A espera de André Mendonça
Está parada com o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), há três meses, a sabatina de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). Alcolumbre divulgou nota na última quarta-feira (14) reclamando de "agressões de toda ordem" decorrentes da demora em pautar o nome de Mendonça. O presidente da CCJ fez referência ao caráter supostamente antissemita das críticas que recebeu (Alcolumbre é judeu) e de que ele estaria incitando uma "guerra religiosa".
O senador tem sido vocal na defesa dos interesses de seus colegas no Senado Federal. Para eles, Mendonça é um expoente do lavajatismo, movimento que varreu a classe política brasileira. O movimento anticorrupção capitaneado pelo juiz Sérgio Moro mandou muitos próceres da política brasileira para a prisão. Esse temor faz com que o nome do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro fique em "banho maria" até pelo menos, segundo Alcolumbre, o início de 2023, depois das eleições.
Desde 2019, no entanto, o lavajatismo tem colhido derrotas no STF, como por exemplo, a votação 6x5 contra a votação da condenação após segunda instância. A votação possibilitou a soltura do ex-presidente Lula, o maior troféu da Operação Lava-Jato, em novembro do mesmo ano, que estava preso desde abril de 2018. A decisão, segundo promotores e procuradores, representou um duro golpe contra o combate â corrupção. Desde então, a força-tarefa perdeu fôlego.
É nesse cenário que está inserido o nome de André Mendonça para ocupar a vaga do ex-ministro Marco Aurélio. Mendonça, que já foi Advogado Geral da União (AGU), se notabilizou por usar a Lei de Segurança Nacional para perseguir críticos do governo Jair Bolsonaro nas redes sociais e nas ruas. Ele é o ministro "terrivelmente evangélico" prometido pelo presidente da república à bancada evangélica. É consenso que o STF precisa de um ministro terrivelmente seguidor da Constituição e não um bate-paus do presidente de turno. A ver se ele será bem-sucedido em sua empreitada.
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