectativa de serem reconhecidos e valorizados pelo que desenvolvem, criam, recriam, produzem, enfim, movimenta o capital humano.
Claro que nenhuma pessoa desenvolverá uma percepção aguçada do dia para noite. E, ao contrário do que muitos podem pensar, o treinamento não é difícil, mas aumentar a capacidade dessa habilidade só é possível praticando.
E o desenvolvimento da percepção como habilidades tão necessárias para os negócios e para essa nova era de rapidez de conexão e informações, exige cada vez mais das pessoas
Se pensar bem, não é interessante negligenciar ou diminuir o investimento no capital humano e no aperfeiçoamento quanto ao conhecimento sobre relações humanas, sobre pessoas e seu desenvolvimento, se você quer melhorias na empresa. É preciso fazê-lo de uma forma diferente, investindo na educação dos colaboradores e gestores.
O ponto chave para as mudanças, inovações e os resultados que as empresas esperam são as próprias pessoas. E não será uma mudança somente no âmbito profissional. Como eu disse anteriormente, extrapola para a vida pessoal e para a sociedade. E assim, as empresas e organizações cumprem o seu papel de promover transformações sociais, o S do Social de ESG.
Portanto, não bastam somente os diplomas e o conhecimento técnico, seja para assumir uma liderança ou atividades na empresa como colaborador. Também não é suficiente ser só bom na habilidade de comunicação, por exemplo, porque só a comunicação não basta para resolver conflitos e nem problemas, tampouco preveni-los.
É preciso melhorar as relações humanas na empresa. Mas, para isso, terá que investir em educar esses profissionais para aprenderem a ver e pensar o que está nas entrelinhas!
É preciso ter um olhar para o capital humano, no mais amplo dos sentidos!
¹ Quer ampliar sua visão sobre o sentido de educação a que me refiro nesse artigo que acabou de ler? Continue a leitura nesta publicação:
² Este artigo foi escrito com base na publicação abaixo: