Estratégia, soft skills e um Presidente
Ouço tanto o mercado falar em soft skills e em inteligência emocional, mas temos um Presidente da República que não consegue ter um planejamento estratégico, definir metas, dialogar, ter empatia, combinar ações, analisar planos e dados.
Ao longo do tempo, deveriam ser estabelecidas revisões semanais do que foi combinado com ministros, governadores, autoridades da saúde e a sociedade. Ninguém quer a economia parada, mas também não quer que a pandemia se alastre. Ele terminou o pronunciamento sem dizer como pretende "proteger" os idosos e as demais pessoas de maior risco da #Covid19. Em uma visão simples, bastava acompanhar a movimentação da curva, sabendo que os casos da doença são subnotificados.
A decisão da forma de enfrentamento do surto está nas mãos de #Bolsonaro, porque ele fala para milhões e tem na mão a caneta para estabelecer as macro-orientações. Apesar de erros do PT na saúde (e dos acertos também) nenhum país do mundo tem como enfrentar este novo Coronavírus sem uma estratégia de contenção do contágio efetiva, nacional e endossada por suas principais lideranças.
Em uma de suas falas, o Presidente disse que o Brasil tem 24 habitantes por Km/2 de densidade demográfica (Censo IBGE 2010). Mas, ele esqueceu de avaliar a densidade de regiões metropolitanas: Taboão da Serra (SP), São João do Meriti (RJ), Diadema (SP), Carapicuiba (SP), Osasco (SP), São Caetano do Sul (SP), Fortaleza (CE), São Paulo (SP), só para citar algumas, que apresentam densidade demográfica entre 7 mil e 14 mil habitantes por km/2. O Brasil tem muito mais habitantes que Itália e Espanha, os atuais epicentros da Covid-19 no mundo e muito mais desigualdade social.
Talvez o que importe mesmo sejam as palavras de Roberto Justus: "Está preocupado com a vida das pessoas? Fica preocupado não com o vírus entrando na favela. Na favela não vai matar ninguém. Vai matar só velhinho e gente doente. Não tem nenhuma morte no mundo até hoje, das 12 mil, que a pessoa não tenha nenhum problema recorrente de saúde do passado. Nenhuma. como você me explica isso? Todos foram velhinhos ou diabéticos ou têm problema pulmonar (...) A pessoa saudável zero. E os pobres não são todos doentes, não". Espero que você não seja doente e nem tenha pessoas doentes ao seu lado.
Com perplexidade e sem entender os rumos que o processo seguirá, o Brasil terá mais um dia de enfrentamento ideológico na área da saúde, pois secretários da saúde, poder Legislativo e governadores se manifestarão hoje (25/03) após o pronunciamento de 24 de março.