ESG sem o G: por onde anda a governança?
Não há qualquer dúvida: ESG é o assunto da década. A estratégia de três letras que consolida o que de mais importante existe no meio empresarial - as boas práticas ambientais (E), sociais (S) e de governança (G) - segue ganhando relevância na criação do valor de mercado. Mais do que isso. Virou um instrumento quase obrigatório na agenda corporativa.
Mas nem todas as letras têm o mesmo peso nessa balança. Uma pesquisa da Manpower Group, que avaliou as práticas ESG no mundo corporativo, mostrou que a governança é o pilar menos valorizado do ESG e o que menos tem recebido atenção do mercado. Os números revelam esse descaso: apenas 14% das empresas brasileiras concentram suas atividades nesta área. A prioridade fica para a agenda social, onde 42% das empresas possuem ações de destaque. Logo depois vem as ações ambientais e sustentáveis, com 26% das práticas.
Onde, então, foi parar o G?
Muitos podem até não ver, mas a governança tem lá sua (alta) dose de importância. É ela, afinal, que alinha os valores da empresa. Que define como ela será administrada, dirigida e controlada. Que estrutura processos, implementa mecanismos de controle interno e contribui para melhorar a eficiência operacional e para a geração de resultados. É ela que permite as boas relações internas, da alta administração, dos sócios e de todas as demais partes interessadas.
O G é transversal. Integra todas as ações ESG da empresa. É o fator governança que evita problemas no sistema organizacional, evita riscos e evita má administração. Evita também condutas de washing, tão em alta, tão nocivas e tão diversas - do greenwashing (divulgação falsa sobre sustentabilidade) ao pinkwashing (falso posicionamento sobre a diversidade). E é também aquilo que garante a transparência para todos os atos da organização.
Sem governança, a longevidade da empresa fica ameaçada.
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Mas a governança também tem o seu fraco. Um fraco bem forte, por assim dizer: ela não é vista lá fora. O G só funciona da porta para dentro e é por isso que é deixado de lado. Está enraizado em operações internas, não passa de uma coleção de procedimentos meramente burocráticos. E isso não é visível.
Não cabe na vitrine corporativa.
Ainda assim, aparece. E aparece para a TV, para os jornais, para as manchetes. Ganha holofotes quando faz falta. Uma pesquisa da ACE Cortez mostra exatamente isso: 43% das empresas avaliadas enfrentam dificuldades em gerar resultados em projetos por falta de governança.
O G faz falta quando as falhas e as crises estouram. Quando se transformam em escândalos e viram um problema. As Lojas Americanas que o diga, nos últimos tempos.
Crise de governança.
O ESG está na moda e está em alta justamente porque é ESG. Porque são três letras. Porque é ambiente, é social e é governança. Um combo de três. Três letras, três conceitos, três condutas. Não existe ESG sem governança. Porque é na governança o lugar onde tudo se equilibra.
Membro CA Celesc S/A. Membro dos Comitês: Estratégico, Regulatório e de Sustentabilidade/Finanças e Comercialização/Recursos Humanos/Eligibilidade
1 aBoa pergunta!
Consultora de Sustentabilidade
1 aO G do ESG é sem dúvida o mais importante, sem ele nao há política, estrutura, recurso ou garantia de tomada de decisão.