Estar ocupado o tempo todo não deveria ser algo glamuroso
Conforme fui crescendo em minha carreira, comecei a perceber uma certa mudança em minhas conversas. Fosse com meus amigos, colegas ou com a família, a primeira palavra que saía de minha boca quando alguém me perguntava como eu estava era “ocupada”. Era uma palavra que eu regurgitava facilmente e ela deixava um sabor agridoce em minha boca quando passava por meus lábios.
Falar que eu andava “ocupada” fazia com que as outras pessoas soubessem que eu era muito “requisitada” ou “importante”, que eu era uma mulher constantemente a caminho de algo, pronta para transformar seus sonhos em realidade. Trabalhar por muitas horas no dia resultava em uma medalha de honra, e marcar um café com uma amiga com muita antecedência me fazia muito adulta, trabalhar se tornou uma prioridade que ultrapassou todos os aspectos de minha vida. Eu estava em uma busca desesperada para encontrar algum significado, um sentido, em apostar todas as fichas em minha carreira.
Com o tempo, dizer que eu estava ocupada foi fazendo com que eu me sentisse como se tivesse bebido um veneno: era uma desculpa para eu conversar facilmente com alguém quando me perguntavam como eu estava, e me dava permissão para reclamar da minha agenda e desmarcar compromissos pessoais loucamente. Depois de um tempo, passei a sentir como esse estilo de vida me fazia mal (óbvio, né?). Foi quando comecei a me perguntar se era normal mulheres em seus 20 e poucos anos se sentirem esgotadas após apenas poucos anos dizendo sim tudo e todos (sempre pensando no bem da tal “carreira”, claro). Aparentemente, eu não estava sozinha nisso.
Em uma sociedade onde as mulheres estão quebrando padrões por todos os lados, eu imaginava que nós teríamos começado a construir um melhor relacionamento com nossas novas ambições. No entanto, parece que criamos um mundo em que “trabalhar duro” e “estar ocupada” são sinônimos. E isso não é verdade. Minha carreira passou a ser uma ferramenta para alimentar minha autoestima, meu emprego definia minha identidade e era a única coisa relevante em minha vida.
Quando minha terapeuta pediu para que eu me definisse sem falar de trabalho, meu cérebro bugou. E foi aí que vi que havia algo errado.
É hora de parar de colocar energia em coisas que não nos servem, que não contribuem para o nosso bem-estar, uma vez que elas tomam o nosso tempo de reabastecer nossas energias – não, eu não estou falando apenas de dormir. Há outras formas de definir nossas vidas. Nós estabelecemos objetivos loucos em nossas mentes – como se tornar CEO aos 30, que tal? – e quando, não os alcançamos, nos frustramos. Nós nos esforçamos para reproduzir o sucesso que sociedade diz que temos que ter, preenchendo nossos dias com 16 horas de trabalho que nos levarão ao próximo nível e ao próximo e ao próximo… Até quando? Nós trabalhamos incansavelmente em busca de uma melhor versão nossa, mas e se essa for a nossa melhor versão?
E se ter sucesso não for sobre ter um milhão na conta, ser promovido ou ter milhares de seguidores no Instagram? E se o sucesso for mais sobre ir atrás de seus sonhos e ter tempo para seus amigos também? Por que nós não podemos ter os dois? Sinceramente, se você não consegue encontrar tempo parar ter um longo e descontraído jantar com uma amiga, ligar para sua mãe, usar suas férias para realmente descansar, ou simplesmente ir ao cinema ver um filme no fim de semana, o problema não é o seu trabalho ou o seu chefe… Talvez o problema seja você e suas escolhas.
Então, esse trabalho que te deixa constantemente ocupada não deveria definir quem você é. Sua vida não fica mais glamurosa quando você está constantemente atrás de uma tela de computador respondendo seus emails. Encha sua vida de atividades que te deixam realmente feliz. Tire férias, chame sua mãe para um almoço despretensioso, ou simplesmente fale “não” com mais frequência. Independente do que você vai escolher fazer daqui para frente – ou não fazer –, não caia na armadilha de que você tem que estar constantemente ocupado para viver uma vida de sucesso, porque a sua vida é o que você faz dela. Você e mais nada. Você e mais ninguém.
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