Estante da Sofia entrevista: Bruna Cosenza
Olá, leitores!
Tudo bem?
Estamos começando hoje o mais novo projeto do Estante: Estante da Sofia entrevista.
Em que vou trazer pessoas que trabalham e tem a literatura no seu dia a dia para nos contar um pouco sobre sua história e sobre sua interação com os livros.
A Bruna é autora do livro Lola e Benjamin que foi um dos livros que me trouxe de volta a minha rotina literária há 2 anos atrás. Eu sou completamente apaixonada por esse livro, é um xodó.
Graças a Internet maravilhosa e ao Instagram, hoje eu posso ter contato direto com a pessoa inspiradora e incrível que é a Bruna, que além de ser autora, é produtora de conteúdo, Linkedin Top Voice 2019 e tem um curso de escrita para autores. Conheça o blog dela: Para Preencher
Então, hoje trouxe para vocês um bate papo com a Bruna e espero que vocês gostem muito porque esse momento foi único e especial demais para mim!
Me fale um pouco sobre você. Qual seu nome, sua idade e que área atua no momento.
Meu nome é Bruna Cosenza, tenho 26 anos e sou formada em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda. Trabalhei alguns anos em agências de publicidade e no terceiro setor, mas em setembro de 2019 decidi sair do mundo corporativo e me tornar redatora freelancer. Hoje, portanto, atuo como produtora de conteúdo para marcas, além de ter projetos pessoais voltados para escrita e literatura. Sou autora do romance "Lola & Benjamin" e este ano vou publicar minha segundo obra, um livro de crônicas e cartas.
Falando um pouco sobre livros, você sempre pensou em atuar na área da literatura?
Por incrível que pareça, não! Decidi cursar publicidade e propaganda sem ter muita consciência da importância desta escolha - eu me lembro que apenas fui no fluxo e escolhi algo que "achava" que gostava. Ao longo da faculdade e ao vivenciar algumas experiências de estágio em agências de publicidade fui percebendo que tinha algo errado.
Eu simplesmente não conseguia me encaixar naquele universo, mas não sabia muito bem como me encontrar. Gosto de contar para as pessoas que eu cresci e amadureci muito nesse período da faculdade e foi nesse momento que comecei a criar um laço mais forte com a literatura.
Sempre tinha gostado de escrever, mas ainda não enxergava a minha paixão nesta atividade. Nessa época, eu comecei a namorar, mas foi um relacionamento muito conturbado que acabou terminando em poucos meses. O meu ex-namorado incentivava bastante o meu lado artístico e comecei a colaborar em um portal chamado Obvious, no qual vi alguns dos meus textos chegarem a mais de 60 mil pessoas. Foi assim que percebi que a escrita era poderosa e que as pessoas se identificavam com as minhas palavras.
Quando terminamos o relacionamento, sofri muito e a escrita me ajudou no processo de cura. Criei o meu blog, Para Preencher, onde comecei a compartilhar textos, cartas, poemas - tudo sobre o meu coração partido. Aos poucos, fui aprimorando o blog e levando este hobby como uma atividade paralela em meu dia a dia.
Enquanto trabalhava com a publicidade, também escrevia. Foi só em 2019 que consegui enxergar e assumir para mim mesma que não tinha como fugir da escrita - era o que eu fazia de melhor e precisava trabalhar com isso. Após muito planejamento, fiz a minha transição e me tornei redatora freelancer. Além disso, agora tenho mais tempo para focar em projetos de escrita e nos meus livros.
O que mais te encanta e mais te desanima na área que você trabalha hoje?
No mundo ideal eu trabalharia apenas com a literatura, mas sabemos que isso é praticamente impossível em nosso país. Até grandes e conhecidos autores não vivem apenas de livros, precisando complementar suas rendas com outras atividades.
Gosto de trabalhar como produtora de conteúdo, pois é uma atividade que está relacionada à escrita, porém, não gosto muito de ficar presa aos mecanismos de busca (o famoso SEO). Isso porque sempre tive um viés de escrita mais literário e acredito que essas técnicas, apesar de necessárias, limitam um pouco a produção de conteúdo.
Mesmo assim, faz parte do jogo, né? Em alguns momentos a gente foca em SEO e em outros em conteúdo literário (como gosto de chamar: conteúdo "otimizado para o coração")
Se você pudesse dar uma dica para quem deseja trabalhar na sua área, qual seria?
Para trabalhar como produtor de conteúdo freelancer, a dica é se especializar e fazer cursos que são referência na área - focados em SEO, escrita criativa, storytelling etc. Além disso, para se firmar como freelancer é preciso trabalhar a sua imagem, investindo bastante em marketing pessoal para construir uma autoridade. Para isso, recomendo a utilização do LinkedIn, a rede que mudou a minha vida e me tornou referência em produção de conteúdo.
Já para quem deseja atuar no meio literário, a minha maior dica é ter resiliência, pois não será nada fácil. Só quem realmente ama escrever se mantém firme neste meio tão complexo. Já publiquei um livro e agora estou terminando a produção do segundo e posso afirmar que não existem caminhos fáceis.
A cada publicação a gente erra muito e aprende para fazer melhor na próxima. Se você é um escritor iniciante e não sabe nem por onde começar, recomendo que converse bastante com escritores mais experientes, faça cursos, oficinas e busque se informar sobre o mercado editorial. Aliás, o meu curso Carreira de Escritor nasceu justamente com este intuito e recomendo bastante para quem está começando na área.
Você já escreveu um livro. Como que surgiu essa vontade e o que foi mais encantador e mais difícil no processo?
Como contei anteriormente, durante a faculdade vivi um relacionamento muito intenso, que despertou a minha vontade de escrever. O meu romance, "Lola & Benjamin" nasceu durante este período da minha vida.
