Está tudo bem... Será?
Nos últimos dois anos, envoltos em insegurança, luto coletivo e estresse crônico deram-se significativas mudanças de paradigmas no mundo corporativo, acelerando transformações nos modelos de trabalho, estilo de gestão e emprego da tecnologia.
Uma alteração no comportamento dos trabalhadores também contribuiu com essa transição de cenário: as pessoas não querem trabalhar para empresas ou gestores inflexíveis. E, havendo oportunidade de troca, os talentos migram para companhias que se mostram bem-sucedidas em se adaptar aos novos anseios, mesmo que seja para ganhar menos. Nota-se ainda que isso já não é exclusividade dos mais jovens, uma vez que profissionais experientes também têm avaliado o quanto vale a pena dedicar a maior parte do tempo em uma ocupação exaustiva sob a liderança de gente tóxica, como indica estudos da atualidade.
Segundo o estudo Work Trend Index 2022, realizado pela Microsoft com 31 mil participantes em 31 países, o número de profissionais que estão sujeitos ao modelo híbrido de trabalho, cresce 7% ao ano. Desse universo, 53% afirmam estar mais propensos a priorizar a saúde e o bem-estar em vez do trabalho, em comparação ao período pré-pandemia.
Em meio a tudo isso, o termo Quiet Quitting, que viralizou recentemente nas redes sociais, para identificar a “desistência silenciosa”, chama a atenção de muita gente. Em suma, essa expressão explica uma postura de trabalho na qual não se faz mais do que a obrigação em troca do salário, preservando pelo menos a sanidade, enquanto a troca de emprego não acontece.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), aproximadamente 2,9 milhões de trabalhadores brasileiros pediram demissão apenas no primeiro semestre de 2022.
Este é o maior índice desde 2005 e, considerando a séria crise econômica que assola o país, é possível deduzir que muita gente está insatisfeita com suas atuais condições de trabalho, muitos conseguiram se libertar dessa condição, enquanto outros continuam silenciosamente aguentando sua rotina, mas... até quando?
O desligamento não planejado de um colaborador, pode trazer consigo vários desafios para a gestão e para aqueles que ficam. Ao gestor caberá repensar a organização e distribuição dos trabalhos, recursos e equipe para tentar manter a qualidade e os resultados. Aos membros que permanecem na empresa, caberá assumir as responsabilidades e atribuições do colega que se desligou, ou seja, terão uma sobrecarga de trabalho
Nesse cenário, vale ainda considerar outros impactos sobre as pessoas que estão nesta situação, tanto na saúde física quanto mental.
Dentre esses efeitos, o Burnout, que passou a ser considerado doença ocupacional em 2022, registra aumento de casos, o que também evidencia que muitos sentem o efeito do excesso de trabalho em suas vidas, levando, inclusive, a problemas de saúde e necessidade de afastamento das atividades laborais.
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Há muitos fatores que podem levar à insatisfação com o próprio trabalho, como condições de trabalho, metas ousadas demais, sensação de não estar sendo valorizado pela empresa ou respeitado pelas lideranças, dentre outros. Desgosto esse que, se perdurar por muito tempo, pode ser o estopim para o Quiet Quitting e para o Burnout.
Esse cenário amplia a necessidade de se criar um ambiente saudável de trabalho, dando ao líder um papel central, como principal responsável por monitorar e melhorar as condições existentes, porém, traz consigo desafios:
- Será que você está ouvindo o que seus colaboradores estão dizendo?
- Será que você percebe os sinais?
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