O meu objetivo era colocar no papel histórias que eu vivi e também que vi meus amigos vivenciando. Eu queria escrever um livro muito real sobre os relacionamentos que vivemos atualmente, ou seja, queria que as pessoas se identificassem com a história e os personagens.
Foi muito gostoso o processo, pois tudo que está na obra é baseado em histórias que todos nós já vivemos ou vamos viver em algum momento (principalmente a nossa geração de jovens).
Por outro lado, eu era bem nova e conhecia muito pouco sobre o processo de escrever, editar, publicar e divulgar um livro, portanto, tudo isso foi muito difícil. Hoje, enxergo muitas coisas que poderiam ter sido feitos de uma maneira melhor. O mais difícil foi o processo com a editora, que acabou não atendendo as minhas expectativas iniciais.
Hoje você tem um blog de Literatura, um curso de escrita, é Linkedin Top Voice 2019, além de autora, ou seja, uma mulher empreendedora no mundo literário. Você imaginava que um dia iria chegar aonde está hoje? O que mais te motiva nessa caminhada?
De jeito nenhum! Se alguém me perguntasse há alguns anos se eu achava que estaria onde estou hoje, com certeza diria que não. Por muito tempo eu me senti perdida, pois não me encaixava no mundo corporativo, mas também não sabia onde poderia me encaixar. Foram uns 5 anos para me encontrar e aceitar o meu caminho, que não é usual (afinal, quantos amigos escritores você tem?). Acredito que estamos em constantes transformações, portanto, precisamos estar prontos para as mudanças ao longo da vida.
Foi preciso de muito autoconhecimento e reflexões internas para entender que não há outra caminho para mim que não seja a escrita e a literatura. Apesar de todas as dificuldades (sim, elas continuam existindo rs), o que me motiva é saber que eu já sou muito mais realizada do que era anteriormente e estou trilhando um caminho que faz sentido para mim, no qual consigo dedicar tempo para produções literárias e não sou obrigada a seguir rotinas regradas de um escritório.
Aliás, quando estou em dúvida sobre as minhas escolhas, olho para os meus amigos e penso se gostaria de estar vivendo a vida deles. A resposta é sempre não. Eu não trocaria a minha vida pela deles, mesmo que a minha seja mais difícil em diversos aspectos.
O Brasil é um país com uma taxa muito baixa de leitura por pessoa, o que você acha que poderia ser feito para mudar esse cenário?
Tenho até vergonha de contar isso, mas por muito tempo eu não era apaixonada por livros como sou hoje. Quando penso sobre isso, tenho certeza de que foi por um motivo muito óbvio: por muito tempo eu não sabia o que gostava de ler.
Muita gente diz que não gosta de ler, mas na verdade acho que as pessoas não sabem escolher livros que sejam atrativos para elas. Afinal, entre milhões de livros que existem, não é possível que haja nenhum que você goste.
Quando eu estava na escola, me lembro de ser obrigada a ler obras muito difíceis por conta do vestibular. Na época, eu não era madura o suficiente para tais leituras e as obras se tornavam um fardo para mim. Acredito que situações como esta podem fazer com que as pessoas desistam da literatura e acreditem que todas as obras do mundo são chatas.
Tenho certeza do que estou falando porque hoje adoro as obras de Machado de Assis, pois tenho muito mais maturidade para tais leituras (na escola, no entanto eu não gostava). Existem vários fatores que impactam uma leitura: seu momento de vida, o gênero, o estilo de escrita etc.
Em minha opinião, as escolas e famílias deveriam ensinar as crianças desde pequenas a aprenderem a escolher leituras que elas gostem. Dessa forma, por mais que em alguns momentos acadêmicos seja necessário ler algo que não gostem tanto, se elas souberem selecionar livros com os quais se identificam, então aos poucos vão despertar a paixão pela literatura.
Além disso, acredito que muita gente usa a justificativa de que não tem tempo para ler. Isso me incomoda demais, pois todo mundo tem tempo para ficar no celular ou Netflix, então por que não conseguem ler? Simplesmente porque não querem. Acredito que poderiam existir campanhas de conscientização sobre o assunto.
Mesmo assim, no fundo sei que para tratar este problema é preciso começar desde cedo, nas famílias e nas escolas. O hábito da leitura precisa ser cultivado e incentivado desde o início da vida.
Por último, gostaria de saber um livro que marcou a sua vida, que você recomendaria para os leitores do Estante e por que.
Eu tento, mas nunca consigo dar outra resposta para esta pergunta! O livro que marcou a minha vida foi "Quando Nietzsche Chorou". Além de ter aprendido muito e me identificado com as reflexões proporcionadas, foi a obra que inspirou o meu primeiro artigo publicado na internet (no portal Obvious e que alcançou mais de 60 mil pessoas).
Foi este artigo que me deu a certeza de que as minhas palavras tinham o poder de se conectar com as pessoas, portanto, é muito marcante.
Acompanhe a Bruna nas redes sociais:
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Queria deixar aqui meu MEGA agradecimento a Bruna, por ser essa pessoa incrível, que sempre me apoia e embarca comigo em todas as ideias que tenho! Te admiro e te guardo no meu coração. Não vejo a hora de ter em mãos seu livro novo!
E a vocês, leitores, espero que tenham gostado desse bate papo incrível e nos vemos de novo na próxima sexta!
Até lá : )
Estrategista e Produtora de Conteúdo I Ghostwriter I Gestora de Projetos de Comunicação I Mentora de Escrita Criativa I LinkedIn Top Voice
4 aSofia, admiro muito seu trabalho e sua paixão pela literatura. Obrigada pelo convite, fiquei muito contente em ser a primeira entrevistada <3